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    Tragédia em voo da Chapecoense

    Chapecoense empata em 2 a 2 com Palmeiras em sua volta após tragédia

    GUILHERME SETO
    ENVIADO ESPECIAL A CHAPECÓ (SC)

    21/01/2017 18h50

    Não valia nada, mas ao mesmo tempo valia muito. Assim foi o aguardado retorno da Chapecoense aos gramados após quase dois meses do acidente trágico que vitimou 71 pessoas, entre elas o presidente, 19 jogadores e diversas outras pessoas com diferentes vínculos com o clube.

    Debaixo de um calor de mais de 30 graus, a Arena Condá esteve em sua melhor forma, apinhada, com mais de 14 mil pessoas, e também bandeirões e faixas com imagens dos "heróis da Chape", como se nesse dia as restrições mais detestadas do Estatuto do Torcedor tivessem ficado obsoletas.

    Antes da partida contra o Palmeiras, justamente o último adversário antes da tragédia, os três jogadores sobreviventes se juntaram aos familiares das vítimas para receber as homenagens.

    O lateral Alan Ruschel, que hoje pouco acusa a tragédia fisicamente; o zagueiro Neto, que tinha a situação mais crítica entre as vítimas e nesta sexta (20) já começou a se exercitar na bicicleta ergométrica do clube; e o goleiro Jackson Follmann, que teve parte da perna direita amputada e foi conduzido a campo em cadeira de rodas pelo ídolo do clube, Nivaldo, receberam suas medalhas de campeões e levantaram a taça da Copa Sul-Americana -a equipe catarinense foi campeã após o Atletico Nacional, da Colômbia, abrir mão de disputar a final.

    Follmann recebeu alta provisória do hospital, onde ficará pelo menos até terça-feira (24), quando deve receber a alta definitiva.

    "Para mim, é um pouco duro. Ainda estou internado no hospital. Participar desse evento para mim foi uma emoção muito grande. A gente sempre estava aqui, treinando, jogando. Vir e ter uma homenagem emocionante... Não tem como não ir às lágrimas. Estou feliz e me recuperando bem", disse Follmann à TV Globo.

    O narrador Galvão Bueno, da TV Globo, foi aplaudido pelos torcedores e teve o nome cantado enquanto se encaminhava para a sua cabine de transmissão na Arena Condá. Ele participou da cobertura do acidente em momentos-chave: da salva de palmas no "Jornal Nacional" à chegada dos corpos no Brasil, e fez questão de participar da reestreia da equipe.

    Em campo, o "Jogo da Solidariedade" teve momentos mais amistosos, outros mais competitivos e alguns desencontrados, já que os jogadores ainda estão no início da temporada, voltando à forma física e se entrosando.

    Do lado palmeirense, as atrações foram as estreias de Felipe Melo e do técnico Eduardo Baptista. O time já começou a mostrar características desejadas pelo treinador, como a formação em 4-1-4-1. A atuação do volante foi discreta. O primeiro gol saiu do estreante Raphael Veiga, ex-Coritiba, logo no início do primeiro tempo.

    Na sequência, Douglas Grolli, um dos 23 contratados pela Chapecoense para a nova empreitada, empatou o jogo. Já que o zagueiro é uma das grandes revelações da história de 44 anos das categorias de base do time catarinense, o gol foi revestido de caráter simbólico, reconhecido pelas empolgadas arquibancadas.

    No primeiro minuto do segundo tempo, o volante Amaral, de cabeça, virou o jogo. Se o primeiro tento remeteu ao trabalho sério da jovem Chapecoense, o segundo referiu-se à solidariedade, outro pilar da reconstrução: o Palmeiras paga a maior parte do salário de Amaral.

    Aos 26 minutos do segundo tempo, a partida foi interrompida para a reprodução nos telões do estádio do conhecido vídeo em que jogadores e comissão técnica comemoram a classificação à final da Copa Sul-Americana. O momento de interrupção refere-se ao número de vítimas do acidente, 71 minutos jogados, e irá se repetir em todos jogos na Arena Condá.

    Perto do fim, o meia Vitinho fez um belíssimo gol de longa distância e transformou o resultado naquele pelo qual a maioria torcia: um empate, 2 a 2.

    Acidente em voo da Chapecoense

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