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    Tempestade brasileira do surfe tem queda após dois anos no topo mundial

    GUILHERME SETO
    DE SÃO PAULO

    24/12/2016 02h00

    Após dois anos de títulos, a "brazilian storm" ("tempestade brasileira", apelido dos surfistas do país que ganharam holofotes do Circuito Mundial de Surfe) terminou a temporada em branco.

    No topo do mundo em 2014 e 2015, com Gabriel Medina e Mineirinho, respectivamente, desta vez os brasileiros viram o havaiano John John Florence levar sua primeira taça.

    Uma conjunção de fatores explica as dificuldades dos surfistas: cansaço, lesões e falhas da arbitragem. Em relação aos últimos dois anos, todos ficaram abaixo de seus melhores resultados.

    Miguel Pupo, 25, que terminou em 22º no Mundial, disse que este ano "foi difícil para todos os brasileiros".

    "Houve baterias polêmicas do Gabriel [Medina], que poderiam ter feito a diferença no final. Teve lesão do Filipe [Toledo]. O Ítalo [Ferreira] começou o ano muito bem, chegou a segundo no ranking, mas quando veio para o Brasil caiu de rendimento. E o Adriano [Mineirinho] venceu no ano passado, mas neste acabou cansando, porque o título exige muito do atleta", disse.

    Para ele, "é difícil dizer que os brasileiros foram realmente prejudicados" pelos árbitros, porém ele acha que houve decisões equivocadas.

    "Foi um dos anos em que mais vi acontecer esses erros na arbitragem, com brasileiros e atletas de outros países."

    O momento mais polêmico da temporada aconteceu na oitava das 11 etapas, em Trestles, na Califórnia.

    Medina, que precisava de uma nota 8,34 para passar de fase, pegou uma onda em que executou série de "rasgadas", mas recebeu dos juízes só 8,3. Ainda na água, aplaudiu ironicamente, enquanto comentaristas e mesmo o australiano Mick Fanning, tricampeão mundial, mostraram incredulidade diante da nota.

    Se vencesse a etapa, o paulista passaria Florence e, naquele momento, assumiria a liderança da Mundial. Ele terminou o ano em terceiro.

    Filipe Toledo, 21, tido como uma das promessas dessa geração, pede providências em relação à arbitragem.

    "Todos somos passíveis de erro, mas acho que alguma coisa precisa e deve ser feita para que a cada dia tais coisas aconteçam menos."

    Toledo terminou o ano em décimo lugar. Chegou à semifinal na abertura, em Gold Coast, só que perdeu duas etapas devido a lesão no fêmur.

    "Este ano foi bem diferente. Eu me lesionei logo na primeira etapa e fiquei fora de dois eventos, disputando a etapa do Rio ainda lesionado. Minha filha nasceu, além de ter recebido a única nota 10 unânime no evento mais tradicional do surfe". Em 2015, ele ficara na quarta posição.

    Campeão em 2015, Mineirinho, 29, tem posição ponderada sobre o tema.

    "O julgamento sempre será subjetivo, né? Acho que quando acontece com os europeus ou com os australianos a gente não presta muita atenção. Mas quando acontece com um brasileiro, a gente acaba botando a boca no trombone", comentou.

    "Eu fui prejudicado em algumas etapas, mas em outras fui favorecido. Então tem um balanço, que eu não tenho que questionar", completou. Mineirinho afirmou que a pressão de ter que defender seu título atrapalhou. Ele fechou o ano na 11ª posição.

    "Foi um pouco fora do padrão dos meus outros anos no circuito mundial,devido ao peso e a bagagem de toda vez que entrar no evento ter que defender um grande título. Mas foi também de muita experiência e aprendizado."

    2017
    O Brasil terá nove representantes na próxima edição. Medina, Mineirinho, Toledo, Pupo, Ítalo, Wiggoly Dantas, Jadson André e Caio Ibelli continuarão na elite, enquanto o pernambucano Ian Gouveia, 24, será a novidade.

    Para Teco Padaratz, 45, membro de geração anterior do surfe nacional, o estreante pode surpreender. "Ele é jovem, completo, se joga nas ondas grandes", disse. "É um garoto em que aposto muito."

    Padaratz aposta que Medina e Florence vão reeditar a briga no próximo ano.

    "Medina é não só o melhor brasileiro. Ele e o John John são os mais completos, e estamos vendo uma disputa entre os dois como foi entre Kelly [Slater] e Andy [Irons]."

    Melhor geração do surfe brasileiro

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