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    Patrocínio regride 15 anos e faz natação enxugar gastos e projetos

    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    09/02/2017 02h00

    Satiro Sodre - 17.dez.2014/Divulgação/SSPress
    Cesar Cielo. Torneio Open de Natacao no parque aquatico do Botafogo. 17 de Dezembro de 2014, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Foto: Satiro Sodre/SSPress
    Cesar Cielo durante o Torneio Open de Natação

    Após investimento recorde de olho nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o patrocínio dos Correios para a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) praticamente retrocedeu ao patamar de 15 anos atrás. Entre 2002 e 2003, os Correios deram R$ 10,5 milhões –em números corrigidos pelo IPCA.

    Nos próximos dois anos, a estatal vai destinar à confederação R$ 11,4 milhões –R$ 5,7 milhões por temporada.

    Como comparação, no último ciclo olímpico, entre 2012 e 2014, as verbas de patrocínio da estatal atingirem um pico de R$ 59 milhões.

    A arrocho atingiu em cheio o planejamento e a estrutura da CBDA, altamente dependente dos recursos oriundos dos Correios. A confederação perdeu outro parceiro importante: o banco Bradesco.

    Segundo Ricardo de Moura, superintendente executivo da entidade, o orçamento de 2017 despencará em relação ao do ano passado e impactará principalmente o carro-chefe dos esportes aquáticos do país, a natação.

    Em 2016, a CBDA teve R$ 38 milhões para investir. Agora, prevê um 2017 magro, com só R$ 10 milhões ao dispor.

    Ele define a situação como "complicadíssima". "Vamos ter de adaptar nosso dia a dia o que temos. Cortar pessoal e ações", afirmou o dirigente.

    Moura disse que tentará poupar os torneios já previstos para a temporada mas, para economizar, eles deverão ter duração reduzida.

    Uma delegação enxuta será levada para o Mundial de Budapeste, em julho. A definição será feita de acordo com critérios técnicos a partir dos tempos obtidos no Troféu Maria Lenk, em maio.

    Em novembro, a entidade disse que apenas oito nadadores seriam levados à Hungria. Agora, Moura afirmou que o número pode aumentar, mas não inflará muito.

    Em comparação, no último Mundial, em 2015, em Kazan (Rússia), foram inscritos 25 atletas. "Temos de estudar o quadro para saber o que vamos fazer", comentou.

    No Mundial russo, o Brasil obteve quatro medalhas nas piscinas. Dois anos antes, na edição Barcelona, haviam sido cinco medalhas obtidas.

    Segundo o superintendente, os treinadores-chefes das seleções –Alberto Silva (masculino) e Fernando Vanzella (feminino)– serão mantidos, mas deixarão de receber salário fixo. Só serão pagos por ações com a CBDA.

    O envio de uma delegação para o Mundial júnior de Indianápolis (Estados Unidos), em agosto, está indefinido.

    A situação se replica nas outras modalidades sob batuta da CBDA: polo aquático, nado sincronizado, maratona aquática e saltos ornamentais. Moura afirmou que, apenas em 2016, a confederação promoveu 40 ações internacionais em seus esportes. Agora, não sabe se o número chegará a uma dezena.

    Correios e a CBDA têm parceria desde 1991. A natação tem 14 medalhas olímpicas, quarto esporte do país com mais conquistas. Delas, dez vieram depois do patrocínio.

    Ao divulgar o corte, a estatal se tratar de "reflexo do cenário atual de reestruturação pelo qual a empresa passa".

    Ela, que acumulou prejuízo nos últimos dois anos, tinha previsão de fechar 2016 com perda de R$ 2 bilhões.

    A CBDA terá eleições para presidente em março. Além do dinheiro curto, a entidade vive instabilidade política.

    Em 2016, o atual mandatário, Coaracy Nunes, e outros dirigentes foram acusados pelo Ministério Público Federal em São Paulo de improbidade administrativa. Os dirigentes chegaram a ser afastados em razão de liminar judicial, que depois foi derrubada.

    CORREIOS E A ÁGUA - Estatal patrocina a CBDA desde 1991

    RECUO

    Antes de divulgar a manutenção do patrocínio à CBDA com redução no valor pago, a direção dos Correios chegou a decidir por cortar completamente o apoio. A estatal voltou atrás por entender que findar a parceria seria prejudicial a sua imagem, segundo a Folha apurou.

    Devido à investigação do Ministério Público Federal de São Paulo, que pediu afastamento do presidente da confederação, Coaracy Nunes, e de outros diretores por improbidade administrativa, a negociação do contrato chegou a ser suspensa em outubro. A estatal cobrou "esclarecimentos sobre o assunto".

    Além da CBDA, os Correios também patrocinam a CBT (tênis) e CBHb (handebol). No caso do tênis, houve redução de aproximadamente 76% em relação aos valores do último contrato vigente.

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