Nesta terça (13), um dos 28 torcedores corintianos que estão presos há 52 dias na penitenciária de Bangu, no Rio de Janeiro, teve o habeas corpus concedido.

O Tribunal de Justiça do Rio, onde os casos foram julgados, confirmou o de Victor Hugo de Oliveira, 20.

"Ele deve ser solto nesta quarta (14). Vai responder ao processo em liberdade, com os impeditivos de não poder sair da comarca de São Paulo nem frequentar estádios de futebol", explicou o advogado de Oliveira, Rodrigo Assef.

Segundo a advogada Luciene Teles, Leandro da Silva Coelho, 23, também teve seu pedido de habeas corpus concedido. O tribunal, porém, não confirmou sua liberação.

Ao todo, 31 corintianos foram detidos em 23 de outubro após o jogo contra o Flamengo, no Maracanã.

A denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro inclui tumulto em eventos esportivos, lesão corporal, dano ao patrimônio público, resistência, corrupção de menor e associação criminosa, cujas penas somam de 8 a 21 anos de prisão.

Nesta terça-feira (13), último dia de sessão do Tribunal de Justiça do Rio antes do recesso de fim de ano (20 de dezembro a 6 de janeiro), a expectativa era de que ao menos 22 habeas corpus fossem julgados, mas apenas três foram analisados pelo tribunal.

Além dos de Victor e Leandro, um terceiro foi negado.

Durante esta terça, advogados de outros envolvidos que também entraram com pedido, sem terem, no entanto, sido inclusos na pauta da sessão, tentavam ainda pedir extensão a seus clientes dos habeas corpus já concedidos.

Os casos seriam analisados pela desembargadora Suimei Cavalieri, relatora dos habeas corpus deferidos nesta terça e de outros dois que já haviam sido concedidos.

Segundo a advogada Luciene Teles, que afirma ter conseguido uma das liberações, a relatora estava analisando novamente os vídeos da confusão para avaliar os que poderiam ser soltos. Estariam aptos aqueles que apareçam nas imagens, mas sempre longe do confronto.

À Folha, Suimei já havia afirmado que "é impossível conferir tal peso ao reconhecimento feito de forma generalizante pelos PMs". Procurada, a Polícia Militar do Rio informou que "um grupo agrediu quatro PMs e foi necessário reforço policial para contê-los. O Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (GEPE) analisou imagens do sistema de monitoramento do Maracanã e reconheceu 31 destas pessoas como agressores dos policiais. A PM sempre atuará no sentido de coibir crimes e zelar pela segurança de torcedores".

DE VOLTA

Pai de Leandro da Silva Coelho, Paulo Coelho estava voltando do supermercado quando recebeu a ligação do advogado com a notícia de que o habeas corpus do filho havia sido concedido.

"Eu estava no carro com a mãe dele, foi como um gol, uma Copa do Mundo. Você imagina, seu filho sai de casa para ir ao jogo e não volta?"

Coelho disse que ele e a mulher estão indo para o Rio buscar o filho de 23 anos.

"Ele estava para se formam em Tecnologia da Informação, mas não pôde porque ficou lá preso", contou Coelho.

Para o pai, o pior momento foi visitá-lo em Bangu.

"Foi difícil, ele apanhou, disse que só comia pão e água. Foi um baque ver ele daquele jeito", disse Coelho, que chegou a pedir para o filho não ir ao jogo.

PRISÕES COMPLETAM 52 DIAS
23.out
Por volta das 16h30, corintianos e PMs entram em confronto; após a partida, cerca de 60 são detidos.

25.out
A juíza Marcela Caram determina a prisão preventiva de 31 dos torcedores, entre eles um menor de idade.

9.nov
O Ministério Público do Rio denuncia os 31 corintianos, por tumulto em eventos esportivos, lesão corporal, dano ao patrimônio público, resistência, corrupção de menor e associação criminosa.

16.nov
A vara da infância do Rio libera o adolescente, após concluir que ele não estava no estádio na hora da briga.

29.nov
A desembargadora Suimei Cavalieri concede habeas corpus a Michael Ricci e Gustavo Inocêncio; 28 ainda estão presos preventivamente.

13.dez
TJ do Rio julga três pedidos de habeas corpus, concede dois e indefere um, na última sessão do tribunal antes do recesso do Judiciário.