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    Novo presidente do Palmeiras ouve apelo de aliados por austeridade

    GUILHERME SETO
    DE SÃO PAULO

    25/11/2016 02h00 - Atualizado às 14h08

    Leonardo Benassatto/Futura Press/Folhapress
    SÃO PAULO,SP,07.11.2016:EX-JOGADOR-DUDU-GANHA-BUSTO-HOMENAGEM-PALMEIRAS - O vice-presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte durante inauguração do busto do ex-jogador Olegário Tolói de Oliveira, mais conhecido como Dudu, na sede social do Palmeiras, na Barra Funda, região oeste de São Paulo, SP, nesta segunda-feira (7). O ex-jogador é o sexto atleta eternizado pelo clube com um busto no Palestra Itália. (Foto: Leonardo Benassatto/Futura Press/Folhapress) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    O futuro presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte

    Neste sábado (26), os associados e conselheiros do Palmeiras devem confirmar Mauricio Precivalle Galiotte, 47, como o 39º presidente da história do clube.

    Atual primeiro vice-presidente e candidato único, ele precisa apenas de maioria simples na eleição, ou seja, a metade mais um dos eleitores presentes. Nove mil pessoas estão aptas para votar.

    Primeiro candidato único à presidência do clube desde 1999, quando Mustafá Contursi foi reeleito para seu quarto mandato, Galiotte é visto como um "pacificador". Tem habilidades diplomáticas que podem vir a calhar no novo momento político que se avizinha no Palmeiras.

    No seu segundo mandato, o atual presidente Paulo Nobre trouxe jogadores renomados e teve gastos vultosos com contratações, sendo que boa parte deles só pôde ser viabilizado devido ao empréstimo de mais de R$ 150 milhões que fez ao clube.

    Dessa forma, levou o time à conquista da Copa do Brasil em 2015 e pode garantir o título do Brasileiro neste domingo (27). Por outro lado, há quem o critique pelos gastos.

    Mustafá, que permanece como a maior força política do clube, pede maior austeridade a Galiotte.

    "Espero que seja um mandato de recuperação financeira. Rolamos a dívida com esforço pessoal do Paulo Nobre, mas continuamos em situação complicada e espero que o Maurício tenha austeridade na administração", disse o cartola à Folha.

    Como vice de Nobre, Galiotte era o encarregado de manejar as turbulentas relações com a patrocinadora Crefisa.

    No auge da mais grave das crises, em abril, quando o técnico Cuca usou um colete sobre a camisa do Palmeiras, escondendo o nome da patrocinadora, ele teve papel fundamental. Os donos da empresa, Leila Pereira e José Lamacchia, pararam de pagar as parcelas de patrocínio (R$ 66 milhões por ano) e não queriam conversar com o presidente, que por sua vez também não fez esforço para retomar o contato.

    Segundo participantes das tratativas, o patrocínio só não foi perdido devido à habilidade de Galiotte de agradar as partes para reaproximá-las.

    O novo presidente era querido pelo "casal Crefisa" antes mesmo de ser o responsável pelos "panos quentes".

    Galiotte tem excelente relação com o ex-presidente do clube Mustafá Contursi, que por sua vez é amigo de Lamacchia e sua mulher, que deverá se eleger conselheira do clube em fevereiro.

    As seguidas reuniões de pacificação entre clube e patrocinador aconteceram no escritório de Contursi, com a participação do ex-presidente, os Lamacchias e Galiotte.

    Do lado da outra parceira do clube, a construtora WTorre, a situação é semelhante à da Crefisa. A saída de Nobre é vista com bons olhos pela direção da empresa, já que sua postura foi vista como "intransigente" em conversas com a empresa no período. A empresa cogitou registrar um boletim de ocorrência após Nobre expulsar um flamenguista dos camarotes do Allianz Parque em setembro.

    Novamente, prevalece na WTorre a impressão de que Galiotte foi a via de acesso mais razoável à gestão palmeirense nos últimos anos.

    Líder de grande número de conselheiros do Palmeiras (cerca de 90 de um total de 300 que compõem o conselho), Contursi teve papel importante na indicação de Galiotte à presidência.

    O concorrente à indicação de Nobre, o segundo vice-presidente Genaro Marino, foi diretor de futebol durante a gestão de Affonso Della Monica (2005-2008). Contursi o descreve como "bom coadjuvante", ressaltando que foi diretor social do Palmeiras durante sua gestão.

    Galiotte também foi diretor social entre 2009 e 2010. Uma das pautas históricas de Contursi e seu grupo é a sede social, e Galiotte já garantiu que dará especial atenção ao tema. Nobre procurou Contursi para ter uma avaliação sobre o candidato que já planejava lançar, e teve resposta positiva.

    No possível "cabo de guerra" que se instalará ao longo do período entre as lideranças que sustentam Galiotte, Leila Pereira, da Crefisa, será uma força de Mustafá.

    Com grande influência financeira sobre o clube, ela será lançada pela chapa do ex-presidente.

    O carisma de Galiotte se estende aos adversários políticos tradicionais. A chapa "União Verde e Branca", a principal entre as opositoras de Nobre, não lançou candidato e aprovou publicamente o nome de Galiotte.

    "Entendemos claramente que Galiotte é diferente de Paulo Nobre. É muito mais receptivo a ideias e sugestões", disseram em nota.

    Rompida com Nobre, a principal organizada do clube, a Mancha Alvi Verde, tem entendimento parecido.

    "Ele deve valorizar mais o torcedor. O Nobre afastou todos os tipos de torcedores, não só os de organizada. Ele tenta elitizar o clube, deixar só quem tem dinheiro se aproximar do estádio. O Galiotte é agregador, anda na rua, para para conversar", analisa Nando Nigro, presidente da organizada.

    "O Mauricio vai fazer uma gestão de continuidade. O relacionamento entre os dois grupos [mustafistas e nobristas], que formam o 'grupão' que me deu sustentação política, também sustentará o Mauricio", diz Nobre.

    EMPRESÁRIO

    Galiotte tem um perfil profissional mais tradicional que o de Nobre, membro de família riquíssima e investidor financeiro.

    Nascido em São Paulo, é formado em administração de empresas pela PUC com pós-graduação em marketing pela Faap. Atualmente é proprietário de uma fábrica de chaves e fechaduras em Barueri, na Grande São Paulo.

    Fundada em 1948, a empresa de grande porte tem galpão de 2.500 metros quadrados e capital social de mais de R$ 13 milhões.

    Sócio do Palmeiras desde 1978, defendeu o clube nas categorias de base do futebol e do futsal entre 1979 e 1987. Em 2001, iniciou sua trajetória política ao ser eleito como suplente do Conselho Deliberativo. Em 2004, na gestão de Mustafá, foi escolhido como conselheiro efetivo.

    Entre 2007 e 2008, foi diretor de esportes amadores na gestão de Della Monica. Já sob a presidência de Luiz Gonzaga Belluzzo, nos dois anos seguintes, foi diretor social.

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