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    Sem pagar funcionários, Confederação de basquete elege novo presidente

    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    10/03/2017 02h00

    Atraso em pagamentos de vales transporte e refeição, salários pela metade, falta de depósito do FGTS e iminente cancelamento dos planos de saúde dos funcionários.

    É em meio a tal cenário de penúria que a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) elege nesta sexta-feira (10), no Rio, seu novo presidente.

    Um dos concorrentes pelo cargo, Amarildo Rosa ou Guy Peixoto Júnior, herdará da administração de Carlos Nunes, que dura desde 2009, uma estrutura falida e sem crédito.

    Desde novembro, a CBB está suspensa pela Fiba (federação internacional), que exigiu reestruturação e conformidade com seu estatuto internacional. A punição será mantida ao menos até maio.

    Além disso, devido à disparada de seu endividamento —que foi de R$ 1,1 milhão há oito anos a R$ 17,2 milhões em 2015—, a confederação tem sofrido para sobreviver.

    E quem tem pagado o maior preço são os funcionários. A Folha apurou que os contratados não receberam vale transporte ou alimentação de janeiro, fevereiro e março.

    O plano de saúde, que não foi pago em janeiro e fevereiro, está para ser cancelado.

    Além disso, em 2016 a confederação depositou o FGTS de seus quadros em apenas dois meses. Neste ano, até agora não houve aporte.

    Salários também estão em atraso. Quem ganha até R$ 2.500 mensais recebeu o valor integral de janeiro, mas não o de fevereiro e março. Aqueles com vencimento superior à faixa só receberam R$ 2.500 em janeiro.

    A situação só não está pior porque o COB (Comitê Olímpico do Brasil) assumiu toda a folha salarial de outubro, novembro, dezembro e o 13º salário dos contratados.

    Encurralada, a confederação não tem mais para onde correr em termos de captação de receitas. Ela perdeu o patrocínio do Bradesco, que lhe rendia cerca de R$ 8 milhões anuais, e o único apoiador restante é a Nike. Porém, o repasse da gigante do material esportivo já está todo comprometido até o final de 2018.

    O motivo é que a CBB pediu o adiantamento do patrocínio para quitar uma dívida com a Fiba (Federação Internacional de Basquete), relativa a convite para a disputa do Mundial da Espanha-2014 –o Bradesco também emprestou dinheiro para isso.

    Os dois patrocinadores deram R$ 2 milhões para que as seleções não fossem impedidas de jogar a Rio-2016.

    A Olimpíada passou, mas a dívida com a federação não. A Folha apurou que a CBB tem de pagar R$ 700 mil por não ter realizado etapa do circuito mundial 3x3 em 2016.

    Outra fonte de renda seria a Lei Piva, que é distribuída pelo COB. Entretanto, o comitê nacional só vai liberar os R$ 3,4 milhões previstos para a CBB quando a Fiba retirar a suspensão, o que pode ocorrer em maio ou não.

    Além disso, a confederação está impedida de receber recursos de convênios do Ministério do Esporte, uma vez que não conseguiu pagar certidões necessárias para que haja liberação de verba.

    Procurada, a diretoria liderada pelo ainda presidente Carlos Nunes afirmou que perguntas devem ser respondidas pela próxima gestão, a ser eleita nesta sexta-feira.

    Rosa prega em sua campanha corte de despesa, a busca por outro patrocinador, de preferência estatal, e ajuda da Fiba para a reconstrução.

    Peixoto Júnior disse que sua prioridade é tomar pé do tamanho da dívida e pôr em prática plano de medidas emergenciais em três meses.

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