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    Brasil dobra time e leva Cesar Cielo ao Mundial de natação

    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    10/05/2017 02h00

    A natação brasileira vai dobrar a previsão inicial de oito representantes no Mundial de Budapeste, em julho, principal competição depois dos Jogos Olímpicos do Rio.

    Apesar de ter informado anteriormente que só levaria oito atletas para a competição, o comando técnico da CBDA (confederação de esportes aquáticos) chegou ao consenso de que é viável enviar 16 nadadores à Hungria após a realização do Troféu Maria Lenk, na última semana.

    Com o aumento da equipe, Cesar Cielo será convocado para disputar os 50 m livre. Ele também nadará o revezamento 4 x 100 m livre.

    A possibilidade de o velocista competir no evento individual só ocorrerá devido ao aumento da lista, já que seu tempo na prova o havia deixado fora do bloco dos oito melhores índices técnicos.

    O anúncio do time será feito nesta quinta (11), após reunião do coordenador geral da entidade, Ricardo Prado, dos técnicos Alberto Pinto da Silva e Fernando Vanzella e do coordenador de natação, Rômulo Noronha.
    O COB (Comitê Olímpico do Brasil), que ajudou a confederação a organizar o Maria Lenk -cobriu mais de R$ 100 mil dos R$ 450 mil em custos-, também vai auxiliar a cobrir os gastos com o envio de atletas para a competição.

    Em novembro passado, a CBDA, em comunicado assinado por seu ex-presidente Coaracy Nunes, hoje preso sob acusação de improbidade administrativa, estabeleceu o limite de oito nadadores, a serem selecionado pelo índice técnico (estipulado de acordo com o tempo obtidos pelo atleta em comparação com o recorde mundial da mesma prova) em provas olímpicas em seletivas nacionais. Provas não olímpicas não entrariam na lista.

    Satiro Sodré/SSPress/CBDA
    Cesar Cielo. Trofeu Maria Lenk. Parque Aquatico Maria Lenk. 04 de Maio de 2017, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Foto: Satiro Sodré/SSPress/CBDA
    Cesar Cielo no Troféu Maria Lenk, no Rio

    A política restritiva se deu porque a entidade perdeu patrocínio do Bradesco e viu redução de 70% no contrato com os Correios para 2017/18.

    O nadador com performance mais destacada foi Felipe Lima, nos 100 m peito. Seus 59s32 lhe renderam 930 pontos. Cielo foi o 15º pela marca nos 50 m livre (21s79, a sexta do mundo nesta temporada, que valeu 883 pontos).

    Entre as mulheres, Etiene Medeiros, Joanna Maranhão e Manuella Lyrio também vão integrar a comitiva.

    A Folha apurou que a confederação tem dotação orçamentária de cerca de R$ 400 mil. A maior parte disso vem de recursos da Lei Piva, com dinheiro público arrecadado pelas loterias federais, que são distribuída pelo COB.

    O comitê olímpico também pode ajudar com algum recurso adicional para a viagem. O orçamento para a delegação de nadadores prevê uma aclimatação na cidade portuguesa de Rio Maior antes da ida definitiva para a Hungria.

    O Brasil já fez preparação no local antes do Mundial de Kazan, na Rússia, em 2015.

    A confederação obteve uma redução no preço de locação de parte do complexo português.

    CONCESSÃO

    Nicholas Santos, 37, será o único brasileiro enviado para nadar uma prova que não faz parte do programa olímpico. A decisão foi tomada porque o veterano cravou 22s61 nos 50 m borboleta, a segunda melhor marca de toda a história do evento.

    Com isso, a CBDA abriu uma exceção na estratégia de só investir em provas disputadas em Jogos Olímpicos. A entidade avalia que Nicholas tem grande chance de pódio, o que é importante em meio ao momento de crise técnica e institucional no esporte.

    Outra adição será a inscrição de revezamentos, que, em princípio, estavam indefinidos -principalmente o 4 x 100 m livre masculino.

