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    CRÍTICA

    História improvável do Santos de 2002 é contada em livro

    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    24/05/2017 02h00

    Almeida Rocha/Folhapress
    Robinho e Diego comemoram título brasileiro de 2002
    Robinho e Diego comemoram título brasileiro de 2002

    Livres, enfim.

    O título de um dos capítulos que encerram "O Time Que Nunca Seria Campeão" resume a aflição sentida por santistas ao longo de 18 anos, entre a taça do Paulista de 1984 e a do Brasileiro de 2002.

    As pedaladas de Robinho e o jogo cerebral de Diego, os dois amparados pelos coadjuvantes mas decisivos Léo, Paulo Almeida e Elano, deram aos fãs do alvinegro praiano um sentimento de liberdade que parecia não chegar nunca.

    A esperança da torcida sofrera um duro golpe em 2001, quando um gol do corintiano Ricardinho a míseros sete segundos do fim tirou a equipe santista da final do Estadual.

    Os relatos do autor da obra, Alex Sabino, jornalista da Folha, ajudam a compreender o ceticismo com que o torcedor santista conviveu -ele mesmo um fanático que não faz questão de omitir isso.

    Logo no início da obra, publicada de maneira independente, o autor deixa expresso que não tem intenção de reconstruir a trajetória daquele Santos de 2002, mas recapitular passagens importantes na visão de alguém que acompanhou o nascimento daquele time, que parecia predestinado ao descenso e se provou vencedor.

    Até por isso, o livro transcorre facilmente, com muitos diálogos entre jogadores, técnicos e diretores do clube e outros setoristas -Sabino trabalhava no jornal "Lance!".

    Os capítulos iniciais discorrem sobre a formação de 1995, que teve em Giovanni o personagem do vice brasileiro, e os elencos de 2000/2001, repletos de medalhões como Rincón e Marcelinho Carioca, comprados a peso de ouro pela diretoria trapalhona.

    Um dos fatos que chamam a atenção é como, em menos de 20 anos, a relação entre jornalistas e boleiros mudou.

    Muito do sabor das linhas advém da proximidade entre entrevistador e entrevistados, de conversas à boca pequena e da relativa camaradagem daquele início de anos 2000. Impensável hoje com o exército de assessores de imprensa e restrições de contato.

    Exemplo: Elano, chave no time e que disputaria a Copa de 2010, recebeu Sabino em "Elanópolis", ou melhor, Iracemápolis, sua cidade.

    Enquanto conversavam, o repórter deu por falta do pai do jogador, e o indagou. Soube que Geraldo trabalhava na roça. Era um domingo. Isso com o filho perto de ser campeão brasileiro e já um dos melhores meias do país.

    "O Time Que Nunca Seria Campeão" é dirigido ao santista, mas pode ser leitura divertida para torcedores de outras camisas. Porque, afinal, a dor e a paixão proporcionadas pela bola são universais.

    O TIME QUE NUNCA SERIA CAMPEÃO
    Editora Independente
    Preço R$ 42 (impresso) e R$ 24,50 (e-book)

    Edição impressa

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