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    Crise na natação e chance de duelo com elite levam brasileiros aos EUA

    PAULO ROBERTO CONDE
    ENVIADO ESPECIAL AO RIO

    06/05/2017 02h00

    Satiro Sodré/SSPress
    Brandonn Almeida. Trofeu Maria Lenk de Natacao, realizado no Centro Aquatico Olimpico. 15 de abril de 2016, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Foto: Satiro Sodré/ SSPress
    Brandonn Almeida, 20, disputou os Jogos Olímpicos do Rio

    As incertezas nos rumos da natação no Brasil e a curiosidade sobre a maior potência das piscinas têm feito com que muitos atletas da nova geração brasileira abandonem o país rumo aos EUA, país mais desenvolvido no esporte.

    O êxodo remonta às três décadas passadas, quando os mais condecorados competidores do país treinavam em clubes e universidades de lá.

    Ricardo Prado, Gustavo Borges, Fernando Scherer e Cesar Cielo tiveram pódios mundiais e olímpicos enquanto residiam nos EUA.

    Presentes ao Troféu Maria Lenk, principal competição do calendário nacional, Brandonn Almeida, 20, e Matheus Santana, 21, que disputaram os Jogos Olímpicos do Rio, e Felipe Ribeiro, 19, e Maria Paula Heitmann, 18, duas revelações, resolveram treinar na América do Norte.

    Brandonn, que disputou os 1.500 m livre e os 400 m medley na Olimpíada e defende o Corinthians, acerta os últimos detalhes para se juntar à Universidade da Carolina do Sul, onde, além de nadar, estudará gestão esportiva.

    "Procuro treinar e estudar em alto nível, e infelizmente no Brasil é difícil", afirmou o campeão mundial júnior dos 1.500 m livre em 2015.

    A ideia de Brandonn é passar todo ciclo olímpico para os Jogos de Tóquio-2020, na universidade. Nos meses de férias, ele pretende voltar ao Brasil para treinar.

    Para Felipe Ribeiro, que se tornou em 2015 o mais jovem brasileiro a nadar os 100 m livre abaixo de 50s, a motivação é a instabilidade no país.

    A CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) perdeu o patrocínio do Bradesco após a Rio-2016 e viu o repasse dos Correios encolher mais de 70%.

    Felipe deixou Santos e se transferiu em janeiro para a Florida State University, também para estudar e competir.

    Especialista nas provas de velocidade, ele disse que as maiores diferenças estão na mentalidade e na quantidade de vezes que compete.

    "Competimos quase todos os finais de semana e é uma vida muito ativa, bem diferente do Brasil", conta.

    Matheus Santana, 21, apareceu como um raio em 2014, quando fez um tempo que o deixou entre os melhores do mundo nos 100 m livre.

    Na mesma prova, também faturou o ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude de Nanquim, na China, com recorde mundial júnior (48s25).

    Conseguiu compor o revezamento 4 x 100 m livre brasileiro nos Jogos do Rio, mas desde então não repetiu as grandes performances. A ida para a Carolina do Norte, no início do ano, foi uma tentativa de resgatar a boa fase.

    Matheus passou a integrar uma equipe profissional em Charlotte (chamada SwimMac), que é base de campeões olímpicos como Anthony Ervin, ouro nos 50 m livre no Rio. É com eles que o carioca agora divide a piscina.

    "O Brasil tem excelentes clubes e atletas, mas buscamos algo, um degrau acima."

    Maria Paula Heitmann e Vinícius Lanza —este até antes da Rio-2016— escolheram a Universidade de Indiana para se prepararem para 2020.

    Filho do quatro vezes medalhista olímpico Gustavo Borges, Luiz Gustavo vai seguir a trilha do pai e defender a Universidade de Michigan.

    Na contramão da diáspora, há atletas da nova safra que não abrem mão de treinar no país. Recordista sul-americano dos 1.500 m livre, Guilherme Costa, 18, não cogita deixar o Brasil.

    "Quero ficar aqui e fazer toda a preparação para Tóquio no Rio", disse o nadador.

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