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    Ministério do Esporte suspende pagamento de contratos suspeitos

    CAMILA MATTOSO
    DE BRASÍLIA
    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    05/10/2016 02h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 17-05-2016, 15h00: O novo ministro dos esportes Leonardo Picciani durante entrevista exclusiva em seu gabinete. Atrás de sua mesa de trabalho, segue na parede o retrato da preseidente afastada Dilma Rousseff, seguindo a orientação do presidente interino Michel Temer de não retirar a foto dos gabinetes. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER) ***EXCLUSIVA***
    O ministro do Esporte Leonardo Picciani (PMDB) em entrevista exclusiva no seu gabinete

    O Ministério do Esporte decidiu suspender pagamentos a diversas empresas e entidades após uma investigação interna apontar irregularidades em contratos vigentes.

    Segundo um relatório interno do órgão, ao qual a Folha teve acesso, os acordos que tiveram os repasses prejudicados, se somados, valem R$ 219,5 milhões.

    O montante representa mais de 80% do valor envolvido nos documentos que foram analisados até agora por uma comissão de verificação de contratos criada pelo ministro Leonardo Picciani, que assumiu a pasta em maio, no governo de Michel Temer.

    Entre os problemas identificados pela comissão estão sobreposições fracionadas, quando algo que poderia ser incluído num único contrato é colocado como serviço em outro e acaba gerando um custo que, se não houvesse a cisão, não existiria.

    Foram apontados também inconsistências na definição de valores dos serviços, preços superfaturados, contratos com mesmo escopo com empresas diferentes e casos de dispensa de licitação sem que haja justificativa legal para tal procedimento.

    Após a conclusão dessa primeira fase de apuração, a auditoria pediu a extensão dos trabalhos para verificar contratos de menor valor.

    Ao todo, há 64 acordos válidos no ministério, que somam R$ 603,7 milhões. A maioria foi assinada na gestão anterior, sob às ordens do ministro George Hilton e do então secretário-executivo Ricardo Leyser.

    Segundo trecho do relatório, os acordos devem ser revistos e ajustados e, "no limite, pode-se chegar a uma possível rescisão contratual e outras medidas administrativas ou até judiciais".

    Procurado, o Ministério do Esporte confirmou que os pagamentos foram suspensos após a primeira fase de apuração, mas disse que não vai se manifestar até o fim dos trabalhos da comissão.

    Um dos contratos que estão sob análise e teve o pagamento suspenso foi o da Fundação Ezute, com sede na zona sul de São Paulo, de R$ 59,4 milhões. A instituição informou que não tem conhecimento de qualquer irregularidade e que prestará os devidos esclarecimentos se e quando necessário.

    A fundação foi contratada para prestar serviços e apoio às ações referentes aos Jogos Olímpicos e Jogos Paraolímpicos do Rio.

    A Controladoria afirma, entre outras coisas, que houve ordens de serviço emitidas pelo ministério, no exercício de 2015, antes mesmo da formalização contratual.

    OUTRO LADO

    O ex-ministro George Hilton foi procurados pela Folha, mas alegou não ter conhecimento preciso sobre o que foi achado pela comissão.

    Já Ricardo Leyser afirmou que "o ministério tem direito de revisar atos administrativos a qualquer tempo e tomar providências que julgar cabíveis junto a seus contratados". Apesar disso, ele diz ter "absoluta convicção da legalidade dos atos praticados e do bom uso dos recursos públicos".

    "Os contratos citados geraram economia comprovada de centenas de milhões de reais aos cofres públicos e todos passaram pelo crivo da área técnica do ministério e tiveram atendidas as recomendações da consultoria jurídica. Nenhum contrato foi firmado sem respaldo da consultoria jurídica e demais órgãos técnicos internos", afirmou.

    "Os questionamentos da reportagem são genéricos e, somados ao fato de não conhecermos o teor do relatório citado, nos impedem de emitir posicionamento específico sobre o tema. Essa situação reforça nossa percepção de que se trata de uma tentativa de transformar uma discussão de elementos administrativos em fator de desgaste político", concluiu.

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