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    Após Jogos do Rio, 30% dos cartolas deixarão confederações

    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    26/09/2016 02h00

    Patricia Stavis - 2.jul.2010/Folhapress
    SÃO PAULO, SP, BRASIL, 02-07-2010: Coaracy Nunes Filho, da Confederação de Desportos Aquáticos, durante o evento "Prêmio Empresário Amigo do Esporte", no Clube Pinheiros, em São Paulo (SP). (Foto: Patricia Stavis/Folhapress, 1538, ILUSTRADA)
    Coaracy Nunes Filho, 78, deixará o comando da CBDA após sete mandatos

    Em que pese o pedido do Ministério Público Federal por bloqueio de bens e afastamento da entidade, Coaracy Nunes, 78, deixará o comando da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) após o fim de seu sétimo mandato, em março.

    Desde 1988 à frente dela, Nunes foi acusado pela procuradoria de improbidade administrativa em processo ajuizado na quarta (21) e que ainda aguarda decisão judicial.

    Qualquer que seja a sentença, é o desfecho da trajetória do mais longevo cartola olímpico do país na atualidade.

    Na esteira da saída, o esporte nacional verá significativa rotatividade entre dirigentes das 27 principais modalidades que constaram do programa olímpico até a Rio-2016.

    Porém, em alguns casos a alternância de poder ainda terá de esperar mais um pouco.

    Levantamento feito pela Folha com todas as confederações apontou que haverá troca de comando em 30% das entidades, ao passo que 40% tentarão se manter —quatro das consultadas não responderam. Dois disseram não saber se tentarão se reeleger.

    Quatro confederações (tênis de mesa, atletismo, vôlei e tênis) já tiveram suas eleições realizadas neste ano.

    Entre elas, a de tênis foi a única a ver substituição na chefia: Rafael Westrupp ocupará o lugar de Jorge Lacerda.

    A maioria dos outros pleitos ocorrerá entre o final deste ano e o primeiro trimestre de 2017.

    Entre os que manifestaram desejo de renovar mandatos estão dois "contemporâneos" de Nunes, remanescentes da década de 1980 que devem prosseguir até Tóquio-2020: João Tomasini (canoagem) e Manoel de Oliveira (handebol).

    Virtualmente eleito, já que não deve ter oposição, Tomasini tomará de Nunes a condição de cartola mais longevo.

    Ele dirige a CBCa desde 1988, quando a confederação ainda se se chamava Associação Brasileira de Canoagem —"era eu e eu", contou.

    "Agora eu serei o decano entre os dirigentes, estou pronto para levar porrada por causa disso", disse o mandatário.

    Medida provisória sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2013 incluiu alterações na Lei Pelé e limitou a dois o número de mandatos em entidades esportivas —máximo oito anos—, sob pena de corte no recebimento de verbas federais.

    A nova lei também pretendia garantir maior transparência na gestão da movimentação de recursos financeiros, criar mecanismos de fiscalização interna mais eficazes e abrir as instituições à participação de atletas e ex-atletas.

    As confederações tiveram de adaptar estatutos para contemplar as novas regras.

    Como o texto não era retroativo, os cartolas então com mandatos em exercício possuem a chance de se reeleger. São os casos de Tomasini e outros.

    O líder da canoagem brasileira, que na Olimpíada do Rio ficou no holofote com três medalhas, conquistadas por Isaquias Queiroz e Erlon Souza, discorda da proposição.

    "Acho que deveria se poder ter, no mínimo, três mandatos [12 anos]. Essa é a minha teoria e de outros. Se sou eleito, alguma coisa estou fazendo pela modalidade", comentou.

    Para ele, a limitação afeta qualquer pretensão de dirigentes conquistarem relevância no cenário das federações internacionais de suas respectivas modalidades.

    "Com oito anos, nenhum presidente de confederação vai conseguir chegar a um cargo internacional. O país vai matar isso, a não ser que surja um fenômeno".

    Tomasini afirmou que a permanência está "ligada a competências" e que "se fosse picareta, já teria saído".

    Líder da confederação de atletismo, José Antonio Martins Fernandes, o Toninho, ingressou no cargo em 2013. Sucedeu Roberto Gesta de Melo, que à época era o cartola mais longevo —vinha desde 1987.

    Reeleito para ficar até 2020, ele afirmou que não fecha questão sobre limite de mandatos, mas avalia que oito anos pode ser pouco.

    "Doze anos seria um tempo razoavelmente bom para se implementar um trabalho, acredito", afirmou.

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