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    Odebrecht recorrerá contra liminar, e Maracanã continua abandonado

    DO RIO

    16/01/2017 20h57

    A Odebrecht vai tentar derrubar na Justiça do Rio a liminar que a obriga a reassumir o Maracanã. Até a noite desta segunda-feira (16), a concessionária não foi notificada da decisão judicial. Advogados da empresa já trabalham preparando o recurso.

    Na sexta-feira (13), a juíza Fernanda Lousada, da 4ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, concedeu liminar obrigando a concessionária Maracanã S.A., liderada pela construtora Odebrecht (95%), a reassumir imediatamente a operação e a manutenção da arena.

    O estádio permaneceu deserto nesta segunda. Os turistas, que tentavam visitar o local, não conseguiram.

    Com a segurança reduzida, o estádio sofreu uma série de furtos desde o início do ano.

    Peças históricas foram roubadas, como o busto do jornalista Mário Filho, que dá nome ao estádio. O Maracanã também está sem luz por falta de manutenção dos equipamentos de energia.

    Em crise financeira, o governo do Rio já informou que não pretende administrar o estádio, que custou R$ 1,2 bilhão de dinheiro público.

    Pela decisão, proferida após pedido da Procuradoria Geral do Estado (PGE) do Rio, a multa prevista é de R$ 200 mil por dia se a ordem judicial não for cumprida.

    A concessionária se recusa a reassumir a administração do Maracanã após a realização dos Jogos Olímpicos do Rio alegando que o Comitê Rio-2016 não concluiu obras necessárias para a devolução do estádio.
    Para a Procuradoria, a não conclusão das obras não impede que a concessionária reassuma a administração.

    "A concessionária tem essa obrigação contratual de receber o estádio, mesmo com o fato de os organizadores da Olimpíada não terem entregado o lugar em perfeitas condições. Eles podem fazer esse reparos e cobrar do comitê. O que falta é apenas obras cosméticas", afirmou Leonardo Espíndola, procurador-geral do Rio.

    Em nota, a concessionária afirmou que "analisa qual decisão tomar frente à liminar obtida pelo governo do Estado do Rio de Janeiro.

    A Odebrecht afirma que "o próprio Comitê Rio 2016 admite que deixou várias pendências nas instalações".

    "A falta de um laudo que ateste que a cobertura não tenha sofrido danos mesmo após uma carga de 189 toneladas usada pelo Rio 2016, quando o Manual de Uso da construção prevê limite de 81 toneladas" estão entre as pendências apontadas pela vistoria da concessionária.

    Mesmo assim, a empreiteira já começa a planejar a operação do estádio no Rio. O primeiro jogo previsto para o Maracanã é o clássico Botafogo contra o Flamengo, no dia 17 de fevereiro.

    Nenhum dos dois times têm contrato com os atuais administradores, mas podem fechar um acordo para operar o estádio nesta partida.

    Ricardo Moraes/Reuters
    An aerial view shows the Christ the Redeemer statue with the Maracana stadium, where the opening cermony of the Rio 2016 Olympic Games will be held, in Rio de Janeiro, Brazil, July 16, 2016. REUTERS/Ricardo Moraes/Files ORG XMIT: SRR910
    Cristo Redentor com o Maracanã ao fundo

    INTERESSADOS

    A construtora baiana estabeleceu em R$ 60 milhões o valor para passar adiante sua participação. Dois grupos (Lagardère e GL Events) fizeram propostas. A Secretaria da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro está analisando as duas ofertas. O resultado é aguardado até o final de janeiro de 2017.

    Investigada pela Lava Jato, a Odebrecht alega um prejuízo acumulado de R$ 173 milhões na operação do estádio, iniciada em 2013.

    Além da quantia paga à construtora, a empresa vencedora terá que desembolsar R$ 5,5 milhões aos cofres públicos anualmente pela outorga ao longo dos 30 anos de concessão, além de fazer uma série de investimentos.

    As duas propostas feitas à Odebrecht foram de empresas francesas.

    A Lagardère já opera dois estádios no Brasil (o Castelão, em Fortaleza, e o Independência, em Belo Horizonte) e tem uma longa experiência no setor. A empresa administra 50 arenas pelo mundo, além de comercializar o marketing de dezenas de clubes de futebol e de atletas.

    Já a GL Events, que já tem um acordo acertado com o Flamengo, explora o Riocentro, o Rio Arena, e o São Paulo Expo, na capital paulista.

    Caso o negócio não seja fechado, o governo fluminense fará uma nova licitação.

    ENTENDA
    Maracanã sem dono

    Por que o Maracanã está abandonado?
    A concessionária que administra o estádio, formada pela Odebrecht, com 95% das ações, e a AEG, com 5%, se recusou a reassumir a gestão do Maracanã após a realização dos Jogos Olímpicos do Rio alegando que o Comitê Rio-2016 não concluiu obras necessárias para a devolução do estádio.
    A Odebrecht também tenta devolver o estádio ao governo do Rio. A empresa alega um prejuízo acumulado de R$ 173 milhões no Maracanã.

    Há interessadas em administrar o estádio?
    Sim, dois grupos estrangeiros, a Lagardère e GL Events, fizeram propostas para assumir o estádio. A Odebrecht estabeleceu em R$ 60 milhões o valor para passar adiante sua participação. O governo do Rio está analisando as duas ofertas e deve definir a situação até o final de janeiro.

    O governo pode assumir a gestão do Maracanã?
    O governo não quer o estádio. O Rio atravessa uma das maiores crises econômicas da sua história. Decretou estado de calamidade pública em razão de suas finanças.

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