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    Portuguesa tentará impedir o leilão do Canindé, diz presidente do clube

    RAPHAEL HERNANDES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE SÃO PAULO

    15/09/2016 13h37

    O presidente da Portuguesa, José Luiz Ferreira de Almeida, afirmou na manhã desta quinta-feira (15) que o clube tentará impedir o leilão de parte do terreno do Canindé, marcado para iniciar no dia 7 de novembro.

    A venda do local causa divergências no conselho do clube. Parte dos membros concorda que essa é uma boa alternativa para sanar as dívidas. O presidente faz parte do grupo que se posiciona contra os arremates e disse que a diretoria trabalha juridicamente para impedir que ele aconteça. "A Portuguesa tem que embargar".

    "Acho que ele não acontece", completou o dirigente, que também afirmou que a diretoria contratou "juristas de renome" para tentar impugnar o pregão.

    Raphael Hernandes/Folhapress
    O presidente da Portuguesa, José Luiz Ferreira de Almeida, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (15) para falar sobre o leilão da propriedade do clube no Canindé
    O presidente da Portuguesa, José Luiz Ferreira de Almeida, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (15) para falar sobre o leilão da propriedade do clube no Canindé

    Para o presidente, o dinheiro arrecadado com o terreno no Canindé não seria o suficiente para quitar a dívida de aproximadamente R$ 250 milhões.

    Almeida citou negociações com investidores como alternativas. Eles arcariam com a dívida do clube e comprariam a parte do terreno pertencente à Prefeitura de São Paulo –correspondente a cerca de 55% da área, que não integra o leilão– para transformar o espaço numa arena com shopping e hotel.

    Já o presidente do conselho deliberativo da Portuguesa, Leandro Teixeira Duarte, disse que o leilão ainda é a melhor alternativa.

    "Dadas as circunstâncias e a situação, não existe outra saída", disse à Folha. "Estou naquela de que é melhor perder um dedo para salvar o resto da mão", complementou.

    Ele destacou que a parte que está à venda é a sede social e não compreende o estádio, que é, em sua maior parte, da Prefeitura. "O que interessa para a comunidade é o futebol, não o clube social."

    De acordo com Duarte, depois da venda a diretoria deveria negociar com os credores para abrir mão de parte da dívida e receber o restante.

    Antonio Cicero/Folhapress
    Torcedores da Portuguesa acompanham jogo contra o Boa Esporte no Canindé, pela série C do Brasileiro
    Torcedores da Portuguesa acompanham jogo contra o Boa Esporte no Canindé, pela série C do Brasileiro

    LEILÃO

    Por decisão judicial, foi lançado no fim de agosto deste ano um edital para o leilão de parte do Canindé, que aconteceria a partir do dia 7 de novembro.

    O espaço leiloado é a parte pertencente ao clube e compreende piscinas, estacionamento e cerca de um terço do estádio. É avaliado em R$ 154.296.529,68 e o dinheiro arrecadado seria usado para quitar dívidas trabalhistas da Portuguesa.

    A crise no clube começou com uma ação judicial em 2002, com o ex-jogador Tiago Moraes Barcellos, que cobrava cerca de R$ 5 milhões. Após acordo, a Portuguesa quitou só metade do valor —e o jogador procurou a justiça.

    O processo cita também outros sete atletas que passaram pelo clube, débitos com a prefeitura e dívidas referentes ao IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) nos anos de 2005, 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016.

    José Luiz Ferreira de Almeida, assumiu a presidência da Portuguesa em abril deste ano. Na época, o time já vivia uma rotina de crise.

    Com o clube endividado, Almeida promoveu uma reformulação na equipe e cortou a folha salarial, então na casa dos R$ 150 mil, pela metade.

    Apu Gomes/Folhapress,
    Estádio do Canindé, que deve ser leiloado em novembro
    Estádio do Canindé, que deve ser leiloado em novembro

    Em campo, a Portuguesa acumula um rebaixamento por ano desde 2013, quando foi da Série A para a Série B do Brasileiro. Na época, o time escalou irregularmente o jogador Héverton e perdeu quatro pontos na última rodada do campeonato, o que levou à queda. Em 2014, caiu para a Série C. No ano passado, foi rebaixada para a Série A2 do Campeonato Paulista.

    Neste domingo (18), a Portuguesa enfrenta o Tombense para tentar evitar o rebaixamento para a Série D, quarta e última divisão do campeonato nacional. Esse seria o quarto rebaixamento em três anos. Além de precisar vencer, terá que secar o Macaé na partida contra o Botafogo-SP.

    INSTABILIDADE NA PORTUGUESA ENTRE 2014 E 2016

    3 presidentes

    - Ilídio Lico - jan.14 a mar.15

    - Jorge Manuel M. Gonçalves - abr.15 a mar.16

    - José Luiz F. de Almeida - desde abr.16

    *

    14 treinadores

    2014
    Guto Ferreira, Argel Fucks, Marcelo Veiga, Gerson Sodré, Silas, Benazzi e Zé Augusto

    2015
    Ailton Silva, Antonio Lopes dos Santos e Estevam Soares

    2016
    Estevam Soares, Ricardinho, Anderson Beraldo, Jorginho e Márcio Ribeiro

    *

    Crise técnica
    Desde o início de 2014, quase 160 jogadores atuaram pelo clube

    Crise financeira
    Avaliado em R$ 154 milhões o estádio do Canindé vai leilão em novembro. A dívida do clube já é de quase R$ 200 milhões, mas ainda pode crescer

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