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    Após acordo, Roberto de Andrade continua presidente do Corinthians

    ALEX SABINO
    GUILHERME SETO
    DE SÃO PAULO

    20/02/2017 21h19

    Avener Prado/Folhapress
    Roberto de Andrade fala com a imprensa após ser mantido no cargo de presidente
    Roberto de Andrade fala com a imprensa após ser mantido no cargo de presidente

    Após acordo com o grupo encabeçado pelo ex-presidente Andrés Sanchez, Roberto de Andrade continua como mandatário do Corinthians. Em reunião de conselheiros do clube nesta segunda-feira (20), no Parque São Jorge, foi decidido que a acusação de que ele teria assinado atas de reuniões sobre o Itaquerão e o documento de renovação de contrato para o estacionamento do estádio antes de assumir o cargo em fevereiro de 2015 não era suficiente para o impeachment.

    A manutenção de Andrade foi decidida em votação sobre o mérito da acusação. Nesse pleito, por 183 votos a 81, a denúncia foi considerada insuficiente para afastar o presidente, levando ao arquivamento do processo.

    "Aliviado não é a palavra certa. Desde o primeiro dia, na minha defesa e conversas informais, sempre narrei o acontecido como ele foi, como depus no inquérito na delegacia e como foi minha defesa na comissão de ética. Nunca falei uma vírgula diferente. Nenhum ato lesivo ao clube, assim como nunca fui na minha vida. O pedido de impeachment foi motivado por um grupo querendo poder. Esse pedido nada mais é do que política. Queriam antecipar a eleição de fevereiro de 2018", disse Andrade em coletiva de imprensa.

    Em encontro realizado horas antes da reunião do conselho deliberativo, Andrade concordou em mudar a forma como administra o clube, descentralizando o poder e distribuindo cargos a aliados, o que fez com que conseguisse apoio na votação do dia.

    O pedido foi feito por integrantes da chapa "Renovação e Transparência", que administra o Corinthians há dez anos e que é encabeçada por Andrés Sanchez. O deputado federal (PT) já havia tentado o mesmo acordo há cerca de um mês e Andrade havia recusado. Agora, Sanchez deve passar a ter participação ainda maior nas tomadas de decisão da atual gestão.

    Hostilizado por torcedores que queriam a saída de Andrade, ele comemorou.

    "O presidente errou na administração em algumas atitudes, mas não configura dolo. Essas pessoas que falaram em impeachment têm muito a perder. Graças a Deus, o conselho decidiu que não [afastaria Andrade]", disse.

    Avener Prado/Folhapress
    Organizada faz manifestação a favor do impeachment durante reunião do conselho
    Organizada faz manifestação a favor do impeachment durante reunião do conselho

    Entre conselheiros, havia consenso que a questão das assinaturas era uma desculpa para derrubar Andrade.

    Alguns opositores o criticam pelo endividamento crescente do clube, pela falta de transparência e pelo envolvimento contínuo em escândalos. O mais recente se refere a contrato com a empresa Omni para exploração comercial do estacionamento da Arena Corinthians.

    A empresa nunca havia administrado um estacionamento, não tinha licença para tal e, como revelou a revista "Época", teria terceirizado essa atividade no estádio.

    Nesse sentido, a insatisfação dos conselheiros de variadas posições no espectro político do clube pode levar a um novo pedido de abertura de processo de impeachment contra Andrade. Críticos do presidente conversam sobre a possibilidade de utilizar as supostas irregularidades no contrato com a Omni para embasar outro processo.

    Além disso, as contas da gestão de Andrade já foram rejeitadas pelo conselho deliberativo duas vezes. Mais uma votação deve ser feita em aproximadamente dois meses. Outra reprovação também poderia justificar um processo de impeachment.

    NA JUSTIÇA

    Os conselheiros da oposição prometem ir à Justiça para anular a reunião do conselho deliberativo do Corinthians. O argumento é que o presidente do órgão, Guilherme Strenger, não seguiu o regimento interno do clube.

    "O impeachment não foi votado. O jeito é ir à Justiça para tornar essa reunião nula", disse o conselheiro Romeu Tuma Jr.

    A reclamação é que o correto seria aprovar os assuntos a serem debatidos na reunião. Strenger, em vez disso, colocou em votação secreta a admissibilidade ou não do parecer do conselho de ética sobre a abertura do processo.

    "Nem acho que foi maldade do presidente [do conselho]. Acho que a pressão foi muito grande em cima e ele se confundiu", completou Tuma Jr.

    Os aliados do atual presidente não levam em consideração as ameaças e avaliam que o cartola saiu fortalecido da reunião.

    "Eu esperava uma votação apertada. Foi uma vitória folgada, por mais de cem votos de diferença. Não tem o que discutir. O Roberto venceu e a oposição perdeu. Isso é o que interessa", disse o vice-presidente Jorge Kalil.

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