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    Federação de atletismo denuncia invasão hacker de grupo russo

    REBECCA R. RUIZ
    DE "THE NEW YORK TIMES"

    04/04/2017 02h00

    Ronald Zak/Associated Press
    IAAF President Sebastian Coe speaks during a news conference after a meeting of the IAAF Council at the Grand Hotel in Vienna, Austria, Friday, June 17, 2016. The IAAF upheld its ban on Russia's track and field team for the Rio de Janeiro Olympics in a landmark decision that punishes the world power for systematic doping. (AP Photo/Ronald Zak) ORG XMIT: XRZ119
    O britânico Sebastian Coe, ex-recordista mundial dos 800 m, é o presidente da IAAF

    A IAAF (Associação Internacional de Federações de Atletismo) anunciou nesta segunda-feira (3) que sua rede de computadores foi comprometida pelo mesmo grupo de espionagem cibernética russo que as autoridades dos Estados Unidos vincularam a uma grande campanha para influenciar a eleição presidencial norte-americana.

    A federação internacional baniu o atletismo russo de todas as competições internacionais, inclusive dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

    Os hackers conseguiram acesso a fichas médicas pessoais de atletas, de acordo com a organização.

    A IAAF informou ter descoberto o ataque em 21 de fevereiro. A invasão da rede foi atribuída ao Fancy Bear, grupo que roubou registros da Wada (Agência Mundial Antidoping) depois que esta recomendou que a Rússia fosse excluída da Rio-2016.

    Agentes e especialistas forenses acharam vínculos entre o Fancy Bear e a agência militar russa de informações.

    "Nossa prioridade são os atletas que forneceram à IAAF informações cuja confidencialidade e segurança acreditavam estar garantidas", afirmou Sebastian Coe, presidente da federação.

    Ele acrescentou que todos os atletas que forneceram registros médicos à organização desde 2012 já haviam sido informados da situação.

    "Pedimos sinceras desculpas a todos eles, e reafirmamos nosso compromisso de fazer todo o possível para remediar a situação."

    No ano passado, o Fancy Bear invadiu o banco de dados da Wada e também a conta de e-mail de um funcionário da Usada (Agência Antidoping dos Estados Unidos).

    As duas organizações recomendaram que a Rússia fosse excluída da Olimpíada pelas trapaças praticadas em competições anteriores.

    Até o final de 2016, o Fancy Bear divulgou informações médicas confidenciais sobre mais de cem atletas -na maioria britânicos e norte-americanos- e postou os endereços de e-mail de algumas autoridades antidoping dos Estados Unidos e do Canadá.

    Os hackers e as autoridades esportivas da Rússia têm afirmado que os registros roubados demonstram que os atletas ocidentais foram beneficiados indevidamente por "isenções terapêuticas", licenças especiais para o uso de substâncias proibidas.

    Qualquer atleta pode solicitar isenção desse tipo. As autoridades esportivas e de antidoping internacionais criticaram as revelações, enfatizando que nenhum dos atletas mencionados havia feito qualquer coisa de errado, e que todos haviam solicitado as devidas permissões.

    Os dirigentes esportivos russos pediram desculpas pelos problemas de doping, mas em muitos casos, ao fazê-lo, mencionaram as informações roubadas pelo Fancy Bear.

    "A Rússia jamais recebeu as chances dadas a outros países", disse Vitaly Smirnov, dirigente russo apontado posteriormente por Putin para reformar o sistema antidoping do país. Ele mencionou os registros da Wada obtidos pelos hackers como prova.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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