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    Badalada, Sharapova volta às quadras 15 meses após suspensão por doping

    SANDRO MACEDO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    25/04/2017 02h00

    Foram 15 longos meses afastada das quadras, mas nesta quarta-feira (26) a espera acabará. A tenista russa Maria Sharapova, 30, estará de volta ao circuito mundial no Torneio de Stuttgart, na Alemanha, após o fim de sua punição por doping.

    Em janeiro do ano passado, ela foi suspensa pelo uso da substância meldonium, proibida pela Wada (Agência Mundial Antidoping).

    Não que a vencedora de cinco Grand Slams não tenha aproveitado. Durante seu afastamento, Sharapova intensificou a participação em eventos de moda, ampliou sua marca de balas (agora a Sugarpova também tem chocolates) e até voltou a estudar. Entre uma coisa e outra, também treinou.

    "É fantástico ter novamente um objetivo ligado à competição, reencontrar esse ambiente. Durante um ano eu foquei em ficar forte fisicamente, porque isso me deixa mais forte mentalmente. Eu nunca apreciei tanto a parte física", afirmou em entrevista ao jornal francês "Le Parisien".

    Para voltar aos principais torneios, Sharapova dependia de convites, já que não tem ranking. Além de Stuttgart, a russa já foi chamada para as chaves principais de Roma e Madri. Mas ainda não convenceu os organizadores do Grand Slam de Roland Garros (o qual venceu duas vezes), mais reticentes a dar o benefício para tenistas flagrados no antidoping.

    Muitos tenistas se manifestaram contra os convites à russa. O britânico Andy Murray, líder do ranking masculino, e a alemã Angelique Kerber, vice-líder do feminino, foram alguns dos que reclamaram, dizendo que a russa deveria "merecer" disputar os grandes eventos.

    O Torneio de Stuttgart começa nesta segunda (24), mas Sharapova só estará livre da suspensão na quarta. Coincidentemente, a disputa da chave principal será iniciada só nesta terça (25), encaixando a estreia da russa perfeitamente na agenda -ela enfrenta na quarta a italiana Roberta Vinci, 36ª do mundo.

    "Esse convite significa que teremos uma alemã a menos na chave", afirmou Kerber -normalmente organizadores guardam os convites para jovens promessas do país.

    Caroline Wozniacki, Garbine Muguruza, Jo-Wilfried Tsonga, Nick Kyrgios e Agnieszka Radwanska, que enfrentará a russa na segunda fase do torneio caso ambas vençam na estreia, também foram contra o privilégio.

    "Esse tipo de convite deveria ser disponível apenas para jogadores que caíram no ranking por lesão, doença ou um acidente qualquer. Não para alguém que foi suspenso por doping. Maria [Sharapova] deveria reconstruir sua carreira de outra maneira, começando em torneios menores", disse Radwanska.

    Por outro lado, a russa recebeu apoio de Rafael Nadal, Novak Djokovic e até de Venus Williams. "Isso [dar os convites] é decisão dos torneios. Acredito que será bom tê-la de volta ao circuito", comentou a irmã de Serena, líder do ranking feminino.

    Detalhe: o principal patrocinador em Stuttgart é a Porsche, um dos patrocinadores da russa. Sim, ao contrário do que acontece normalmente com atletas afastados por doping, Sharapova não perdeu nenhum apoiador. Nem os que se manifestaram contra a tenista na época da revelação do doping. A "marca Sharapova" falou mais alto.

    Na última lista da revista "Forbes" de atletas mais bem pagos, a única mulher à frente da russa foi Serena Williams, em geral a segunda colocada da lista.

    Serena faturou R$ 90,3 milhões entre patrocínios e premiações, R$ 21,9 milhões a mais que Sharapova (que lucrou R$ 62,5 milhões só com patrocinadores).

    No mês que marca a volta da russa as quadras, começou a pré-venda da biografia de Sharapova, "Unstoppable: My Life So Far" ("Imparável: Minha Vida Até Agora"). O livro só chega em setembro, mas já está entre os mais pedidos em pré-vendas on-line. "Tudo que tenho eu batalhei para conseguir. Cada título, cada dólar. Nada me foi dado de bandeja", diz a tenista.

    Assim, ícone da moda, recheada de patrocínios e sem muitos amigos, Sharapova estará de volta. Resta saber qual será a reação do público. A julgar pelos milhares de seguidores que angariou no período de ausência, a vantagem é da russa.

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