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    Federação impede transmissão on-line do 'Atletiba' e clubes se negam a jogar

    DE SÃO PAULO

    19/02/2017 18h02 - Atualizado às 21h53

    Jason Silva/AGIF
    Jogadores do Atlético-PR e do Coritiba se unem no centro da Arena da Baixada enquanto aguardam decisão da Federação
    Jogadores do Atlético-PR e do Coritiba aguardam decisão sobre o jogo na Arena da Baixada

    A partida entre Atlético-PR e Coritiba deste domingo (19) ficará marcada como o clássico que não aconteceu.

    Dirigentes das duas equipes acusaram a Federação Paranaense de Futebol e, por tabela, a Rede Globo, de terem impedido o início do jogo, que seria mostrado ao vivo pelos canais dos clubes no YouTube e no Facebook.

    Eles consideraram baixa a proposta financeira da emissora para transmitir o confronto e decidiram disponibilizá-lo de graça, na internet.

    Para a Folha, por telefone, o presidente da Federação Paranaense, Hélio Pereira Cury, negou que o direito de televisionamento tenha tido qualquer influência na não realização do clássico.

    "Os clubes têm o poder de tomar decisões que lhe dizem respeito. Não podem terceiros interferir nisso", disse o presidente do Atlético-PR, Luiz Sallim Emed.

    A Rede Globo tem contrato com a Federação Paranaense para transmitir os jogos do torneio estadual mas, segundo os dirigentes de Atlético e Coritiba, os dois clubes não estão incluídos.

    "Não teve nada a ver com direito de TV. A equipe que faria a transmissão não estava credenciada. É simples. O credenciamento tinha de ter sido feito na Federação 48 horas antes do clássico. Isso não aconteceu. O árbitro avisou que essas pessoas teriam de se retirar e elas se recusaram. A culpa não é da Federação, é dos clubes", afirmou Cury.

    A partida estava marcada para começar às 17 horas. Às 17h17, os jogadores voltaram para os vestiários porque havia indefinição sobre a transmissão. O árbitro Paulo Roberto Alves avisou a cartolagem que havia recebido ordem para começar a partida apenas quando as imagens da internet fossem interrompidas.

    "Nós não vamos abaixar as calças!", gritou Emed, presidente do Atlético-PR, alegando que o direito de transmissão pertencia aos clubes, não à Federação.

    IRRITAÇÃO

    As duas torcidas passaram quase uma hora gritando contra a Federação e a Globo.

    "Não tem nada de credenciamento. Nós sugerimos que as equipes transmitissem o jogo de fora do campo. O árbitro não aceitou. Hoje é um dia em que eu sinto pena do futebol do Paraná", afirmou o vice-presidente do Coritiba, José Fernando Macedo.

    De acordo com o advogado da Federação, Emerson Fukushima, sentença judicial da 24ª Vara Cível de Curitiba determina que a entidade credencie todos os profissionais da imprensa.

    A transmissão seria feita por um narrador, dois comentaristas e dois repórteres de campo. Segundo Fukushima, nenhum deles tinha direito de estar no estádio.

    Após uma hora de indefinição, os atletas voltaram a campo, saudaram as torcidas e voltaram para o vestiário. O público foi avisado de que o jogo não aconteceria.

    "Vamos ter uma reunião para definir o que vai acontecer, se vai ter outro jogo. Não vou dizer nada a respeito disso por enquanto", disse o presidente da Federação.

    Não é a primeira vez que Atlético-PR e Coritiba têm entrevero com Hélio Pereira Cury. Em 2015, os dois clubes entraram na Justiça para tirá-lo do comando da Federação. Acusaram-no de gestão temerária e pediram que fosse destituído. Cury ocupa a presidência desde 2007.

    "Essa iniciativa vai mostrar para o resto da vida que Atlético e Coritiba iniciaram um processo silencioso como [Mahatma] Gandhi [líder pacifista indiano], de dizer 'não'. Fica o alerta para os outros clubes", afirmou Emed.

    INTERFERÊNCIA

    A Globo afirmou que não teve interferência no ocorrido na partida deste domingo (19) entre Atlético-PR e Coritiba e que estava ciente da transmissão pela internet.

    "O Grupo Globo não tem contrato vigente com Atlético-PR e com o Coritiba nesta edição do campeonato paranaense. Portanto não temos interferência na decisão dos clubes e da Federação de não realizar a partida. Entendemos que cabe aos clubes dispor livremente dos direitos nos jogos em que se enfrentam, e estávamos cientes inclusive da transmissão via internet", disse porta-voz da emissora.

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