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    Surpresa, Novo Hamburgo perde R$ 300 mil por chegar à final do Gaúcho

    ALEX SABINO
    DE SÃO PAULO

    30/04/2017 02h00

    Luiz Munhoz/Recorte do Olhar
    NOVO HAMBURGO, RS - 23.04.2017: NOVO HAMBURGO - GREMIO Jogadores do Novo Hamburgo comemoram classificação durante Partida valida pela semifinal do campeonato Gaucho, realizada no Estádio do Vale, em Novo Hamburgo, neste domingo. Foto: Luiz Munhoz/Recorte do Olhar *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    Novo Hamburgo comemora classificação à final do Campeonato Gaúcho

    Surpresa do futebol nacional, sem dinheiro e torcida, o Novo Hamburgo decide o Campeonato Gaúcho a partir deste domingo (30).

    "É milagre que tenhamos chegado até aqui", afirma o técnico Beto Campos, 51.

    Com duas derrotas em 15 jogos, o time teve a melhor campanha do torneio e enfrenta o Inter, no Beira-Rio, às 16h, neste domingo (30). Sete dias depois, decide em casa, no Estádio do Vale.

    "Colocamos arquibancada provisória para a final. A capacidade vai passar de 5,5 mil para 15 mil. Vamos ver se a torcida do Inter nos ajuda a pagar as contas. Com a do Novo Hamburgo não dá para contar. Se a gente
    chegar ao Mundial de Clubes, vamos ter três mil pessoas no estádio", diz o vice-presidente de futebol, Everton Cury.

    Apesar da campanha que pode dar à equipe o primeiro título gaúcho em 106 anos de história, a média de torcedores é inferior a mil pagantes. O clube começou 2017 com 300 sócios. Hoje está com 800. Cada um paga R$ 30 por mês, o que gera uma receita de R$ 24 mil. A folha salarial do elenco é de R$ 145 mil.

    "Não sei como conseguimos fazer futebol assim. Vamos estrear na Série D do Brasileiro em 21 de maio e não sei qual time teremos. Aqui é vida de índio. Caça para hoje. Amanhã, sai para caçar de novo", completa Cury.

    O time que já derrotou o Inter no Beira-Rio na primeira fase vive de patrocínios locais e cotas de televisão. Esperava contar com receita da Federação Gaúcha. Deu-se mal.

    Pelo regulamento do Estadual, o "campeão do interior", título dado ao clube fora de Porto Alegre de melhor campanha, recebe prêmio de R$ 300 mil. Seria uma fortuna para o Novo Hamburgo.

    Após as semifinais, foi decidido que o mesmo time não poderia ser o melhor do Estadual e do interior. O dinheiro foi para o Caxias, 4º colocado. Não haverá recompensa financeira para o Novo Hamburgo se ganhar o título ou perdê-lo. "Ninguém explica a lógica disso. Ficamos sem nada", lembra Beto Campos.

    "Isso foi um acordo entre os clubes. Eles que decidiram que os times que chegassem à final não receberiam os R$ 300 mil porque ganhariam mais com a renda da decisão", afirma o presidente o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Novelletto.

    Itamar Aguiar/Agência Freelancer/Folhapress
    Partida entre Novo Hamburgo Grêmio, válida pela 9ª rodada do Campeonato Gaúcho de Futebol 2017, no Estádio do Vale, em Porto Alegre (RS).
    De camisa branca, Novo Hamburgo derrotou o Grêmio, nos pênaltis, na semifinal do Estadual

    ESCOLA GAÚCHA

    O técnico do Novo Hamburgo está na fila para ser outro gaúcho a se destacar em times do interior e ganhar projeção nacional. Grupo que tem Luiz Felipe Scolari, Mano Menezes e Tite.

    "Estou abrindo portas. Talvez para [trabalhar em] um time da Série B do Brasileiro. A gente tem de avançar na carreira", resume.

    É uma declaração ambiciosa como tem sido a campanha do Novo Hamburgo e seu contra-ataque em velocidade, a chave para o sucesso.

    Campos não sabe se continua. Seu contrato termina após o Gaúcho e ele quer esperar. Sabe que será difícil repetir o sucesso desta temporada se não houver dinheiro.

    A diretoria pede que o título (ou o vice), seja um marco a mudar a relação entre cidade e clube.

    "A torcida não corresponde. Não sei se é porque estamos próximos de Porto Alegre [a 44 km]... Ninguém vai ao estádio e nas ruas somos cobrados como se o público fosse de 40 mil pessoas", completa o vice de futebol.

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