• Esporte

    Sunday, 19-May-2024 23:08:23 -03

    Clubes não foram avisados sobre perda de poder na eleição da CBF

    PAULO PASSOS
    EDITOR-ADJUNTO DE "ESPORTE"
    EDUARDO RODRIGUES
    GUILHERME SETO
    LUIZ COSENZO
    DE SÃO PAULO
    SÉRGIO RANGEL
    ENVIADO ESPECIAL A MONTEVIDÉU

    24/03/2017 02h00 - Atualizado às 15h01

    Nesta quinta-feira (23), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) promoveu medida que manteve a concentração do poder decisório das federações nas eleições presidenciais da entidade, quebrando expectativa dos clubes de ganhar mais influência no processo.

    A decisão foi tomada em assembleia realizada pela manhã, sobre a qual clubes procurados pela Folha disseram que não foram avisados. Dirigentes de 13 das 20 equipes da Série A do Campeonato Brasileiro confirmaram que não sabiam do encontro, nem da decisão que diminuiu o poder do voto das equipes dos times da elite.

    A assembleia desta quinta confirmou a inclusão dos 20 clubes da Série B na eleição, prevista em lei. Os outros 20 times da Série A já tinham assentos no colégio eleitoral da entidade.

    A partir de agora, 40 clubes e 27 federações votam.

    Apesar da ampliação da participação das equipes, a CBF acertou com os presidentes de federações que participaram do encontro a inclusão de um artigo que muda o peso dos votos.

    Pela nova regra, o voto de cada uma das 27 federações terá peso três. Já os times da Série A do Brasileiro terão peso dois em cada voto. Os clubes da Série B, por sua vez, ficaram com peso um.

    Assim, as federações permanecerão como maioria. No total, os cartolas estaduais terão 81 votos contra 60 dos clubes. Até o pleito de 2014, quando o atual presidente Marco Polo Del Nero foi eleito, a escolha do presidente tinha 47 votos (27 de federações e 20 de clubes da primeira divisão, sem distinção de peso entidades e equipes).

    "Não fomos convidados para discutir essa ideia. Sou favorável a votos dos clubes com pesos iguais", disse Eduardo Bandeira de Mello, presidente do Flamengo.

    Eleição na CBF

    "A medida deveria ter sido discutida antes conosco. É complicado e não é o que estava combinado. E foi do jeito certo na eleição do coronel Nunes", completou Modesto Roma, presidente do Santos.

    "Não sabia da assembleia e, se você quer que eu entre no mérito, não estou de acordo. O processo foi feito de forma para que federações continuassem a ter mais influência", afirmou Eurico Miranda, presidente do Vasco.

    Por lei, a CBF era obrigada a incluir os times da Série B na eleição. Na escolha do paraense Antonio Carlos Nunes, o coronel Nunes, como vice, já houve participação desses times no final de 2015.

    "Vejo com bons olhos a inclusão da Série B. É bom para a democracia. É um avanço, mas acredito que para termos uma democracia maior os votos dos clubes deveriam ter peso igual", afirmou Alencar Magalhães, presidente do América-MG, que disputará a Série B em 2017.

    O secretário-geral da CBF, Walter Feldman, defendeu a divisão do colégio eleitoral em três pesos.

    "Não vejo motivo para os clubes serem contra. As federações representam 1117 times ativos no país, 700 profissionais. Se não criássemos esses pesos, colocaríamos a elite para comandar o futebol", disse Feldman.

    "Seria uma falha do ponto de vista democrático. Quem fomenta o futebol no país são as federações", acrescentou.

    Joel Rodrigues - 9.out.2014/Folhapress
    *** CORRECAO DE TRAX***BRASILIA, DF, BRASIL, 09-10-2014, 10H00: Walter Feldman membro da REDE,durante entrevista fala do apoio de Marina Silva á candidatura de Aecio Neves.(Foto: Joel Rodrigues/Folhapress, PODER)
    Walter Feldman, secretário-geral da CBF

    LIMITE PARA CHAPA

    A CBF manteve regra que obriga o candidato ao comando da entidade ter o apoio de oito presidentes de federações e cinco clubes para lançar uma chapa para a escolha do presidente. A cláusula praticamente inviabiliza uma candidatura de oposição.

    O próximo pleito da entidade será em 2018. Marco Polo del Nero deverá tentar a reeleição. O cartola é acusado pelo FBI de se beneficiar do esquema de propina na venda de direitos de torneios no exterior e no país.

    A maioria das federações depende da ajuda de custo da CBF para sobreviver. A entidade comandada por Del Nero repassa cerca de R$ 50 mil mensais para cada uma delas.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024