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    Herói do Batatais na Copinha, goleiro superou trauma pessoal com defesas

    EDUARDO RODRIGUES
    DE SÃO PAULO

    21/01/2017 23h30

    Marcello Zambrana/AGIF
    O goleiro Gerson, que virou herói do Batatais na Copinha
    O goleiro Gerson, que virou herói do Batatais na Copinha

    Uma oração em voz baixa e um olhar para o céu. Esse é o ritual de Gerson, 19, goleiro do Batatais na Copa São Paulo antes de encarar uma cobrança de pênalti.

    Com a camisa 12, número usado pelo ex-goleiro Marcos, seu ídolo, Gerson se tornou o responsável pela vitória do seu time nas três disputas por pênaltis em que foi exigido na competição.

    Na última, nas quartas de final, na quarta-feira (18), defendeu três cobranças, levou o Batatais a uma inédita semifinal e virou herói improvável do time na competição mais tradicional do futebol de base do país.

    Diante do Paulista, neste domingo (22), às 10h, em Jundiaí, o Batatais tenta a vaga na final, que será no Pacaembu, no dia 25 de janeiro.

    Antes de alcançar os feitos, porém, o goleiro viveu um drama. No dia 22 de agosto de 2015, sua irmã, Emanuelle, 20, morreu em um acidente de carro. Uma depressão tomou conta de Gerson.

    "Vivíamos juntos e depois daquilo eu não queria mais jogar nem tinha vontade de viver", afirmou à Folha.

    Quatro dias depois do acidente, Gerson iria para o Sporting, de Portugal, mas preferiu ficar ao lado da família e esquecer o futebol.

    Em sua cidade natal, Jardinópolis, a 35 km de Batatais, trabalhava com a mãe em uma confecção de roupas.

    No meio do ano passado, porém, ele foi convidado a fazer parte do grupo que disputaria o Paulista sub-20. Mesmo a contragosto, aceitou.

    A campanha do time foi ruim, o que lhe trouxe nova desilusão. Desta vez, estava decidido a não voltar mais.

    Um telefonema no fim de novembro mudou de novo os planos. Era a diretoria do Batatais, lhe informando que seu nome havia sido inscrito na Copa São Paulo.

    "Para falar a verdade, eu não estava muito afim [de jogar]", comentou.

    Gerson ligou para os seus pais, que entenderam que o melhor no momento era ele participar da competição, afinal o sonho da sua irmã era vê-lo "jogando na televisão".

    Fora de forma em seus 1,83 m, ele adiou o faculdade de medicina veterinária e aceitou o desafio.

    Para o garoto, mais do que sua habilidade, há uma força divina, que segundo ele vem do céu. Sempre que olha para cima em seus rituais antes do pênalti, está conversando com "Manu". Gerson tem a certeza de que ela está ali com ele em cada defesa.

    Após o sucesso repentino, agora ele sonha maior: jogar em um time grande.

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