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    Presidente do Corinthians terá seu futuro definido antes do Carnaval

    GUILHERME SETO
    DE SÃO PAULO

    06/02/2017 02h00

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    Roberto de Andrade, presidente do Corinthians, durante entrevista
    Roberto de Andrade, presidente do Corinthians, durante entrevista

    O presidente do Corinthians, Roberto de Andrade, terá definição de seu destino antes do Carnaval. Segundo a Folha apurou, a comissão de ética do clube entregará relatório sobre o pedido de impeachment de Andrade nesta segunda (6), e o presidente do conselho deliberativo, Guilherme Strenger, convocará reunião dos conselheiros no dia seguinte, terça (7).

    O encontro entre os conselheiros deverá acontecer em dez dias -ou seja, nos últimos dias do mês-, e definirá se Andrade será afastado.

    A partir da data do afastamento, Strenger terá cinco dias para convocar assembleia geral de associados para definir se Andrade será destituído do cargo. No período, o presidente será o vice André Luiz de Oliveira, conhecido como André "Negão".

    A assembleia pode acontecer em no mínimo 30 dias e no máximo 60, e será convocada justamente no prazo mínimo de um mês.

    Conselheiros de diferentes posições querem acelerar o processo, já que a indefinição tem prejudicado o planejamento do clube. O Corinthians teve dificuldade para conseguir um diretor de futebol e, somente a quarta opção, Flávio Adauto, aceitou o convite de Andrade.

    Negociações de jogadores, técnicos e patrocinadores também foram truncadas em razão da indefinição política.

    "O clube precisa de definição, tanto para saber se o Roberto continua ou se um novo mandato se inicia. Queremos que o sangramento do clube nessa indefinição não ocorra mais", diz Strenger.

    IMPEACHMENT

    O motivo para a abertura do pedido de impeachment de Andrade em novembro de 2016 foi a presença de assinaturas do dirigente em atas de reuniões com a Odebrecht sobre a Arena Corinthians com datas anteriores à sua eleição, em fevereiro de 2015.

    Andrade alega que os documentos só chegaram às suas mãos depois da eleição.

    Internamente, no entanto, tanto entre apoiadores como opositores o diagnóstico coincide: as assinaturas são um álibi, e o presidente responde ao processo por falta de apoio político no Corinthians.

    Nesse sentido, alguns conselheiros comparam sua situação à da ex-presidente Dilma Rousseff e as "pedaladas fiscais," que serviram de justificativa para seu impeachment no ano passado.

    O fiel da balança de Andrade será Andres Sanchez, que mobiliza grande número de conselheiros no clube e sustentou a campanha do atual presidente. Por divergências, sobretudo na distribuição de cargos na gestão, iniciada em 2015, eles se afastaram.

    Em janeiro de 2017, eles se desentenderam depois que Andrade recusou proposta de Sanchez de comandar uma brigada de restauração do clube, que seria composta por ele como superintendente de futebol, por Luis Rosenberg como diretor de marketing, e por Raúl Correa como diretor financeiro.

    Caso o ex-presidente decida que não vale mais a pena sustentar Andrade no poder, a queda do mandatário após a reunião do conselho e a assembleia de sócios se tornará praticamente certa.

    O mandato de Andrade tem sido premido pela crise financeira do clube, que tem as contas comprometidas pelo pagamento das parcelas da Arena Corinthians -há pouco menos de um ano o clube paga apenas os juros das parcelas de R$ 5 milhões, mas não o valor principal.

    O dinheiro da bilheteria vai integralmente para um fundo de pagamento da dívida da construção do estádio.

    Diante desse cenário, o time não conseguiu manter jogadores de nível e se reforçou com modéstia para 2017.

    O presidente corintiano também sofre no âmbito da crise com a construtora do estádio, a Odebrecht, com a qual o clube discorda sobre o estado de conclusão da obra e seu custo real.

    Placas de granito do local se soltaram no período e acenderam alerta em relação a possíveis acidentes graves.

    CONTINUIDADE OU SUCESSÃO

    Após a reunião do conselho e a assembleia de sócios, cujos resultados serão definidos por maioria simples, caberá a Strenger convocar outra reunião do conselho deliberativo para definir o novo presidente do clube caso Andrade seja de fato destituído. Para essa reunião não há prazo de agendamento.

    Nesse cenário, despontam como possíveis candidatos o médico Jorge Kalil; o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo Antonio Roque Citadini; Andres Sanchez e o próprio André "Negão", seu aliado.

    "Sempre fomos contra o mandato do Roberto. Sobre o impeachment, ele deve se definir no próprio grupo que elegeu o presidente. O Andres disse que o grupo 'Renovação e Transparência' acabou. Foi a confirmação do esfacelamento. Não sabemos ainda aonde vai chegar. De repente eles recompõem seus interesses. Por outro lado, depois de tantas diferenças, a desintegração pode até mesmo se agravar. Seguramente a oposição terá um candidato, mas primeiro vamos ver o que acontece", afirma Citadini.

    CORDA BAMBA
    Roberto de Andrade e a reta final do impeachment

    RELATÓRIO E CONVOCAÇÃO (COMEÇO DE FEVEREIRO)
    Conselheiros entregam relatório sobre as acusações sofridas por Roberto de Andrade no processo de impeachment. Guilherme Strenger, presidente do conselho deliberativo, convoca reunião de conselheiros para antes do final do mês

    A REUNIÃO (FINAL DE FEVEREIRO)
    Na reunião de conselheiros, a decisão do afastamento ou não de Andrade se dará por maioria simples. Caso seja decidido o afastamento, o atual vice-presidente André Luiz de Oliveira assume o cargo provisoriamente. Caso seja decidida a permanência, Andrade continua como presidente

    A ASSEMBLEIA (FINAL DE MARÇO)
    Uma assembleia de associados acontecerá cerca de um mês depois da reunião dos conselheiros para definir se Andrade será destituído ou não. Se a destituição não for confirmada, ele volta ao cargo de presidente do clube. A decisão também será por maioria simples

    A NOVA ELEIÇÃO (SEM PRAZO)
    Definida a destituição de Andrade, caberá ao presidente do conselho deliberativo convocar nova reunião de conselheiros para definir o novo mandatário do Corinthians. Nesse cenário, despontam como candidatos o médico Jorge Kalil; o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo Antonio Roque Citadini; Andres Sanchez e o próprio André de Oliveira, seu aliado

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