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Rogério Sampaio, secretário nacional da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem |
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Esporte
Wednesday, 27-Nov-2024 00:42:29 -03Brasil é descredenciado pela Agência Mundial Antidoping
DE SÃO PAULO
20/11/2016 15h45 - Atualizado às 12h00
Em reunião de seu conselho de fundadores, neste domingo (20), a Wada (Agência Mundial Antidoping) decidiu retirar o credenciamento da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem).
Por meio de sua conta no Twitter, a agência internacional anunciou que o Brasil está fora dos padrões de conformidade com o Código Mundial Antidoping.
A perda do reconhecimento da entidade internacional se deve principalmente à demora para o Brasil colocar em funcionamento seu Tribunal de JAD (Justiça Desportiva Antidopagem).
O órgão autônomo seria responsável por julgar todos os casos de doping do país. Hoje, esse trabalho é realizado por tribunais das federações nacionais, o que, segundo a Wada, pode criar empecilhos para o correto julgamento de casos de doping.
O secretário nacional da ABCD, Rogério Sampaio, viajou a Glasgow na última quinta-feira (17) para participar da reunião do Conselho de Fundação da Wada e tentar evitar o descredenciamento da autoridade brasileira, mas não teve sucesso.
Na prática, a suspensão faz com que os exames contra dopagem feitos no país percam a validade internacional. Caso o Brasil sedie alguma competição esportiva envolvendo outras nações, teria que mandar os exames para serem avaliados no exterior.
A Wada deve fazer nesta segunda-feira (21) o anúncio oficial sobre a perda de credenciamento do Brasil.
Paralelamente a isso, a agência deve estabelecer uma série de medidas que o país deverá tomar para recuperar o credenciamento.
Em nota, o Ministério do Esporte, a quem a ABCD está subordinada, afirmou que respeita a autonomia da Wada, mas discorda "integralmente" da decisão.
"Temos adotado todos os procedimentos sugeridos pela Wada, a quem mantemos informada dos passos que havemos dado", diz a nota (leia íntegra abaixo), que ressalta que os cronogramas da ABCD foram apresentados para a agência antidoping em outubro. Além disso, elogia os trabalhos realizados no Rio de Janeiro durante os Jogos e afirma que o processo de instalação do Tribunal de JAD já está em andamento.
AVISOS PRÉVIOS
Neste domingo (21), a Folha publicou reportagem a respeito da nomeação de pessoas ligadas a confederações esportivas e empresas privadas pela ABCD –o que a Wada oficialmente condena. Em seu código mundial, expressa que é papel e responsabilidade das agências nacionais "ser independente em suas decisões operacionais e atividades".
Na última quinta (17), um relatório sobre métodos de controle antidoping na Rio-2016 foi divulgado pela Wada apontando "falhas sérias" nos procedimentos adotados durante o evento.
Em junho, a Wada já havia comunicado que o LBCD (Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem), encarregado de processar análises nos Jogos do Rio-2016, estava suspenso provisoriamente por seis meses. Era o único laboratório do país com certificação da agência mundial.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
Por que o Brasil foi descredenciado?
O principal motivo foi a demora para o país colocar em funcionamento seu Tribunal de JAD (Justiça Desportiva Antidopagem). Além disso, a Wada apontou que o Brasil está fora de conformidade com seu Código Mundial Antidoping; pessoas ligadas a empresas e a confederações esportivas foram nomeadas para cargos na ABCD, o que vai contra as regras tanto da entidade internacional quanto da brasileira, por exemploO que muda para o Brasil?
Exames contra dopagem feitos no país perdem a validade internacional. Caso o Brasil sedie alguma competição esportiva envolvendo outras nações, terá que mandar os exames para serem avaliados no exteriorO que pode acontecer?
Em uma situação extrema, caso o descredenciamento perdure, a participação de atletas brasileiros em competições internacionais pode ser contestada, a exemplo do
que aconteceu com a RússiaO Brasil vai ficar fora dos Jogos de Tóquio-2020?
A princípio, a participação não é afetada. No entanto, vale lembrar que o caso da Rússia também começou com um descredenciamentoVAI E VÉM
ABCD tem problemas desde 2013Junho de 2011
ABCD é criada. Marco Aurelio Klein é nomeado secretário geralAgosto de 2013
Ladetec, laboratório então responsável por exames antidoping no Brasil, é suspenso pela Wada por não estar de acordo com seus padrões de qualidadeMarço de 2014
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Ainda sem laboratório credenciado, exames feitos durante a Copa do Mundo do Brasil foram encaminhados para Lausanne, na SuíçaMaio de 2015
Governo investe mais de R$ 180 mi para criar o LBCD (Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem), e consegue nova credencial da WadaJunho de 2016
LBCD é suspenso por seis meses pela agência internacional por não estar em conformidade com o padrão de laboratóriosJulho de 2016
Rogério Sampaio assume a ABCD e preenche dois cargos-chave com um empresário e com um cartola, o que contraria normas da Wada e da entidade brasileiraJulho de 2016
Wada retira suspensão do LBCD a tempo do laboratório ser usado nos Jogos Olímpicos do RioNovembro de 2016
ABCD é descredenciada pela WadaLEIA NA ÍNTEGRA A NOTA DO MINISTÉRIO DO ESPORTE
"O Brasil tomou conhecimento neste domingo, dia 20, da decisão da Wada de declarar o país em não conformidade com o Código Mundial Antidoping. Embora respeitemos a autonomia da Agência Mundial Antidoping, discordamos integralmente dessa decisão. Temos adotado todos os procedimentos sugeridos pela Wada, a quem mantemos informada dos passos que havemos dado. Em outubro, por exemplo, o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, e o secretário nacional da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), Rogério Sampaio, estiveram na sede da agência internacional, em Montreal (Canadá), e detalharam o cronograma que está sendo seguido para a instalação do Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem.
O Brasil se preparou muito bem para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos realizados no Rio de Janeiro neste ano. O evento foi elogiado pelo mundo inteiro. Cumprimos todos os compromissos assumidos, como, por exemplo, reequipar o Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem para que pudesse ser utilizado –como foi– durante os Jogos. Em março, uma portaria publicada no Diário Oficial da União instituiu o Código Brasileiro Antidopagem, outra exigência da Wada, e, em 29 de julho foi sancionada a Lei 13.322/2016, que prevê a instalação do Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem.
Logo após a sanção da Lei, o país sediou as Olimpíadas as e Paralimpíadas, entre agosto e setembro. Passado esse período, houve indicação dos membros que vão integrar o Tribunal. A aprovação dos nomes, como prevê a legislação brasileira, deve se dar pelo Conselho Nacional de Esportes. Reunião para essa finalidade está agendada para o dia 28 deste mês."
Uma vez sancionados os nomes escolhidos, o Tribunal será instalado em fevereiro do ano que vem. Isso se dá por uma questão legal. O Brasil tem leis próprias que devem ser respeitadas por entidades internacionais que, às vezes, trabalham com prazos próprios sem atinar para a ordem jurídica dos países. A lei que criou o Tribunal é deste ano e, portanto, a instalação desse órgão não poderia se dar ainda em 2016 porque não havia previsão no Orçamento, que, como todos sabem, é aprovado no ano anterior. Para 2017, já há previsão orçamentária para a instalação do Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem.
Lastimamos profundamente a decisão da Wada e esperamos que essa medida seja revertida o mais brevemente possível e que a agência internacional trabalhe em conjunto com o Brasil para evitarmos incidentes prejudiciais à prática honesta do esporte, como ocorrido recentemente.
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