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    Após Jogos Olímpicos do Rio, Brasil vê debandada de técnicos estrangeiros

    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    03/01/2017 02h00

    Jonathan Nackstrand/AFP
    Morten Soubak em partida da seleção feminina de handbal do Brasil no Mundial de 2015
    Morten Soubak em partida da seleção feminina de handbal do Brasil no Mundial de 2015

    O fim do ciclo olímpico gerou uma debandada de técnicos estrangeiros contratados para preparar as equipes brasileiras para os Jogos do Rio.

    Dos 56 treinadores que atuaram em 26 modalidades e tinham vínculo com o COB (Comitê Olímpico do Brasil) ou confederações esportivas, estima-se que somente um terço seguirá no país para a próxima Olimpíada, em Tóquio.

    O COB ainda negocia com alguns deles e espera ter um cenário mais consolidado ao fim do primeiro trimestre de 2017. Outros já foram desligados ou pediram para não permanecer nas equipes.

    As razões para a evasão dos técnicos, muitos deles contratados a peso de ouro, variam: falta de resultados, problemas de adaptação e a crise financeira que assola o país se se reflete na fuga de investimentos no esporte.

    Técnicos que saem

    A última baixa sentida foi a do dinamarquês Morten Soubak, com quem a seleção feminina de handebol obteve suas principais conquistas: o título mundial de 2013 e a sexta posição nos Jogos Olímpicos de Londres-2012.

    "Não tive nenhuma procura ou proposta", afirmou Soubak, que dirigia a equipe desde dezembro de 2009.

    A confederação informa que deseja substituí-lo por um outro estrangeiro.

    No time masculino, a entidade contratou o brasileiro Washington Nunes para substituir Jordi Ribera, da Espanha, após a Rio-2016.

    A lista de comandantes de primeira linha que deixaram o país inclui o argentino Rubén Magnano (da seleção masculina de basquete), o croata Ratko Rudic (do time masculino do polo aquático) e o russo Alexander Alexandrov (da ginástica artística).

    Rudic levou a seleção de polo a um inédito bronze na Liga Mundial, em 2015, e às quartas de final da Rio-2016.

    Ao término do evento, ele disse ao COB que não mais estava interessado em continuar como treinador, mas sim como consultor. Não deve ser aproveitado pelo comitê.

    Comandante da equipe feminina de polo, o canadense Pat Oaken, seguiu a mesma linha e se despediu do Brasil.

    Segundo o gerente-geral de performance do COB, Jorge Bichara, o que dificultou a permanência de Alexandrov com a seleção feminina de ginástica foi a comunicação com as atletas.

    "A barreira da linguagem foi difícil. Ele [Alexandrov] mal falava inglês, e tinha uma metodologia muito própria. Às vezes era difícil fazer com que ele entendesse coisas que a gente propunha. Não é porque o cara vem de fora que vamos aceitar tudo o que ele propõe", afirma Bichara.

    "Com alguns houve muito sucesso. Com outros, houve algum sucesso, mas sem conquista de medalhas, e em outros casos a gente não teve sucesso. Isso faz parte da disputa esportiva. Não vamos acertar 100% nunca", completa

    REMANESCENTES

    Zanone Fraissat/Folhapress
    Técnico espanhol Jesús Morlan, que treina Isaquias Queiroz
    Técnico espanhol Jesús Morlan, que treina Isaquias Queiroz

    Minoria, os estrangeiros que permanecerão no Brasil para o próximo ciclo olímpico têm uma semelhança: tiveram atuação decisiva em medalhas obtidas nos Jogos.

    O espanhol Jesús Morlan, 54, guiou Isaquias Queiroz na conquista de três pódios (duas pratas e um bronze) nos Jogos Olímpicos. Ele acordou sua continuidade no Brasil, mas recupera-se da retirada de um tumor no cérebro.

    "Depois [de Tóquio], eu paro e fico na retaguarda. Mas, até 2020, dei minha palavra que vou treiná-los", disse.

    O ucraniano Vitaly Petrov também seguirá a orientar Thiago Braz, campeão olímpico do salto com vara. Eles já retomaram os treinamentos em Formia, na Itália.

    A japonesa Yuko Fujii, que foi contratada em 2013 para ajudar a preparação da seleção feminina de judô, estendeu seu contrato até 2020. Com ela, o time feminino terminou a Rio-2016 com dois pódios: ouro de Rafaela Silva e bronze de Mayra Aguiar.

    O COB também quer sacramentar em janeiro a extensão do contrato do espanhol Javi Torres, que orienta as campeãs olímpicas da vela Martine Grael e Kahena Kunze.

    Técnicos que permanece

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