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    Rio de Janeiro

    Seis meses após Jogos, governo diz não saber quanto gastou em segurança

    CAMILA MATTOSO
    DE BRASÍLIA

    23/02/2017 02h00

    Mais de seis meses depois da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, o governo federal diz ainda não saber quanto gastou para fazer a segurança do evento.

    O Ministério da Justiça convocou nos dias anteriores ao megaevento esportivo centenas de soldados da Força Nacional em caráter de urgência, pagando deslocamento e diárias para os recrutados.

    A pasta ainda teve de arcar com custos de compra de colchões e camas para comportar o reforço na segurança.

    Questionado em três oportunidades diferentes após a realização dos Jogos sobre os valores gastos, o governo disse não ter resposta.

    As perguntas foram enviadas em outubro e novembro de 2016 e em fevereiro deste ano. Estimativa feita pela Folha na época da Olimpíada calculava que os gastos extras com segurança poderiam passar de R$ 30 milhões.

    A menos de uma semana da abertura dos Jogos, o Ministério da Justiça anunciou o rompimento de contrato com a empresa que havia sido contratada para cuidar da segurança do evento.

    A Artel Recursos Humanos participou do pregão e foi a escolhida, em um contrato de cerca de R$ 17,3 milhões, para fazer a segurança na entrada das instalações olímpicas.

    A companhia nunca havia atuado em grandes eventos e não conseguiu, segundo o governo, recrutar pessoas a tempo. Diante do impasse, foi anunciado que a Força Nacional assumiria o trabalho da empresa. Policiais militares inativos foram recrutados para ajudar na Olimpíada.

    O ministro licenciado Alexandre de Moraes, indicado para o STF (Supremo Tribunal Federal), foi quem comandou todas as negociações e quem divulgou a posição do governo à época.

    Por causa do imbróglio, houve problemas na entrada do Parque Olímpico, especialmente no primeiro dia do evento, por falta de efetivo.

    PAGAMENTOS

    Cada um dos recrutados recebeu diária de R$ 560,50 até o dia 22 de agosto -os funcionários da Artel receberiam R$ 26 por dia. Moraes disse na época que o gasto não passaria de R$ 20 milhões.

    A Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge), ligada ao Ministério da Justiça, disse que o único valor pago a Artel, de R$ 122 mil, foi "relativo ao cumprimento da primeira meta contratual, qual seja, o treinamento operacional por plataforma de ensino a distância dos funcionários a serem empregados nas instalações olímpicas, tendo sido suspensos os demais pagamentos previstos".

    A Sesge também afirmou que existe um processo de apuração em andamento que pode levar a aplicação de mais penalidades à empresa.

    OUTRO LADO

    O Ministério da Justiça foi procurado três vezes pela reportagem sobre a divulgação dos gastos com segurança nos Jogos Olímpicos do Rio.

    Em outubro de 2016, a assessoria de imprensa da pasta afirmou que os valores estavam sendo consolidados.

    "Esses valores ainda estão sendo consolidados, não só da Força Nacional como também dos demais órgãos."

    No começo de novembro, o órgão respondeu que "os gastos da Força Nacional na Rio-2016 ainda se encontram em fase de ajustes e prestação de contas, com conclusão prevista para segunda quinzena de novembro".

    Já em fevereiro, questionada mais uma vez, a pasta disse que "não dispomos da resposta, os valores ainda estão sendo consolidados".

    A Folha pediu, por último, um posicionamento sobre a omissão dos gastos, mas o ministério não respondeu.

    Ricardo Moraes/Reuters
    Soldado faz a segurança da maratona olímpica no Rio
    Soldado faz a segurança da maratona olímpica no Rio
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