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    Com dívidas, Portuguesa pode sofrer quarto rebaixamento em três anos

    LUIZ COSENZO
    DE SÃO PAULO

    11/09/2016 02h00 - Atualizado às 13h26

    Dívidas que ultrapassam os R$ 200 milhões, estádio que será leiloado em novembro e à beira do rebaixamento para a Série D do Brasileiro, equivalente à quarta divisão nacional. Esse é o atual cenário da Portuguesa, que tenta evitar uma mancha em sua história de 96 anos.

    E, para evitar o descenso, o clube já não depende apenas de si próprio. Precisa vencer as duas partidas que ainda restam na Série C e torcer para o Macaé não vencer na última rodada para não sofrer a sua quarta queda em menos de três anos.

    A Lusa enfrenta o Guaratinguetá neste domingo (11), às 19h30, em Osasco.

    No início da tarde do domingo, o Macaé perdeu do Juventude, de virada, e não conseguiu assegurar a permanência na terceira divisão. Ainda assim, se os cariocas vencerem o Botafogo-SP no próximo domingo (18) os paulistas estarão rebaixados.

    "É difícil montar uma equipe em dois meses e fazê-la encaixar mesmo que seja na Série C. O time está começando agora a mostrar uma cara. A situação é difícil, mas ainda acreditamos que é possível escapar do rebaixamento", disse o presidente José Luiz Ferreira de Almeida.

    Antonio Cicero
    Junior Timbo durante partida entre Portuguesa x Boa Esporte, jogo valido pelo Campeonato Brasileiro da Serie C, realizado no Estadio do Caninde, zona note de Sao Paulo. Foto: Antonio Cicero *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    Jogador da Portuguesa lamenta derrota para o Boa, no Canindé, pela Série C do Brasileiro

    Ele assumiu o cargo em abril, quando o time já vivia uma rotina de salários e direitos de imagem atrasados, jogadores sob o risco de serem despejados de apartamentos, falta de convênio médico e até de medicamentos para os atletas.

    Para aliviar a folha salarial de aproximadamente R$ 150 mil, Almeida promoveu uma grande reformulação na equipe. A maioria do time quase rebaixado para a Série A3 do Paulista foi dispensada e cerca de 20 jogadores, com salários menores, contratados.

    O gasto caiu pela metade, mas a qualidade também.

    "Eram três meses de salários atrasados e outros de direitos de imagem. Se eu não assumisse, a Portuguesa não teria presidente. Tive que remontar o time, já que o outro era fracassado. O clube estava parado e acertamos as contas", disse o dirigente, que atendeu ao pedido da comissão técnica e fechou os treinos nesta semana.

    Um dos jogadores dispensados foi o volante Boquita, 26, ex-Corinthians. "A diretoria mandou a gente embora sem explicar o motivo. Recebi uma mensagem por WhatsApp que estava sendo dispensado", disse o jogador.

    "A culpa é de quem está no comando. Não entende de futebol. Como fazer um time com uma folha salarial de menos de R$ 100 mil para disputar a Série C?", indagou o volante, que ainda aguarda um acordo com a diretoria para receber o que tem direito, assim como outros atletas, que não descartam acionar a Justiça para cobrar as dívidas.

    A história de declínio da Portuguesa começou em 2013, após a equipe ser rebaixada para a Série B depois de punida com a perda de quatro pontos pela escalação irregular do meia Héverton na última rodada do Nacional.

    Em 2014 e 2015, novos rebaixamentos para a Série C do Brasileiro e para a A2 do Paulista, respectivamente.

    "Já está no fundo do poço. A Portuguesa está no caminho da inexistência, mas estamos lutando. A vaidade é o maior veneno da Portuguesa. Tem gente aqui dentro querendo destruir o que está sendo feito", afirmou Almeida.

    Antonio Cicero/Folhapress
    Torcedores da Portuguesa acompanham jogo contra o Boa Esporte no Canindé
    Torcedores da Portuguesa acompanham jogo contra o Boa Esporte no Canindé

    CANINDÉ

    A Portuguesa também vive uma situação caótica na sua administração. Avaliado em R$ 154.296.529,68 o estádio do Canindé vai a leilão a partir do dia 7 de novembro. O valor será usado para quitar dívidas trabalhistas.

    A ação original, de 2002, é do ex-jogador Tiago de Moraes Barcellos, que cobra cerca de R$ 5 milhões. Após acordo, o clube quitou só metade do valor, o que levou o atleta a procurar outra vez a Justiça, que ordenou o leilão.

    No processo, são citados outros atletas que passaram pelo clube, como o ex-zagueiro Rogério Pinheiro, que também atuou pelo São Paulo, e o atacante Ricardo Oliveira, do Santos. Pinheiro jogou na Lusa em 2002, enquanto Oliveira ganhou projeção na equipe nos anos 2000.

    Débitos da Lusa perante a prefeitura e atrasos referentes ao IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) dos anos de 2005, 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016 também constam como dívidas no processo.

    Editoria de arte/Folhapress
    rebaixamento Lusa portuguesa

    INSTABILIDADE NA PORTUGUESA ENTRE 2014 e 2016

    3 presidentes

    - Ilídio Lico - jan.14 a mar.15

    - Jorge Manuel M. Gonçalves - abr.15 a mar.16

    - José Luiz F. de Almeida - desde abr.16

    *

    14 treinadores

    2014
    Guto Ferreira, Argel Fucks, Marcelo Veiga, Gerson Sodré, Silas, Benazzi e Zé Augusto

    2015
    Ailton Silva, Antonio Lopes dos Santos e Estevam Soares

    2016
    Estevam Soares, Ricardinho, Anderson Beraldo, Jorginho e Márcio Ribeiro

    *

    Crise técnica
    Desde o início de 2014, quase 160 jogadores atuaram pelo clube

    Crise financeira
    Avaliado em R$ 154 milhões o estádio do Canindé vai leilão em novembro. A dívida do clube já é de quase R$ 200 milhões, mas ainda pode crescer

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