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    Copa Libertadores

    Rival do Palmeiras nesta quarta, Alex Silva temeu a morte e mudou de vida

    EDUARDO RODRIGUES
    DE SÃO PAULO

    15/03/2017 02h00

    Aizar Raldes/AFP
    Bolivia's Jorge Wilstermannt footballers pose for pictures before their Copa Libertadores football match against Uruguay's Penarol at Felix Capriles Stadium, in Cochabamba, Bolivia on March 07, 2017. / AFP PHOTO / ar / AIZAR RALDES ORG XMIT: 458
    Alex Silva foi titular no duelo contra o Jorge Wilstermann diante do Peñarol

    Alex Silva, o "Pirulito", apareceu no São Paulo em 2006 como um zagueiro promissor. Alto e rápido, era cotado para ser o sucessor de seu irmão, Luisão, na zaga da seleção brasileira.

    Ainda jovem, com seus 22 anos, correspondeu às expectativas e foi fundamental nas conquistas do Campeonato Brasileiro de 2006 e 2007 sob o comando de Muricy Ramalho. A boa fase ainda o levou para a Copa América de 2007, onde também foi campeão.

    Junto com o sucesso, vieram as noitadas, as bebidas e mulheres. Logo depois, as lesões, que para Alex Silva foram as responsáveis por sua carreira não ter se mantido por mais tempo em alta.

    "As pessoas falam muito das coisas fora do campo, e eu não concordo. Qual jogador não gosta do seu pagode, não gosta da sua hora de lazer? O que me prejudicou foram as lesões", afirmou o zagueiro à Folha.

    Após passar por Flamengo, Cruzeiro, Boa Esporte, São Bernardo, Brasiliense, Rio Claro e Hercílio Luz, ele chegou ao Jorge Wilstermann, da Bolívia, no começo deste ano. Aos 32 anos e agora com o apelido de "Pirulón", reencontrará o seu antigo rival Palmeiras, nesta quarta-feira (15), pela segunda rodada do Grupo 5 da Libertadores.

    Mas para voltar a disputar uma competição de tamanha importância como a Libertadores depois de atuar na segunda divisão do Catarinense, Alex Silva recebeu lições da vida e revelou que o medo da morte o fez mudar.

    "Em 2014, passei em uma blitz quando estava voltando de uma festa e tinha bebido. A polícia pediu para eu parar, eu sabia que ia ter bafômetro e acabei fugindo. As viaturas me seguiram e acabei detido", afirma o jogador.

    "Quando entrei no IML para exames, me veio uma coisa no coração. Eu poderia estar ali sem vida. Comecei a lembrar da minha família, dos filhos e vi que eu precisava mudar. Dois meses na igreja e me converti", lembra.

    Amparado pela religião, se diz arrependido por ter "reconhecido" Deus tão tardiamente. Mais focado e determinado, pretende retornar ao futebol brasileiro em breve.

    "Acredito que se Deus me colocou aqui [no Jorge Wilstermann], ele tem planos muito maiores para minha vida. Sonhar é de graça, né? Então eu sonho em voltar pra Série A do Brasileiro, jogar em uma grande equipe", diz.

    Antes de realizar o desejo, estuda para se tornar pastor. A sala de sua casa em Cochabamba se transformou em um templo improvisado, frequentado por companheiros de time e amigos próximos.

    BEBEDEIRA

    Pior que enfrentar a altitude da cidade boliviana, de mais de 2.500 metros, foi encarar o "ranzinza" Muricy Ramalho em um de seus deslizes com a bebida.

    Após uma noitada, Pirulito se apresentou para o treino no São Paulo embriagado. Durante a roda de bobinho, os demais jogadores perceberam a alteração do zagueiro e o levaram até o treinador no banco de reservas.

    "Ele [Muricy] falou: 'senta duas cadeiras para lá pra imprensa não ver que eu estou dando dura. Vai lá pro departamento médico, descansa e se amanhã você não correr, não der umas três arrancadas daquelas que você dá, não joga mais comigo'. Cara, eu terminei aquele jogo com um monte de gelo na perna, mas corri e ganhamos (risos)".

    Fabio Braga/Folhapress
    SÃO PAULO, SP, BRASIL, 26-04-2011: Alex Silva. Treino preparatório do São Paulo F.C, que enfrenta o Santos F.C. em jogo válido pela semi final do Campeonato Paulista. (Foto: Fabio Braga/Folhapress, VENCER).
    O zagueiro Alex Silva, que reclamou de protesto da torcida, durante treino do São Paulo, em 2011
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