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    Liga de vôlei fica sem antidoping com descredenciamento do Brasil

    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    27/11/2016 02h00

    Thiago Ribeiro/FramePhoto/Folhapress
    Anne (d), do Rexona, durante a partida contra o Fluminense, pela Superliga feminina de vôlei, no Clube Hebraica Rio, nas Laranjeiras
    Rexona enfrenta o Fluminense pela Superliga feminina de vôlei, no Rio

    O vácuo criado no controle antidoping nacional desde que a ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) foi descredenciada no último domingo (20) já afeta ligas esportivas.

    A agência, que atua como secretaria atrelada ao Ministério do Esporte, é a única autoridade de testes e planejamento de controles em todo o território nacional, mas está impedida de
    realizá-los em razão de sanção da Wada (Agência Mundial Antidoping).

    Os reflexos têm sido sentidos de diversas maneiras.

    A Superliga de vôlei, principal campeonato do mais vencedor esporte olímpico do Brasil, está com a temporada em plena disputa sem exames nas disputas masculina e feminina.

    Os controles de substâncias ilícitas do campeonato não ocorrem em todos as partidas, mas são frequentes. A ABCD os realizava por amostragem.

    Agora, está tudo em suspenso. "A Confederação Brasileira de Voleibol aguarda a comunicação da ABCD dos procedimentos futuros para providências, se necessárias", disse a CBV, em nota.

    O Código Brasileiro Antidopagem, estabelecido em lei federal neste ano e que estabelece o padrão para procedimentos de controle no país, não tem orientação para o caso de invalidação do status da ABCD, como aconteceu.

    "Estamos aguardando seu posicionamento a respeito [da ABCD]. Uma vez descredenciada, os testes não podem ser feitos, mas a CBV reafirma sua posição de defesa intransigente contra o doping e reafirma que aguarda comunicação a respeito para cumprir o que for determinado", prosseguiu a confederação.

    Outra liga de grande porte, o NBB, não parou de fazer testes antidoping em algumas de suas partidas porque já tinha uma permissão em vigor, dada pela ABCD.

    A Liga Nacional de Basquete, que o promove, afirmou que tem um médico responsável por coordenar quando e onde os testes serão realizados -assim como a Superliga, não há controles em todas as partidas; eles se intensificam só nos playoffs.

    "Temos dotação orçamentária própria para fazer exames", afirmou Paulo Bassul, gerente-técnico da LNB.

    O problema está no custo do processo. Como a sanção da Wada à ABCD também deve se estender ao LBCD (Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem), que é o único do país com certificação internacional, os testes do basquete terão de ser processados no exterior.

    "Vamos mandá-los para serem feitos nos Estados Unidos ou na Colômbia. Teremos de nos adequar aos valores, que são maiores [por causa do valor de envio], mas não espero que vá onerar tanto", complementou Bassul.

    Outras ligas nacionais de esportes relevantes, como a de handebol, não têm usualmente testes antidoping.

    Porém, a Folha revelou na quarta-feira (23) que a primeira seletiva da natação para o Mundial de Budapeste, na Hungria, em 2017, está em andamento sem antidoping porque a ABCD não respondeu a ofício enviado pela CBDA (Confederação de Desportos Aquáticos), que não teve tempo para organizar os controles.

    O campeonato, que ocorre em Palhoça, em Santa Catarina, pode ter recordes invalidados devido à falta de exames dos nadadores.

    À Folha, a agência brasileira disse que, enquanto estiver sob sanção da Wada, o controle antidoping poderá ser feito por empresas particulares de coleta. Isso seria uma orientação apresentada pela própria Agência Mundial Antidoping.

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