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    Após mau desempenho nos Jogos do Rio, judô masculino renova seleção

    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    28/10/2016 02h00

    Rafal Burza
    Rita Reis - Lincoln Neves - Leo Goncalves - Daniel Cargnin - Camila Nogueira Foto: Rafal Burza ****MATERIA JUDO**** ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Rita Reis, Lincoln Neves, Leo Gonçalves, Daniel Cargnin e Camila Nogueira no Mundial sub-21

    O mau resultado na Rio-2016 foi apenas o desfecho para um ciclo olímpico muito aquém das expectativas.

    Enquanto as mulheres tiveram em Rafaela Silva a segunda campeã consecutiva em Jogos Olímpicos e conquistaram um bronze com Mayra Aguiar -além de dois quintos lugares-, os homens só foram a um pódio, com o peso-pesado Rafael Silva.

    Nem a terceira posição dele amenizou o fato de que o judô masculino teve sua pior participação em Jogos em 32 anos, desde a Olímpíada de Los Angeles, 1984.

    O desempenho fez soar um alerta na CBJ (Confederação Brasileira de Judô), que quer intensificar um projeto para renovar a seleção masculina e resgatar o prestígio e os resultados da equipe, outrora carro-chefe da modalidade.

    Das 22 medalhas que o judô nacional obteve nos tatames olímpicos, 17 vieram com representantes homens.

    Segundo o gestor de alto rendimento da entidade, Ney Wilson, a intenção é aproveitar a nova safra de judocas brasileiros, que somou 11 medalhas em Campeonatos Mundiais sub-18 e sub-21, entre 2013 e 2015, e integrá-la ao time adulto da confederação.

    "Queremos acelerar o processo de amadurecimento desses atletas jovens", disse.

    EM QUEDA - Judô masculino teve no Rio pior desempenho em três décadas

    MEA-CULPA

    Wilson fez um mea-culpa em relação ao processo de formação da seleção masculina titular nos últimos anos. A definição seguia um roteiro: sempre era feita com base em seletivas nacionais. Quem as vencia, desfrutava do investimento da CBJ, viajava, competia e tinha acompanhamento especial.

    "Quem perdia ficava fora dessa zona de investimento e, aí, caía no limbo", contou. "A tendência era os mais experientes conseguirem as vagas e os jovens demorarem a conseguir lugar na seleção."

    Segundo o gestor, a própria escalação que competiu no Rio padeceu com isso. Nas sete categorias, foram quatro estreantes em Olimpíada (Charles Chibana, Alex Pombo, Victor Penalber e Rafael Buzacarini), que levaram anos para chegar à seleção e usufruir do suporte da CBJ.

    "Nós precisamos reverter esse quadro. Se tivéssemos identificado o Chibana antes, por exemplo, e não esperado ele chegar à seleção, a história dele no Rio poderia ter sido diferente", comentou.

    A solução que a CBJ quer implementar neste ciclo é conceder aos jovens judocas, mesmo os derrotados em seletivas, as mesmas condições dos selecionados.

    "Não queremos que os atletas fiquem alijados da equipe. E também não queremos deixar ninguém na zona de conforto", disse Wilson.

    O projeto iniciado em 2014, e cujo nome é "Ohayo" -bom dia em japonês-, também contempla o time feminino. Porém, o foco é totalmente voltado aos homens.

    A estratégia já foi posta em prática. Um grupo de jovens foi enviado para disputar os Abertos de Tallin, na Estônia, e de Glasgow, na Escócia, que contam pontos para o ranking mundial, que classifica para os Jogos de Tóquio-2020.

    O gaúcho Daniel Cargnin, 18 anos, promessa do peso meio-leve (até 66 kg), levou o ouro na Estônia. Além dele, destaca-se o paulista Rafael Macedo, 22, campeão mundial júnior em 2014. Ele foi escalado para lutar o
    Grand Slam de Abu Dhabi, um dos principais do mundo, neste fim de semana.

    Também deve competir no Grand Slam de Tóquio, considerado um dos mais fortes do mundo, em dezembro. Além de torneios, os judocas desta nova safra também já fazem treinamentos de campo no exterior, o que não ocorria anteriormente.

    "Se um atleta está no foco, vamos apoiar, independentemente do resultado atual. Queremos ver a construção desse resultado", disse Marcelo Theotônio, responsável pelas categorias de base da seleção de judô.

    Por ora, a verba para tocar o projeto vem de parte do que já era previsto para a base e de outra que foi remanejada do alto rendimento. A partir de 2017, segundo Ney Wilson, a ideia é que a iniciativa com os jovens tenha um orçamento independente da entidade. "Queremos que os judocas cheguem mais cascudos", afirma o dirigente.

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