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    Em Santos, Carlos Alberto escalava time e virou zagueiro

    KLAUS RICHMOND
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE SANTOS

    26/10/2016 02h00

    Com 21 anos, Carlos Alberto Torres chegou ao já consolidado Santos de Pelé, que havia conquistado o pentacampeonato brasileiro, entre 1961 e 1965, além de dois Mundiais, em 1962 e 1963. De cara, não virou capitão, mas mostrou que assumiria a função em questão de tempo.

    Antes de desembarcar em Santos, já exigiu a contratação de um jogador: o ex-ponta Abel Verônico, que era seu carrasco no Rio, defendendo o América-RJ.

    "Antes de vir, ele disse aos diretores: 'Não quero mais encontrar esse Abel pela frente'. Viemos na mesma época, chegamos juntos no mesmo avião", lembra o ex-ponta.

    Além de vitórias e títulos, a passagem teve lá seus percalços: atrasos e até algumas faltas em treinamentos.

    "Em 74, tínhamos um jogo difícil. Ele não apareceu na segunda, nem na terça ou na quarta para treinar. Aí na quinta ele surgiu, então chamei o Tim [treinador na época] e disse: 'O Carlinhos chegou e disse que está pronto para jogar. Multo ele?'. Ele me responde: 'Vamos esquecer isso, melhor ele jogar'. Assim foi e ele arrebentou. Acabado o jogo, ainda estava com um cigarrinho na boca", lembra o ex-ponta Pepe, que era auxiliar-técnico na época.

    O período em Santos foi marcado pelo segundo casamento, com a atriz Terezinha Sodré, nome muito conhecido da televisão brasileira, com quem ficou por 17 anos. Ainda teve sua terceira mulher, Graça.

    Em campo, Torres mudou de posição na passagem santista. A pedido de Pepe, o lateral virou zagueiro.

    Os ex-colegas entregam que o capitão tinha influência nas escalações do time.

    "Em um jogo contra a Ferroviária, em 1969, eu não estava bem. Ele falava para eu ir para cima, mas voltava a bola. Uma hora não aguentei e soltei um palavrão para ele, que me disse dentro de campo que eu iria sair. No próximo jogo, estava fora", relembra Manoel Maria, aos risos.

    O ex-volante Clodoaldo Tavares Santana vivenciou situação semelhante, mas para entrar no time, ainda com 16 anos. "Ele apertou o técnico e não sossegou enquanto não me escalou. Diziam que era cedo, que tinha só 16, mas ele queria. No fim, ainda ficamos 90 dias juntos dividindo quarto na concentração da seleção em 70".

    Torres frequentava muito a pensão de Dona Georgina, onde Pelé morou junto com Dorval e Coutinho. Carioca, gostava de ir à praia.

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