• Esporte

    Sunday, 05-May-2024 08:13:33 -03

    Aliado de Andrés, vice do Corinthians pode realizar sonho de ser presidente

    ALEX SABINO
    DE SÃO PAULO

    20/02/2017 02h00

    Marisa Cauduro/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 24-11-2011. Andre Luiz Oliveira, diretor administrativo do Corinthians ( Foto: Marisa Cauduro / Folhapress, ESPORTE ) ***EXCLUSIVO FOLHA***
    André Luiz de Oliveira, que pode se tornar presidente do Corinthians nesta segunda (20)

    "Ganhamos, porra!"

    André Luiz de Oliveira, 56, abraçou Andrés Sanchez e comemorou. Era 9 de outubro de 2007 e o amigo havia sido eleito, minutos antes, presidente do Corinthians.

    "Agora é Andrés. Amanhã pode ser o André", comentou outro correligionário.

    O "amanhã" de Oliveira, conhecido como André Negão, 56, pode chegar nesta segunda (20). Se a abertura do processo de impeachment de Roberto de Andrade for aprovada, ele vai realizar o grande sonho de sua vida: comandar o Corinthians.

    Oliveira sempre foi o braço direito de Sanchez. Às vezes, o esquerdo também. No grupo político "Renovação e Transparência", que administra o clube há dez anos, ele é o operador eficiente. O sujeito ideal para resolver problemas. Isso o faz ser popular entre os associados.

    Está sempre no Parque São Jorge, capaz de solucionar qualquer pendência. Seja a carteirinha do associado que não passa na catraca ou um pedido do presidente.

    André Negão faz parte do que ficou conhecido no clube como "os quatro mosqueteiros", com Andrés Sanchez, Manoel Ramos Evangelista (o Mané da Carne) e Jacinto Antonio Ribeiro (o Jaça). Um grupo que ascendeu junto ao poder no Corinthians, com Sanchez no papel de líder.

    Apesar de estarem em um grupo com as palavras "renovação" e "transparência", eles estavam no clube quando o presidente era Alberto Dualib, que renunciou ao cargo após ter sido acusado pelo Ministério Público de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

    André Negão já teve problemas com a Justiça. No ano passado, seu nome apareceu em uma das fases da Operação Lava Jato. Estava em planilha da Odebrecht, construtora do Itaquerão, por suposto recebimento de propina de R$ 500 mil.

    Ele nega a acusação. Levado em condução coercitiva para a Polícia Federal, foi preso pela posse ilegal de duas pistolas e liberado após pagamento de fiança de R$ 5 mil.

    Treze anos antes, ao sair de um bar próximo ao Parque São Jorge, levou sete tiros pelas costas. O atirador fugiu no banco do passageiro de uma moto. Oliveira foi levado para o hospital, ficou mais de duas semanas na UTI, mas sobreviveu sem sequelas. O crime jamais foi esclarecido.

    Ex-bicheiro e ex-sócio de Jaça, ele passou os últimos anos dedicado à ideia de ser presidente. Criou o slogan "alô, presidente!". As letras do "alô" são suas iniciais.

    Pela popularidade entre as pessoas que frequentam o Parque São Jorge, poderia ser escolhido como candidato.

    A "Renovação e Transparência" nunca esteve tão fragmentada e Andrés Sanchez, que sempre foi a principal liderança do movimento, precisa de um nome de consenso. Por ser o homem das questões práticas, do combate político e pelo passado fora do clube, encontra resistência.

    Entre todos seus assessores e agregados, é em Oliveira que Sanchez confia cegamente. A amigos, diz que quando precisa de uma missão cumprida à risca, pede a ajuda de André Negão, desde os tempos em que se encontravam na casa de Nesi Curi, ex-conselheiro responsável por introduzi-los na administração do Corinthians. Após ser eleito deputado federal, o nomeou chefe de gabinete, com salário de R$ 12,5 mil.

    Antes disso, Oliveira havia sido funcionário da subprefeitura da Vila Maria, em São Paulo, cargo obtido graças à influência do ex-vereador Wadih Mutran. Foi comissionado na secretaria municipal de Esportes, Lazer e Recreação em São Paulo entre 2006 e 2013, quando os prefeitos foram José Serra (PSDB-SP) e Gilberto Kassab (PSD-SP).

    Quando Sanchez foi escolhido diretor de seleções da CBF por Ricardo Teixeira, entre 2011 e 2012, Oliveira chefiou a delegação brasileira sub-20 na Copa Internacional do Mediterrâneo, disputada em Barcelona, em 2012.

    Com a ideia fixa de ser o primeiro presidente negro do Corinthians desde os tempos em que levava garotos da base para jogos em seu carro particular, ele pode realizar o sonho nesta segunda à noite. Para cumprir a profecia de que ontem foi Andrés, hoje é André.

    Edição impressa
    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024