Após seu primeiro jogo depois do anúncio de que deixaria a seleção masculina de vôlei, pela Superliga feminina, Bernardinho disse que Renan Dal Zotto não seria a sua primeira opção para assumir a seleção. Ele foi anunciado pela CBV como substituto do técnico carioca na última quarta-feira (11).

Para o técnico, seu "sucessor natural" seria Rubinho, assistente técnico na seleção desde 2006.

"O Renan é um cara que entende tudo, é um amigo, irmão, e terá sempre o meu apoio incondicional. Mas, não era a primeira opção, não era o natural que nós estávamos planejando para dar continuidade no trabalho que vinha sendo feito. Eu preparei um sucessor, o Rubinho, espetacular, que era quem eu imaginava que fosse. Criei até uma expectativa nele. Eu não imaginava o Renan, porque era um dirigente. Mas ele tem o nosso DNA. A escolha foi da confederação, que terá meu apoio sempre. E o Renan é uma cara maravilhoso, vai fazer um grande trabalho", disse.

Sobre o papel que passará a desempenhar na seleção, uma espécie de consultor de Renan, Bernardo disse ainda não saber como será.

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"O importante é ele ter autonomia pra fazer o que tem e sabe fazer. Eu não posso de forma alguma interferir nisso. E ele sabe que pode contar comigo para qualquer situação", afirmou.

Antes do início da partida em Valinhos, no interior de São Paulo, Bernardinho foi ovacionado pelo público.

"[A homenagem] me balançou, fiquei um tempo sem saber o que fazer. Não esperava, fiquei meio perdido. É só gratidão, muita, muita gratidão", disse o treinador que, dentro de quadra, comandou o Rio na vitória por 3 a 0 sobre o time da casa.

Ele garantiu que continua treinando o clube carioca. "Não posso deixar as quadras", disse, visivelmente emocionado.

Também riu quando perguntado sobre se ter saído da seleção o dava certa leveza. "Não, dá uma certa tristeza", respondeu.

PACTO

O ex-treinador nacional falou também que sua decisão de sair da seleção começou a ser tomada durante a Olimpíada do Rio, da qual foi campeão depois de se classificar com dificuldades na fase de grupos.

"Na realidade, eu já vinha amadurecendo isso no último ano. Em certo momento da Olimpíada eu fiz um pacto [apontando pra cima]. Não sou muito religioso, mas fiz um pacto: 'me ajuda aí só um pouquinho, a gente precisa sair de uma situação aqui, diz aí, prometo que [se ajudar] eu vou embora'. Você não pode fazer um pacto com o homem lá de cima e não cumprir, né?"

Bernardo aproveitou para agradecer o apoio e o carinho de torcedores.

"Eu não imaginava que fosse tão querido assim. Eu só posso agradecer a generosidade de todas as pessoas. Essa gratidão que têm pelo esforço, pelo trabalho que nós tivemos nesses 23 anos [7 com a seleção feminina e 16 com a masculina]. Então, eu saio com o dever cumprido e muito grato com essa reação das pessoas onde quer que eu vá. De coração."

Ele lembrou ainda que recebeu muitas mensagens de jogadores também.

"O mais importante disso tudo não são as medalhas. Eu recebi de todos uma manifestação de gratidão, reconhecimento. Isso é o que conta. O Gustavo mandou, o Rodrigão, a Thaísa. Isso é o mais especial do vôlei, o que eu vou levar comigo. O professor quer de seus alunos o reconhecimento de ter influenciado na vida deles, e o Gustavo fala disso, que eu mudei a forma dele jogar e de pensar, que ensinei o valor do sacrifício, do altruísmo. Vou embora feliz."

Antes de se despedir, Bernardinho afirmou que a ficha ainda não havia caído para ele, e lembrou das pessoas que cortou das seleções durante a carreira.

"Estou perdido ainda. Machucado. Mas era o certo a ser feito. Eu não posso pedir mais nada depois de tudo o que eu conquistei, não tenho mais direito. Só agradeço a cada um é peço desculpas àqueles que fiz sofrer, tive que cortar gente. E é sincero o meu pedido. Eu recebi uma mensagem muito gratificante do Murilo, muito emocionante. Ele foi cortado agora [das Olimpíadas]. Então, pra mim isso é o mais importante, porque eu fico triste, eu levo isso comigo, a tristeza de ter magoado pessoas tão especiais pra mim. Eu quero aproveitar e agradecer o Murilo, por tudo o que ele fez e pela grandeza de ter me agradecido."

	Fivb/Divulgação
	Rubinho, auxiliar técnico, deveria ter sido sucessor natural de Bernardinho; "foi preparado", disse o ex-técnico da seleção