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    Novo diretor da ABCD teve 'falhas sérias' no antidoping da Rio-2016

    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    20/11/2016 02h00

    Recentemente nomeado diretor de operações da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem), Alexandre Velly Nunes foi um dos chefes do departamento antidoping da Rio-2016.

    No papel, Nunes ocupava o cargo de especialista no planejamento regional, mas, na prática, tinha mais poder.

    Ele é homem de confiança do médico Eduardo de Rose, que foi gerente-geral da área de antidoping da Olimpíada.

    Relatório de observadores independentes da Wada (Agência Mundial Antidoping), divulgado no dia 27 de outubro, apontou "falhas sérias" nos procedimentos adotados durante o megaevento.

    Segundo o documento, diversos atletas escolhidos para fazerem os exames "simplesmente não puderam ser encontrados" e "mais de 50% dos testes foram abortados".

    De acordo com a Wada, houve falta de coordenação na equipe encarregada de dirigir o departamento antidoping dos Jogos.

    Além dos problemas apontados pelos observadores, um oficial de controle de dopagem ouvido pela Folha, que pediu anonimato, relatou outros problemas.

    Voluntários seriam responsáveis por conduzir os atletas da área de competição ao local do antidoping, mas a maciça maioria não recebeu treinamento adequado. Muitos deixaram o evento, o que gerou lacuna na posição.

    Oficiais brasileiros de controle, estes sim remunerados, tiveram de atuar nessa função para assegurar a realização dos testes.

    A situação irritou estrangeiros. Alguns especialistas, principalmente ingleses, simplesmente desistiram de trabalhar no evento e voltaram para seus países, o que dificultou os procedimentos.

    Os muitos entreveros fizeram com que Rafael Trindade, responsável pelos controles nas sedes do futebol, pedisse demissão da organização antes do início dos Jogos.

    Antes de serem registrados em carteira, Nunes e De Rose foram pagos em nome das empresas No Doping e Medsport, respectivamente.

    Por meio de sua assessoria de imprensa, o Comitê Rio 2016 afirmou que a comissão médica do COI (Comitê Olímpico Internacional) avaliou positivamente antidoping na Olimpíada e que, dentro dos problemas de descredenciamento, ele foi relativamente bem-sucedido.

    EXCLUSÃO

    Após ter sido alvo de questionamentos insistentes da Wada, o Brasil acabou descredenciado na tarde deste domingo (20). A agência disse, no mês passado, que o país poderia ser declarado fora dos padrões de conformidade com o Código Mundial Antidoping. As autoridades brasileiras tiveram até a sexta-feira (10) para apresentar soluções para as indagações da agência.

    A decisão foi tomada em reunião do conselho de fundadores da Wada e foi anunciada através da conta oficial da organização no Twitter.

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