    Mas, agora, somados os tempos dos quatro primeiros colocados na seletiva, avaliou-se que o quarteto deve disputar a prova. Gabriel Santos, Marcelo Chierighini, Bruno Fratus e Cielo comporão o time cuja projeção de tempo é inferior só à da Austrália.

    Um 17º nome ainda pode entrar na lista. Seria o de Vinícius Lanza, especialista nos 100 m borboleta, que ficou na 16ª posição na relação de melhores índices técnicos.

    Antes do Troféu Maria Lenk, a CBDA já admitia a possibilidade de alargar a equipe, o que foi decretado depois dos resultados no evento, no Rio. Foram obtidas 18 marcas entre dez melhores do mundo.
    Investir em provas não olímpicas gera controvérsia entre nadadores do Brasil.

    "Levar atletas para serem medalhistas em provas não olímpicas é retrocesso. O Brasil tem que se focar nas olímpicas", diz Felipe Lima, melhor tempo nos 100 m peito.

    "Precisamos de medalhas. É o que vai nos ajudar a recuperar a credibilidade. Se tivermos chance de voltar do Mundial cheios de medalhas, temos que agarrar", afirmou Cielo.

    Para Guilherme Guido, o Brasil "tem uma cultura em provas de 50 m [não olímpicas]". "Não dá para mudar de uma hora para outra."

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    CONFIRA A EQUIPE DO BRASIL NO MUNDIAL

    Paulo Campos/Folhapress
    Felipe Lima, do Minas Tênis Club, um dos representantes do Brasil no Mundial de Budapeste
    Felipe Lima, do Minas Tênis Club, um dos representantes do Brasil no Mundial de Budapeste

    Felipe Lima
    100 m peito - 59s32 Terceiro tempo do mundo na temporada

    Gabriel Santos
    100 m livre - 48s11
    Terceiro tempo do mundo na temporada

    João Gomes Júnior
    100 m peito - 59s41
    Quinto tempo do mundo na temporada

    Thiago Simon
    200 m peito - 2min10s78 (obtida em 2016)
    Não está entre os 20 melhores tempos da temporada

    Leonardo de Deus
    200 m borboleta - 1min54s91
    Quarto tempo do mundo na temporada

    Marcelo Chierighini
    100 m livre - 48s46
    Décimo tempo do mundo na temporada

    Henrique Martins
    100 m borboleta - 51s57
    Quarto tempo do mundo na temporada

    Guilherme Guido
    100 m costas - 53s78
    13º tempo do mundo na temporada

    Brandonn Almeida
    400 m medley - 4min12s49
    (obtida em 2016)
    Seria sétimo tempo na temporada

    Revezamento
    4 x 100 m livre
    (Gabriel Santos, Marcelo Chierighini, Bruno Fratus, Cesar Cielo)
    Os tempos somados das provas individuais põem o Brasil como segundo melhor do mundo no ano

    PENDÊNCIA

    Vinicius Lanza, do Minas
    100 m borboleta - 52s02
    O jovem nadador tem o 16º tempo pelo critério técnico, mas a definição sobre sua ida ou não deve ocorrer apenas na quinta-feira (11)

    QUEM VAI ENTRAR NO BLOCO DOS EXCEDENTES

    Joanna Maranhão
    400 medley - 4min38s63
    12º tempo na temporada

    Bruno Fratus
    50 m livre - 21s70
    Quarto tempo na temporada

    Manuella Lyrio
    200 m livre - 1min57s34
    15º tempo na temporada

    Guilherme Costa
    1.500 m livre - 15min06s35
    16º tempo na temporada

    Etiene Medeiros
    50 m livre - 24s73
    Oitavo tempo na temporada

    Cesar Cielo
    50 m livre - 21s79
    Sexto tempo na temporada

    Nicholas Santos
    50 m borboleta - 22s61
    A CBDA em princípio não convocaria atletas de provas não olímpicas, como os 50 m borboleta, mas fará uma concessão neste caso pela marca obtida pelo veterano de 37 anos, que é o melhor tempo do mundo no ano e segundo melhor da história

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