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    Portugueses estudam 536 pênaltis à procura da batida perfeita

    EDUARDO GERAQUE
    DE SÃO PAULO

    27/12/2016 02h00

    Danilo Verpa - 24.abr.2016/Folhapress
    SANTOS - SP - 24.04.2016 - O jogador Wanderley pega penalti do Santos durante partida contra o Palmeiras em jogo valido pelas semi-finais do Campeonato Paulista 2016 realizado na Vila Belmiro, em Santos. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, ESPORTE)
    Wanderley, do Santos, pega pênalti durante partida contra o Palmeiras nas semi-finais do Paulista 2016

    Goleiro tem sempre que adivinhar o canto e partir antes. Pênalti bem batido é aquele forte, no meio do gol, não tem erro. Ou então rasteiro, rente a uma das traves.

    Alheios a preocupação de derrubar ou reforçar mitos propagados pela crônica esportiva ou até por boleiros de fim de semana, há muitos cientistas que investigam, de forma técnica, as cobranças.

    Uma dessas investigações, feita por um grupo de Portugal e publicada recentemente no meio acadêmico, investigou 536 cobranças realizadas durante o tempo normal em jogos de times da UEFA.

    Entre todos os pênaltis analisados, 407 foram convertidos. Outros 101 foram defendidos e 28 perdidos. Dados que mostram que a taxa de sucesso, para quem tenta evitar o gol, é de quase 20%.

    A receita para o batedor, mostra o trabalho assinado por Carlos Almeida, Anna Volossovitch e Ricardo Duarte, pesquisadores da Universidade de Lisboa, é tentar chutar no ângulo. O nível de acerto no canto superior esquerdo de quem cobra é de 82,7% e de 92,9% no ângulo direito.

    O chute mais conservador, aquele rasteiro, no meio do gol, é o que mais deu errado, mostra a pesquisa. Dos 84 pênaltis cobrados dessa forma, 32 foram defendidos.

    "O estudo mostra que os goleiros mais bem-sucedidos tendem a perceber de forma mais eficaz o lado do chute do cobrador", diz Carlos Almeida. De acordo com o pesquisador, é errado dizer que quem mais defendeu acabou "adivinhando" o canto.

    Não é puramente uma questão de sorte, diz ele, para quem as evidências sugerem que os melhores goleiros nessas situações são mais competentes em antecipar e perceber a trajetória da bola pelas dicas posturais do jogador adversário, como a posição do pé de apoio.

    O fato de o jogador que põe a bola na cal ser destro ou canhoto também parece influenciar. Os destros foram mais efetivos quando chutaram nos dois ângulos.

    Os canhotos tiveram 100% de acerto quando chutaram cruzado, no ângulo. Foram oito cobranças assim.

    O TEMPO PASSA

    Dados inesperados, segundo os próprios pesquisadores, surgiram quando foram analisados os momentos da partida em que os pênaltis foram convertidos ou não.

    "Em relação ao período do jogo, nós esperávamos, com base em pesquisas anteriores, que houvessem maiores falhas nos últimos 30 minutos do jogo, por causa da tensão psicológica e o cansaço dos jogadores", diz Almeida. Mas não foi isso que ocorreu.

    A maior parte dos pênaltis perdidos, 51 entre os 129 que não foram gol, ou quase 40%, ocorreu nos 15 minutos finais do primeiro tempo ou nos 15 minutos após o intervalo.

    "É crível que no fim da primeira parte haja um certo relaxamento dos jogadores, acompanhado de alguma fadiga", diz o pesquisador.

    No reinício do jogo, segundo ele, existem vários outros estudos que mostram que o jogador pode demorar para voltar aos níveis adequados de concentração.

    O fato de os cientistas não terem analisado as disputas por pênaltis após o jogo confirmaria a tese de que esse tipo de desempate é uma loteria, como muitos dizem?

    "As nossas conclusões são válidas para desempates por grandes penalidades, mas não podemos esquecer que, durante o jogo, é geralmente o melhor jogador a bater grandes penalidades que é chamado a executar",
    diz o pesquisador de Portugal.

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