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    Superintendente da CBDA se entrega à Polícia Federal no Rio

    SÉRGIO RANGEL
    DO RIO

    08/04/2017 17h50

    O superintendente da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), Ricardo de Moura, apresentou-se na noite de sexta-feira (7) a agentes da Polícia Federal no Rio de Janeiro.

    Ele era o único cartola considerado foragido na operação realizada na quinta-feira (6) no Rio e em São Paulo.

    Moura ficará no prédio da Polícia Federal na capital fluminense até segunda (10), quando deverá ser transferido para penitenciária em Bangu, na zona oeste do Rio.

    Coaracy Nunes, comandante da entidade por quase três décadas, Ricardo Cabral, consultor de polo aquático, e Sergio Alvarenga, diretor financeiro, estão presos desde sexta na Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira, conhecida como Bangu 8. Ela é a mesma que abriga Sérgio Cabral, ex-governador do Rio.

    José Lucena/Futura Press/Folhapress
    RIO DE JANEIRO,RJ,06.04.2017:OPERAÇÃO-ÁGUAS-CLARAS-PF - Movimentação na sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro (RJ), durante a operação Águas Claras, deflagrada na manhã desta quinta-feira (6). A operação tem o objetivo de combater esquema de desvios de recursos públicos repassados à Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBA). Há a participação de dirigentes do órgão e empresários, segundo a PF. Ao menos cinco pessoas foram presas, quatro foram conduzidas coercitivamente a unidades da PF em São Paulo e no Rio de Janeiro. (Foto: jose lucena/Futura Press/Folhapress) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    O ex-presidente da CBDA, Coaracy Nunes, apresenta-se à Polícia Federal no Rio, na quinta (6)

    Desde que Nunes se afastou do dia a dia da CBDA devido a problemas de saúde, há cerca de dois anos, foi Ricardo de Moura quem de fato comandou a entidade.

    Cabia-lhe definir orçamentos, aprová-los e até mesmo participar de reuniões com patrocinadores, principalmente os Correios -que agora diante do cenário afirmaram que pretendem rescindir o contrato de R$ 11,4 milhões que duraria até 2019.

    Moura e Nunes também costumavam desempenhar posições relevantes dentro da Federação Internacional de Natação. Em Campeonatos Mundiais e Jogos Olímpicos, o superintendente geralmente se encarregava de ações na área de protocolo.

    Até setembro, quando o Ministério Público Federal em São Paulo estourou a operação e pediu afastamento da cúpula da entidade, Moura era o candidato da situação para a eleição para a presidência da confederação -que está suspensa judicialmente até segunda ordem.

    Em meio ao cenário, o superintendente desistiu da candidatura. Hoje, a CBDA é comandada por interventor, o advogado Gustavo Licks, nomeado pela Justiça.

    Os quatro dirigentes esportivas são acusados de desviar R$ 40 milhões em recursos públicos captados por meio de convênios e leis de fomento ao esporte, sobretudo com o Ministério do Esporte.

    A investigação é fruto de parceria entre a Polícia Federal e procuradores do Ministério Público Federal em São Paulo, com a participação da Controladoria-Geral da União. A denúncia foi feita com base em depoimentos de atletas, ex-atletas e empresários.

    Vários nadadores com participações em Jogos Olímpicos, como Joanna Maranhão, Nicholas dos Santos e Henrique Barbosa, deram depoimento aos procuradores.

    Segundo a polícia, as fraudes teriam acontecido em compras de passagens aéreas e equipamentos de natação e também no pagamento de hospedagem e premiações.

    Os dirigentes da confederação usariam empresas de fachada pertencentes a amigos para desviar parte do dinheiro pago em contratos.

    OUTRO LADO

    Na quinta-feira, o advogado Marcelo Franklin criticou as prisões dos dirigentes da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos).

    Segundo Franklin, que representa todo os presos, a decisão "salvo melhor juízo, foi dada por um juiz incompetente".

    "Não havia qualquer necessidade de uma providência como essa. Vão ser adotadas as medidas legais cabíveis", disse o advogado, que vai solicitar um habeas corpus para libertar Nunes, submetido a uma cirurgia na cabeça há cerca de um mês.

    De acordo com Franklin, a operação é uma "retaliação" à decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo. Por três votos, a denúncia do Ministério Público foi considerada improcedente.

    No dia 20 de setembro do ano passado, o Ministério Público pediu o afastamento do então presidente Coaracy Nunes e de outros três dirigentes por fraude. Eles são acusados de superfaturar uma licitação de materiais esportivos. Segundo o MPF, uma empresa de fachada de São Paulo teria sido usada no esquema.

    "A compra foi esclarecida. Juntei mais de 800 páginas comprovando o negócio. Vamos trabalhar para que a situação seja contornada", disse Franklin.

    "Certamente, diante do que já foi julgado em São Paulo, que afasta essas irregularidades, e diante da ausência de competência daquele juízo. Essa decisão [as prisões dos cartolas] deve ser reformada muito em breve", acrescentou.

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