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    Lucro líquido dos clubes de futebol europeus sobe em R$ 5 bilhões

    MURAD AHMED
    DO "FINANCIAL TIMES"

    12/01/2017 15h51

    Rui Vieira/Associated Press
    Manchester United's Antonio Valencia, left, and Arsenal's Aaron Ramsey battle for the ball during the English Premier League soccer match between Manchester United and Arsenal at Old Trafford in Manchester, England, Saturday, Nov. 19, 2016. (AP Photo/Rui Vieira) ORG XMIT: BRV125
    Valencia, do Manchester, e Ramsey, do Arsenal, durante partida do Campeonato Inglês desta temporada

    Os clubes de futebol europeus elevaram seus lucros em R$ 5 bilhões nas duas últimas temporadas, depois de sustentarem anos de pesados prejuízos, por conta da entrada em vigor das regras ditas de fair play financeiro.

    A Uefa, a organização que comanda o futebol europeu, divulgou seu relatório anual sobre a saúde financeira do esporte nesta quinta (12). O estudo, um referencial para o mercado futebolístico, aponta para alta constante na receita dos clubes da Europa nas duas últimas décadas, e revela que a vantagem financeira do Campeonato Inglês sobre seus similares no continente europeu continua a aumentar.

    O interesse pelo esporte, especialmente as cinco grandes ligas da Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália, resultou em contratos de valor ainda mais alto com as empresas de mídia e patrocinadores, e em bilheterias maiores nos estádios. Mas os pesados gastos, como a contratação de jogadores e o salário dos atletas e pessoal, resultaram em prejuízos constantes para os times europeus.

    Os dados demonstram que os clubes europeus começaram a transição para o lucro desde a entrada em vigor, em 2011, das regras de fair play financeiro, que limitam os gastos que os times podem realizar a uma dada proporção de suas receitas. Naquele ano, os prejuízos agregados dos clubes foram de R$ 1,25 bilhões, ante lucro de R$ 2,45 bilhões em 2015, o ano mais recente sobre o qual os números foram divulgados.

    Aleksander Ceferin, presidente da Uefa, declarou que as regras de fair play financeiro "não só firmaram o navio das finanças europeias mas ofereceram a estrutura para crescimento, investimento e lucratividade sem precedentes".

    Os números são distorcidos pela ascensão do Campeonato Inglês, que deixa para trás os clubes de ligas europeias rivais em termos de lucratividade, receita, gastos com contratações e valor das equipes.

    A receita média anual dos clubes da divisão mais alta do futebol inglês é de R$ 14,9 bilhões –R$ 6,8 bilhões a mais que do Campeonato Alemão, o segundo colocado em termos de faturamento. Os times da liga inglesa foram beneficiados por um contrato de R$19,7 bilhões pelos direitos de transmissão nacionais do torneio nas próximas três temporadas, com a Sky e BT Sport, uma alta de R$ 2,3 bilhões comparada ao contrato anterior.

    Apenas dois clubes –o Barcelona e Real Madrid, da Espanha– têm receitas de transmissão superiores aos oito principais times do Inglês, porque o Campeonato Espanhol distribui o dinheiro dos contratos televisivos de maneira mais desigual que a liga inglesa.

    Josep Lago-18.dez.2016/AFP
    TOPSHOT - Barcelona's Uruguayan forward Luis Suarez celebrates his goal during the Spanish league football match FC Barcelona vs RCD Espanyol at the Camp Nou stadium in Barcelona on December 18, 2016. / AFP PHOTO / JOSEP LAGO ORG XMIT: JL005
    O uruguaio Luis Suárez, do Barcelona; clube deve faturar mais de R$ 500 com direitos de transmissão

    A Telefónica pagou cerca de R$ 2 bi pelos direitos nacionais de transmissão de todos os times da liga espanhola na temporada passada, e a Mediapro renovou seu contrato internacional de transmissão com 38 times espanhóis por R$ 1,3 bi, para a temporada 2016/2017. Uma análise do desempenho passado mostra que o Barcelona deve faturar R$ 508,5 milhões com direitos de transmissão nesta temporada –mais de R$ 169,5 milhões acima do faturamento do Atlético de Madrid, o terceiro mais lucrativo entre os times da liga espanhola.

    Os números da Uefa sugerem que os dois maiores clubes espanhóis continuam a ter o mais alto faturamento da Europa, e são capazes de arcar com salários mais altos para os seus jogadores do que o Manchester United, o time mais rico da da liga inglesa em termos de receita.

    Mas disparidades mais amplas em receitas comerciais e de transmissão, entre os diferentes países europeus, permitiram que os clubes ingleses pagassem somas recordes aos seus jogadores –um total de R$ 9,1 bilhões. A folha salarial média de um time da primeira divisão inglesa é quase duas vezes mais alta que a da liga que a segue em termos de salários, a Série A italiana.

    A Uefa também estima o "valor de mercado" dos jogadores do Campeonato Ingês como o mais alto da Europa, cerca de R$ 14,9 bilhões. Isso a despeito de os principais times da liga espanhola terem sob contrato os jogadores em geral considerados como os melhores do mundo, a exemplo de Lionel Messi e Luis Suárez, do Barcelona; Cristiano Ronaldo e Gareth Bale, do Real Madrid; e Antoine Griezmann, do Atlético de Madrid. De acordo com a Uefa, os talentos que jogam na liga espanhola valem no total R$ 11 bilhões, seguidos pelos da Série A italiana com R$ 10 bilhões.

    A primeira divisão da Inglaterra também tem o melhor público da Europa, com 13.885.810 espectadores na temporada 2015/2016. Mas o Campeonato Alemão tem o melhor público médio da Europa, com 43,3 mil torcedores por partida.

    A Ásia, especialmente a China, se tornou a maior fonte de investimento externo em clubes europeus –17 clubes têm sócios majoritários asiáticos. Empresas e indivíduos chineses assumiram o controle de nove clubes europeus nas duas últimas temporadas, entre os quais o ADO Dan Haag, na Holanda, a Inter de Milão, na Itália, e o Aston Villa, na Inglaterra.

    Giusepper Cacace/AFP
    Inter Milan's Brazilian forward Gabriel Barbosa reacts during the Italian Serie A football match Inter Milan vs Bologna at the San Siro stadium in Milan on September 25, 2016. / AFP PHOTO / GIUSEPPE CACACE ORG XMIT: CAC1181
    Gabriel, da Inter de Milão, um dos 17 times europeus que pertencem a asiáticos

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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