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    29 anos depois, parque olímpico de Seul vira point e área competitiva

    PAULO ROBERTO CONDE
    ENVIADO ESPECIAL A SEUL (COREIA DO SUL)

    28/05/2017 02h00

    Enquanto o legado dos Jogos Olímpicos do Rio está em xeque menos de um ano após o seu término, no outro extremo do planeta o clima é diametralmente oposto.

    Seul, capital da Coreia do Sul, organiza para 2018 uma série de eventos para marcar os 30 anos de vida das reminiscências, estruturais e emocionais, dos Jogos de 1988.

    Autoridades pretendem fazer competições e festivais culturais para enaltecer a data.

    Mais marcante que a celebração em si é o cuidado com que os asiáticos tratam o que restou da Olimpíada.

    O gigantesco Parque Olímpico de 1,4 milhão de metros quadrados está aberto desde 1986 e conserva seus equipamentos em excelente estado.

    As instalações que receberam provas de natação, tênis, levantamento de peso, ciclismo e ginásticas circundam uma área verde onde no passado ficava uma fortaleza. Duas linhas de metrô alimentam o vaivém de pessoas.

    A entrada é pela Praça da Paz, onde monumento em formato de asa e com os simbólicos anéis marcam o ingresso em território olímpico.

    De acordo com a KSPO (Korea Sports Promotion Foundation), agência pública que administra o espaço, estima-se que sete milhões de visitantes vão ao parque todos os anos –o acesso é gratuito.

    Outras 430 mil pessoas vão ao local para usar os equipamentos esportivos mantidos desde os Jogos de 1988.

    Elas pagam taxas para poder se exercitar no Centro Aquático, que há anos deixou de ser "apenas" a piscina.

    PRESERVADOParque olímpico de 1988 segue em ótimas condições
    PRESERVADO - Parque olímpico de 1988 segue em ótimas condições

    O empreendimento, que a Folha visitou em abril, é interligado com o hall de ginástica por acesso subterrâneo. Juntos, os dois equipamentos têm espaço para receber 16 modalidades, academias, cafés e mais serviços.

    A piscina, que abriga aulas e competições e foi reparada algumas vezes, parece intacta –mantém o placar de 1988.

    "Temos três objetivos com o parque: abri-lo como espaço de ecoambiente, oferecer os centros esportivos para os cidadãos e incentivar a área cultural", afirmou Shi-hoon Kim, assistente da equipe de planejamento da KSPO.

    Para ter acesso ao que é oferecido, um munícipe paga cerca de R$ 260 mensais. Kim disse que, na comparação com academias particulares, o valor é "competitivo". "Temos fila de interessados."

    O Parque Olímpico ainda tem mais de 200 esculturas produzidas por artistas locais e do exterior em sua área.

    Obviamente, também há problemas na administração.

    Somente os valores cobrados pelas entradas do público não cobrem os gastos.

    "Precisamos atender às demandas do público e sempre tentamos novas formas de captar dinheiro. As instalações ficam corroídas e precisam de conservação. Por isso, 10% do faturamento é para manutenção", disse.

    O que garante a viabilidade do parque é a locação de dois halls para até 15 mil pessoas para concertos, sobretudo do chamado K-Pop, festival com astros pop do país.

    Uma atração dentro do coração de Seul-1988 é o museu aberto em setembro de 1990, dois anos após o evento.

    Em três andares, é possível ver tochas de Olimpíadas passadas, medalhas doadas por atletas coreanos e tudo sobre os Jogos, da candidatura ao dia a dia da competição.

    O acesso ao acervo, também mantido pela KSPO, é gratuito. A média de visitantes, segundo Jae-kyu Kim, que trabalha na administração, é de 200 mil pessoas por ano.

    Ele pertence a uma rede de museus ao redor do mundo com memorabilia olímpica certificada pelo COI (Comitê Olímpico Internacional).

    "Este museu tem por objetivo educar. Queremos que as próximas gerações não se esqueçam de 1988", disse.

    Mantê-lo custa R$ 558 mil à agência pública todo ano. Como o acesso é gratuito, a solução para torná-lo sadio nas finanças é promover eventos.

    Em 2018, essas ativações devem surgir aos montes em comemoração aos 30 anos.

    O jornalista PAULO ROBERTO CONDE viajou a convite do Ministério da Cultura, Esporte e Turismo da Coreia do Sul

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