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    Em passagem pela Indy, Alonso busca motivação que perdeu na F-1

    THIAGO ROCHA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    27/05/2017 17h51

    No momento em que seus usuais adversários se enfileirarem no grid de largada para o GP de Mônaco de F-1, neste domingo, Fernando Alonso estará vivenciando outra expectativa: a de estreante.

    O espanhol abriu mão da tradicional prova pelas ruas de Monte Carlo para correr pela primeira vez, como convidado, as 500 Milhas de Indianápolis, nos Estados Unidos. Na Indy, com o carro da Andretti, largará em quinto lugar, a partir das 12h30 (de Brasília).

    A troca, ainda que temporária, simboliza não só um desafio extra em sua carreira, mas também uma demonstração de que a F-1 atual não motiva mais o piloto de 35 anos, que ganhou fãs e desafetos por conta de seu instinto competitivo.

    "Esse é um dos maiores desafios que enfrento. A última vez que passei por isso deve ter sido há uns 16 ou 17 anos", diz Alonso, remetendo a seus tempos de F3000, ainda na juventude.

    Thomas J. Russo/USA Today/Reuters
    Fernando Alonso vai largar em quinto nas 500 Milhas de Indianápolis
    Fernando Alonso vai largar em quinto nas 500 Milhas de Indianápolis

    Alonso vive uma sequência de frustrações na categoria. Desde o bicampeonato pela Renault (2005 e 2006), as melhores colocações dele no Mundial de Pilotos foram três vices, pela Ferrari, em 2010, 2012 e 2013.

    Com a McLaren, cujo contrato termina em dezembro deste ano, o desempenho é pífio: apenas 11 pontos somados em 2015 (17º lugar) e 54 em 2016 (10º). Foram as piores colocações de Alonso desde sua estreia na F-1, pela modesta Minardi, em 2001.

    Nesta temporada, Alonso não completou as etapas de Austrália, Bahrein e China, nem sequer largou na Rússia e foi 12º na Espanha, além de não estar no grid em Mônaco por opção. Está zerado em pontos.

    Talvez até por oferecer um equipamento bem aquém do esperado que a McLaren não se opôs à aventura de seu principal piloto em outra categoria. Pelo contrário. A escuderia é uma das "sócias" da empreitada ao lado da Honda, que fornece motores também para a Andretti Autosport.

    Quarto piloto que mais vezes subiu ao pódio na história da F-1 (97), Fernando Alonso não estoura um champanhe depois de uma corrida desde 27 de julho de 2014, quando ficou em terceiro lugar no GP da Hungria, ainda pela Ferrari.

    AJUDA DE ESPECIALISTA

    Para adaptar-se mais rapidamente ao novo cenário, Alonso contratou o brasileiro Gil de Ferran, bicampeão da categoria e vencedor da Indy 500 em 2003, para ser um espécie de mentor.

    Na Indy, ele terá nas mãos um carro mais veloz para controlar em circuito oval, situação que não encontra na F-1. Quase não há troca de marchas. Basicamente, ele acelera e freia, podendo superar os 355 km/h.

    Quem completa as 200 voltas em Indianápolis percorre 804,5 km ao receber a bandeirada final. É mais que o dobro do que se vê na F-1, por exemplo, em Spa-Francorchamps, na Bélgica, um dos circuitos mais extensos do calendário (7.004 metros por volta).

    No discurso, porém, Alonso mostra-se mais interessado em suprir uma carência de desafios, de ser exposto a riscos e novidades a essa altura de sua trajetória, do que em resultados.

    "Existem momentos em sua carreira que você precisa encarar desafios, reencontrar a si mesmo e aprender coisas novas. Quando eu sair daqui, serei um piloto mais completo e melhor pessoa", crê o piloto.

    "Não tenho um plano para a corrida. Na F-1, estamos acostumados a apostar todas as nossas cartas logo nas primeiras curvas porque as posições são definidas pouco depois disso, mas aqui é bem diferente. A corrida vai colocá-lo na posição que você merece, então vamos esperar", completa.

    Por enquanto, a passagem por outras categorias é ocasional. O ex-piloto norte-americano Michael Andretti, chefe da equipe que acolheu a incursão do espanhol na Indy, sonha em convencê-lo a assinar um contrato para 2018.

    Há quem aposte que ele pode tentar, em breve, correr as 24 Horas de Le Mans, a tradicional prova de endurance (longa duração). O espanhol, em princípio, nega.

    Apenas o britânico Graham Hill conseguiu vencer as três mais tradicionais provas do automobilismo mundial (GP de Mônaco, Indy 500 e Le Mans).

    Alonso pode ser o segundo da história a obter tal feito? Indianápolis tem como dar indícios do futuro do piloto, que, ao menos por um dia, busca sorte melhor do que a F-1 tem lhe proporcionado.

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