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    Campeonato Brasileiro 2016 - Série A

    Juíza decreta prisão preventiva e 31 corintianos seguem presos no Rio

    BRUNO BRAZ
    DO UOL
    DO RIO

    25/10/2016 17h44

    Reprodução/Esporte Interativo
    Policia Militar faz revista e reconhecimento de torcedores do Corinthians que estariam envolvidos em confusão no MaracanãAntes do jogo contra o Flamengo, houve enfrentamento com policiais e torcedores rubro-negros
    Policia Militar faz revista e reconhecimento de torcedores do Corinthians que estariam envolvidos em confusão no Maracanã

    Os 31 torcedores corintianos detidos durante a briga no Maracanã continuarão presos depois que a juíza Marcela Caram decretou a prisão preventiva em audiência de custódia nesta terça-feira (25), no Tribunal de Justiça no Rio de Janeiro.

    Presos em flagrante após o jogo do Maracanã no último domingo, os integrantes do grupo foram enquadrados por crimes de lesão corporal —confirmada por um laudo positivado nos PMs—, dano qualificado, provocar tumulto em locais de jogos, resistência qualificada e associação criminosa.

    Os corintianos tiveram a prisão convertida de flagrante para preventiva depois de quase três horas de audiência. O 31º torcedor envolvido, que é menor de idade, não esteve no tribunal pois foi encaminhado para a delegacia de menores e adolescentes.

    "Audiência de custódia não é para soltar pessoas indiscriminadamente, e sim para soltar quem deve ser solto e prender quem deve ser preso. Eu entendi que, neste caso, pela violência empregada contra a polícia e resistência, havia necessidade de manutenção e da conversão em preventiva" explicou a juíza Marcela Caran.

    Entre os 31 torcedores, um deles já havia sido preso por tráfico de drogas: Jamaury Mauri Ribeiro. Já Fabio Barbosa Tomé, que tem câncer de pele, receberá tratamento e medicamentos na prisão.

    Na defesa, 17 dos torcedores alegaram que foram agredidos por policiais. Um deles, Vitor Hugo Souza mostrou marcas de agressões após um pedido do advogado de defesa para tirar a camisa.

    Para justificar a conversão da prisão, a Justiça cita o depoimento do policial Ederson da Silva Maia, que diz ter apanhado do bando. Ele identificou os 31 e descreveu os atos de dano ao patrimônio que eles teriam cometido.

    A versão dele é corroborada, diz a Justiça, pela testemunha Eduardo Campos Lafayette Silva e pelas vítimas Wagner de Souza Costa, Rafael da Silva Rodrigues e Anderson de Souza Telles.

    Para a Justiça, a prisão se justifica porque a violência foi cometida contra um policial e em grupo, "covardemente".

    A decisão diz também que o fato de eles serem de outro estado poderia colocar em risco a instrução criminal.

    A defesa dos acusados não foi localizada até a publicação deste texto.

    Os torcedores presos dormirão em celas separadas em Bangu. Os torcedores que relataram terem sofrido agressões de policiais serão encaminhados ao IML (Instituto Médico Legal) para exame de corpo de delito. Muitos choraram após a decisão da juíza.

    Veja vídeo

    PEDIDO DE HABEAS CORPUS

    O advogado de defesa de um dos presos, Rafael Faria, disse que entrará ainda nesta terça-feira (25) com um pedido de habeas corpus. "Vamos entrar com o habeas corpus ainda hoje no plantão judicial, uma vez que a decisão de custódia não obedeceu a princípios e garantias do processo penal", disse o advogado, que tem Edson Rodrigues como cliente.

    "O meu cliente nem sequer estava no estádio no momento da agressão. A defesa acredita que a Justiça não teve pulso firme ao não individualizar as condutas de todos os torcedores. A Policia Militar também cometeu arbitrariedades. Muitos foram lesionados, temos imagens e fotos. Deve-se investigar as lesões dos policiais, mas também dos torcedores", disse.

    A juíza contesta a alegação. "Neste tipo de ação quase generalizada é difícil dizer que fulano deu um soco em qual das vítimas. A sustentação dos advogados é no sentido de falta de individualização, mas os policiais narraram e apontaram para cada um dos custodiados dizendo qual agressão eles tinham praticado. É óbvio que é de uma forma mais superficial", explicou.

    Ricardo Borges/Folhapress
    RIO DE JANEIRO, RJ. 23.10.2016: FLAMENGO-CORINTHIANS - Torcedores do Corinthians tentam derrubar grade de divisão das torcidas antes da partida Flamengo x Corinthians pelo Campeonato Brasileiro série A 2016 no estádio Maracanã, Rio de Janeiro. (Foto: Ricardo Borges/Folhapress
    Torcedores do Corinthians entram em confronto com policiais no Maracanã

    A AUDIÊNCIA

    Depois de dormirem na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Bangu, os 31 corintianos chegaram ao Tribunal de Justiça por volta das 8h40 (de Brasília) desta terça-feira e passaram por perícia. Na sequência, eles foram entrevistados por defensores públicos.

    A audiência teve início às 11h15 (de Brasília). A juíza Marcela Caram fez uma série de questionamentos que permitiram traçar um perfil dos torcedores. Os salários variavam de R$ 1000 a R$ 2500 e a maioria cursou até o ensino médio e tem filhos.

    O clima tenso na audiência só foi quebrado quando a juíza questionou um torcedor sobre o apelido, que era "Ce tá loko". Marcela Caram perguntou se o apelido era o mesmo de "você está maluco", o que gerou risos entre os demais.

    Muitos dos custodiados estavam com a mesma roupa do dia do jogo e apresentavam sinais de cansaço e de falta de banho. Havia membros das organizadas Gaviões da Fiel, Camisa 12, Coringão Chope e Estopim da Fiel.

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