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    Tragédia em voo da Chapecoense

    Chapecoense perde ao retornar aos gramados em estreia na Copa SP

    GUILHERME SETO
    ENVIADO ESPECIAL A PORTO FELIZ (SP)

    03/01/2017 17h45

    Pouco mais de um mês após ter sofrido com a maior tragédia recente do futebol brasileiro, a Chapecoense voltou a pisar em um gramado e deu início, oficialmente, à sua reconstrução. Nesta terça-feira (3), a equipe catarinense enfrentou o Nova Iguaçu em sua estreia pela Copa São Paulo de futebol júnior, e foi derrotada por 2 a 0.

    A cidade de Porto Feliz, a 120 km da capital, foi a escolhida pela Federação Paulista de Futebol para receber a partida. E seus moradores reproduziram a empatia coletiva que embalou a Chapecoense desde que quase todos seus jogadores, membros da comissão técnica e dirigentes morreram em acidente aéreo em Medellín, na Colômbia. Setenta e uma pessoas foram vítimas da queda do avião.

    A pequena arquibancada do estádio Ernesto Rocco, sede do Deportivo Brasil, com capacidade para 5 mil torcedores, estava ocupada pela metade. Debaixo de um calor de 34º, eles se vestiram com camisas da equipe catarinense -muitas delas falsificadas, é verdade, compradas logo nas redondezas da arena–, e cantaram o já internacional grito de "Vamos, vamos, Chape".

    Na entrada ao gramado, foi solicitado pelo locutor do estádio que se fizesse um minuto de aplausos aos garotos que representariam o time de Santa Catarina. As duas equipes seguraram faixas nas quais se lia "somos mais que 11, somos todos Chapecoense" e "somos o recomeço #forçaChape".

    Em sua terceira participação no torneio, a Chapecoense entrou em campo com desfalques. Quatro titulares foram promovidos recentemente ao plantel principal e dois estão lesionados. Talvez por isso, o nível técnico exibido foi discreto, e as principais jogadas da equipe foram consequência de persistência ou de apoio da torcida.

    "Vim porque me comovi com a tragédia. Fiquei uma semana ruim na época. Minha vida é futebol. Sou corintiano, mas agora também sou Chapecoense", diz o paranaense Denison de Melo, 26, bisneto de uma chapecoense e que foi ao estádio com sua camisa verde e branca.

    "Achei que eles [os jogadores] estariam mais traumatizados, mas estão jogando bem. Eles não podem se deixar abater nem desistir", completa.

    O Nova Iguaçu foi mais incisivo e esteve perto de fazer gols em seguidas ocasiões no primeiro tempo. Em todas, desperdiçou de frente para o goleiro Tiepo.

    Rhainer, camisa 9, e Lima, 10, criaram as melhores chances da equipe de Santa Catarina, mas não foram efetivos.

    Gabriel, 18, lateral direito, nasceu na cidade e frequenta as arquibancadas da Arena Condá desde pequeno, "quando ninguém nem sonhava com a Série A". Atleta há cinco anos, ele se emociona ao falar da tragédia.

    "A gente sentiu bastante, mas tenta ser forte. O maior exemplo que eles deixaram para nós foi de superação. Vamos superar o que aconteceu e honrá-los", diz ele, que não entrou em campo.

    "Viemos com o coração quebrado, mas prontos para seguir o exemplo que eles deixaram", completa o meia Anderson, 19.

    "É um sentimento difícil de explicar mesmo, não é comum. Vamos dar o nosso melhor sempre para levar o nome deles. Não podemos fazer mais do que isso: o máximo que está ao nosso alcance", conta Gabriel.

    Aos 15 minutos do segundo tempo, Natan, que já perdera oportunidade claríssima, abriu o placar para o Nova Iguaçu em Porto Feliz, para decepção dos presentes, que então fizeram silêncio. Dezessete minutos depois, o mesmo Natan ampliaria a vantagem, definindo o resultado final.

    Após o apito final, alguns torcedores ainda ensaiaram palmas e gritos de apoio aos garotos da equipe alviverde.

    A Chapecoense volta a jogar na quinta-feira (5), contra o Sampaio Correa, e precisa de resultado positivo para se manter na briga pela classificação.

    O Desportivo Brasil também venceu nesta terça (3) e ocupa a segunda colocação do grupo 14, atrás do Nova Iguaçu (que marcou um gol a mais).

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