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    Bernardinho planeja livro para 2017 e revela admiração por técnico espanhol

    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    26/02/2017 02h00

    Faz somente algumas semanas que Bernardinho, 57, anunciou sua saída da seleção brasileira masculina de vôlei, e neste período passou a desenvolver inúmeros projetos.

    Um deles é a conclusão de um novo livro, que pretende lançar até o final deste ano. A obra ainda não tem título definido, mas seguirá a toada de outra publicação sua de sucesso, "Transformando Suor em Ouro" (Sextante), lançado em 2006.

    A obra publicada há 11 anos falava sobre liderança tendo como pano de fundo a geração de Giba, Gustavo, Ricardinho e Serginho, campeã olímpica em Atenas-2004 e mundial na Argentina, em 2002.

    Neste novo livro, Bernardinho afirmou que planeja continuar a história, contando episódios de liderança com a seleção brasileira de 2004 até a conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

    "O 'Transformando' acaba em 2004, com a conquista do ouro olímpico em Atenas. Esse novo vai abordar os 12 anos depois. Eu quero lançá-lo até o final do ano. São aprendizados e valores de liderança que quero compartilhar com as pessoas", disse o técnico à Folha.

    Bernardinho também publicou na década passada o livro "Cartas a Um Jovem Atleta" (Elsevier - Campus), cujo cunho também é motivacional.

    ADMIRAÇÃO

    É bem provável que neste novo livro Bernardinho enfatize um episódio com o técnico espanhol Jesus Morlán, responsável por lapidar Isaquias Queiroz, que deixou os Jogos do Rio com três medalhas (duas pratas e um bronze) na canoagem.

    Na véspera da final olímpica da seleção masculina de vôlei, contra a Itália, Bernardinho convidou Morlán para uma palestra de incentivo rápida, mas importante.

    "Antes da nossa final olímpica, ele foi assistir ao nosso treino. Quando acabou a atividade, eu o chamei e pedi para falar com o grupo numa salinha. Disse aos jogadores: 'vou trazer alguém aqui e, se ele não resolver pra gente, ninguém resolve'. Porque se Jesus não fosse resolver, ninguém iria resolver [risos]. Aí, ele entrou, ficou cinco minutos e encantou a todos", contou Bernardinho.

    O resto é história. No dia seguinte, 21 de agosto, a seleção masculina de vôlei derrotou a Itália por 3 sets a 0 e conquistou o segundo ouro olímpico de sua história.

    Apesar do fim do ciclo, a relação entre Bernardinho e Morlán só fez intensificar. E passou pela maior prova em novembro, quando o espanhol teve um mal súbito em Lagoa Santa (MG), base da seleção de canoagem, foi diagnosticado com um câncer no cérebro e teve de ser transferido para o Rio.

    "Até me arrepio quando falo do Jesus. Mandei uma mensagem ontem [na última terça-feira] para ele. Quando ele teve a doença diagnosticada ajudei a fazer o trâmite todo com o COB [Comitê Olímpico Brasileiro]. É um cara admirável, um amigo que fiz nos últimos anos que vai ficar para sempre", afirmou Bernardinho.

    Morlán permaneceu no Rio por mais de dois meses fazendo quimioterapia e radioterapia, mas a doença não cedeu. Atualmente ele está de volta a Lagoa Santa, mas seu estado de saúde ainda é grave, o que preocupa o ex-técnico da seleção de vôlei.

    Em meio a um "arrepio" de emoção ao falar do amigo, Bernardinho disse que ambos têm recorrido a brincadeiras para amenizar a gravidade do momento.

    "Ele até brincou: 'Bernardo, se eu não voltar você cuida dos meninos, vou te dar a canoagem'. Ele é um exemplo em todos os sentidos, um treinador excepcional e uma grande figura humana", concluiu Bernardinho.

    Zanone Fraissat/Folhapress
    RIO DE JANEIRO/RJ BRASIL. 19/12/2016 - Tecnico espanhol Jesus Morlan, que treina o fenomeno brasileiro Isaquias Queiroz, que na Olimpíada do Rio conquistou três medalhas.(foto: Zanone Fraissat/FOLHAPRESS, ESPORTE)***EXCLUSIVO***
    O técnico espanhol Jesus Morlán na sede do Comitê Olímpico Brasileiro, no Rio

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