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    Andy Murray vira número um do mundo após desistência de adversário

    DO UOL

    05/11/2016 14h39

    Gonzalo Fuentes/Reuters
    Tennis - Paris Masters tennis tournament men's singles semifinals - Milos Raonic of Canada v Andy Murray of Britain - Paris, France - 5/11/2016 - Murray warms up after Raonic withdraws. REUTERS/Gonzalo Fuentes ORG XMIT: GFM23
    Andy Murray, novo número um do mundo no tênis, após a desistência de Milos Raonic

    Andy Murray não precisou nem entrar em quadra para se tornar o número um do circuito mundial de tênis neste sábado (5). O adversário, Milos Raonic, desistiu e ele garantiu lugar na final do Master 1000 de Paris, obtendo os pontos para se tornar o líder do ranking.

    Murray conseguiu o improvável em 2016, superar o sérvio Novak Djokovic, que sobrou nas duas últimas temporadas. Até Roland Garros a rotina foi de vitórias para o ex-número um, que parecia ter uma marcha a mais do que o restante do circuito. Faltava apenas vencer o Grand Slam do saibro, o que ocorreu neste ano. Mas ao invés de tranquilidade, o título gerou perda de foco.

    Alheio a tudo isso, Murray engrenou no circuito e agora ostenta uma série de 20 vitórias consecutivas. A partir de Roland Garros, Murray enfileirou cinco títulos, incluindo as Olimpíadas do Rio de Janeiro e Wimbledon.

    A virada veio com o escocês mantendo as características de seu jogo que incluem uma devolução muito boa, saque eficiente, sólido jogo de fundo de quadra com golpes de qualidade no forehand e backhand e um preparo físico invejável. A liderança do ranking também coroa a reedição da parceria com Ivan Lendl. Com ele como técnico, o atleta obteve o primeiro Grand Slam da carreira no US Open de 2012.

    Depois de um período separados, a dupla se reencontrou neste ano e os resultados apareceram. O treinador tem êxito porque consegue fortalecer a parte mental de Murray. Desde que apareceu no circuito, ele é considerado um talento. Ainda assim, penou para conseguir o primeiro título de Grand Slam.

    O jogador criou fama como um jogador sem sangue nas veias e que reclamava demais de si, dando a entender que era o maior adversário dele mesmo. A postura defensiva em muitas ocasiões também gerava críticas por não tentar bolas vencedoras e preferir ganhar no erro do adversário. Desta forma, jogava um tênis menos vistoso e passava mais tempo em quadra.

    DERROTA E IMAGEM

    Murray começou a cativar o público britânico quando perdeu a final de Wimbledon para Roger Federer em 2012. Um atleta do país que inventou o tênis não ganhava o torneio mais tradicional do mundo havia 76 anos. A esperança morreu na praia naquela ocasião e Murray mostrou o tamanho da dor no discurso da cerimônia de entrega de troféus. Emocionado, fez longas pausas para recuperar o fôlego, conter as lágrimas e não chorar copiosamente. A mãe assista da tribuna com a expressão de coração partido.

    A cena num esporte que costuma não demonstrar as emoções conquistou o público que se emocionou junto. No ano seguinte, ele finalmente conseguiu acabar com o jejum depois de 77 anos de seca. Agora, ele se tornou o primeiro britânico a liderar o ranking mundial de tênis.

    Murray também se destaca por assumir posições. Enquanto Djokovic precisou dar explicações por dizer que os homens deveriam receber maior premiação do que as mulheres, o escocês defendeu valores iguais. Ele ainda defendeu a independência da Escócia em relação ao Reino Unido e fez questão de usar "kilt" no casamento.

    Na cerimônia, nada de fazer social com o restante do circuito. A lista de convidados não tinha nenhum integrante do do Big Four - Federer, Nadal e Djokovic. O casamento parou a pequena Dunblane, cidade natal do tenista que tem cerca de 10 mil habitantes. As vitrines das lojas foram enfeitadas com mensagens de felicitações ao casal.

    MASSACRE NA ESCOLA

    Durante a infância, Murray passou por um episódio traumático, o massacre de Dunblane. Em 1996, um ex-chefe de escoteiros invadiu o ginásio da escola primária da cidade e matou 16 crianças e um professor antes de cometer suicídio.

    Murray e a turma dele estavam caminhando em direção ao ginásio quando os disparos começaram. Os professores agiram rápido, fizeram o caminho inverso e buscaram refúgio. O massacre chocou o Reino Unido e provocou uma alteração drástica da lei de porte de arma no país. Com raras exceções, é proibido britânicos portarem ou manterem armas de fogo em casa.

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