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    Corrupção no futebol

    Conmebol muda regra em estatuto para permitir ausências de Del Nero

    PAULO PASSOS
    EDITOR-ADJUNTO DE 'ESPORTE'

    14/10/2016 02h00

    Lançado em setembro, o novo estatuto da Conmebol incluiu um item que abre brecha para a ausência do atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, nas reuniões do conselho executivo da entidade sul-americana, realizadas em sua maioria na sede em Assunção, no Paraguai.

    O cartola brasileiro não deixa o Brasil desde a prisão de dirigentes ligados à Fifa por autoridades americanas em maio de 2015.

    Segundo o estatuto da Conmebol, o Conselho Executivo é composto pelos presidentes das dez confederações nacionais filiadas à entidade.

    A edição do documento de regras da entidade de 2014, que era válido até o mês passado, não previa a substituição do presidente do posto.

    Havia ainda a possibilidade de punição ao dirigente que faltasse aos encontros do conselho da confederação. São realizadas pelo menos seis reuniões por ano.

    "A presença nas sessões será obrigatória e a ausência a três consecutivas ou cinco alternadas, sem causa justificada, poderá resultar na adoção de medidas disciplinares que o Comitê Executivo considera oportunas para corrigir a situação descrita", informava o texto da edição do documento de 2014.

    Na nova edição do estatuto, foi excluída a previsão de punição e incluída a possibilidade de o presidente ter um substituto em reuniões do conselho, como o comitê executivo foi rebatizado.

    Editoria de Arte/Folhapress

    "Em caso de ausência de algum dos membros, esses poderão designar a um integrante do seu comitê executivo ou conselho para que o substitua com voz, mas sem voto. Essa designação poderá realizar-se unicamente em duas reuniões por ano", informa o documento que passou a ser válido neste ano. "Em supostas exceções, o conselho resolverá sobre a modalidade da substituição", completa o texto.

    O conselho é o principal órgão administrativo da Conmebol. Ele é responsável por decisões como ditar regras dos torneios, definir datas das competições e adotar medidas disciplinares.

    OUTRO LADO

    A Folha apurou que a alteração da regra no estatuto da Conmebol, que permite a ausência e a substituição de um presidente de federação em encontros do principal órgão executivo da entidade, foi um pedido de Marco Polo Del Nero, da CBF. Responsável pela redação do documento, o assessor jurídico da Conmebol, Alejandro Maron, negou a influência do cartola.

    "Não há nenhuma norma que foi escrita por pedido de uma pessoa específica", afirmou Maron à Folha.

    "Houve uma discussão de seis meses, ampla e transparente para a elaboração do estatuto. Não houve legislação para um caso concreto", completou o dirigente.

    A CBF informou que o atual presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos, é o representante da entidade no conselho. Ele substituiu Del Nero nas reuniões desde o início do ano, antes mesmo de o novo estatuto entrar em vigor. Todas as outras confederações sul-americanas têm como representantes seus respectivos presidentes.

    No congresso extraordinário da Conmebol, no último dia 14 de setembro, em Lima, no Peru, Bastos foi anunciado como substituto de Marco Polo Del Nero.

    O texto do novo estatuto da entidade diz que o presidente, os vices e os diretores membros do Conselho da Conmebol, que totalizam dez cargos, representando as federações, "correspondem aos presidentes das associações membros da Conmebol".

    "O lugar no conselho é dos presidentes (das confederações). O texto é claro ao dizer isso. Existem casos de exceção que não estão no texto. Vai depender de quem executar", afirma Maron.

    O assessor jurídico da entidade ressalta que o estatuto não indica a possibilidade de substituição permanente de um presidente de federação no conselho.

    SEM VIAGEM

    Denunciado em dezembro de 2015 por autoridades americanas como um dos beneficiados no esquema de recebimento de propina na venda de direitos de torneios no país e no exterior, Del Nero chegou a pedir licença do cargo de presidente da CBF. Voltou à entidade em abril.

    No retorno à confederação, manteve a rotina de não viajar para fora do país. O antecessor do cartola, José Maria Marin, foi preso quando estava na Suíça, em maio de 2015.

    Del Nero afirma que não deixa o país por "segurança jurídica" e não informa se voltará a viajar para o exterior até o seu final do seu mandato na presidência, em 2018.

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