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    Tragédia em voo da Chapecoense

    Boliviana que revisou plano de voo da LaMia pede refúgio no Brasil

    FÁBIO ALEIXO
    KARLA TORRALBA
    DO UOL

    06/12/2016 11h38 - Atualizado às 16h05

    A boliviana Célia Castedo Monasterio, apontada como responsável por ter autorizado o plano de voo do avião da LaMia que levava a delegação da Chapecoense e partiu de Santa Cruz de la Sierra entrou com um pedido de refúgio no Brasil. A solicitação foi feita na segunda-feira na sede da Polícia Federal em Corumbá (MS).

    De acordo com o delegado Sergio Luis Macedo, a solicitação já foi encaminhada ao Ministério da Justiça, que tem até um ano para avaliar o pedido. Durante este período, Célia pode permanecer legalmente em território brasileiro.

    "Ela alegou que está sendo perseguida e tida como um bode expiatório, a única culpada pelo Ministério Público Boliviano neste acidente. Ela diz que não tinha autoridade para impedir que o avião decolasse. Então foi feito o pedido de refúgio aqui na delegacia, que é enviado automaticamente ao Ministério da Justiça por meio de um sistema computadorizado. Mas a partir de agora, ela já pode ir para onde quiser aqui no Brasil", disse Macedo ao Uol, do Grupo Folha, que edita a Folha.

    Célia também prestou depoimento ao Ministério Público Federal do Mato Grosso do Sul, mas o delegado disse que não teve acesso a ele. O órgão publicou uma nota oficial.

    "A boliviana C.C.M foi atendida na Procuradoria da República no município de Corumbá/MS. A Secretaria de Cooperação Internacional da Procuradoria-Geral da República, em coordenação com as procuradoras Gabriela Tavares e Maria Olívia, vai solicitar aos órgãos federais competentes as medidas cabíveis, conforme as normas internacionais e o direito brasileiro", diz o comunicado oficial do MPF.

    ILEGAL

    O ministro do Governo Boliviano, Carlos Romero, disse em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira que Celia deixou o país de forma ilegal.

    "Não há nenhum pedido de apreensão, mas Celia Castedo não utilizou nenhum ponto legal de controle migratório. Sua saída do país foi ilegal. Iludiu os controles imigratórios", afirmou. "Como saiu de forma ilegal, entrou no Brasil de forma ilegal e neste caso pode haver uma ação junto à Interpol".

    Ele também afirmou que não há motivos para a Justiça brasileira conceder refúgio permanente para Celia. "Não há nenhum argumento para sustentar solicitação de refúgio. Esta pessoa quer iludir a Justiça", criticou.

    "O que ela deveria fazer é apresentar-se ao Ministério Público, dar a sua declaração. Aqui não se trata de acusar a alguém, senão de esclarecer um feito. Para isso há que se ver as responsabilidades das autoridades, servidores ou servidoras", completou.

    Célia é funcionária da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea e revisou os planos de voo do avião da LaMia antes do embarque. Um documento mostra a assinatura da funcionária, que chegou questionar o plano e apontar diversas falhas para Álex Quispe, um dos tripulantes da aeronave que caiu e uma das vítimas fatais do acidente.

    O ministro Romero pediu a "expulsão imediata" de Celia do quadro de funcionários do órgão.

    O plano de voo foi apresentado à funcionária 1h antes do avião decolar. Castedo afirma ter questionado o tripulante sobre cinco tópicos, entre eles o tempo de voo previsto de Santa Cruz de la Sierra até o aeroporto de Medellín –que era exatamente igual à quantidade de combustível da aeronave, não prevendo possíveis atrasos. Apesar dos questionamentos, porém, o avião foi autorizado e decolou do aeroporto Viru Viru, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.

    Acidente em voo da Chapecoense

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