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    Final da Liga dos Campeões opõe recordistas de títulos e de vices

    ALEX SABINO
    ENVIADO ESPECIAL A CARDIFF

    03/06/2017 02h00

    Anne-Christine Poujoulat/AFP
    Juventus' forward from Argentina Gonzalo Higuain reacts after scoring a second goal during the UEFA Champions League semi-final first leg football match Monaco vs Juventus at the Stade Louis II stadium in Monaco on May 3, 2017. / AFP PHOTO / Anne-Christine POUJOULAT
    Higuaín, da Juventus, comemora gol na semifinal da Liga dos Campeões contra o Monaco

    Nenhum time ganhou tantas vezes a Liga dos Campeões da Europa quanto o Real Madrid (ESP). Ninguém perdeu o número de finais que a Juventus foi derrotada. Neste sábado (3), às 15h45 (de Brasília) em Cardiff, capital de País de Gales, as duas equipes decidem o torneio de clubes mais importante do continente

    "Está claro que o Real Madrid é favorito", despistou o treinador italiano, Massimiliano Allegri.

    A tática de empurrar a responsabilidade para o rival é velha no futebol. Mas o retrospecto é difícil de contestar. O clube espanhol já foi 11 vezes campeão.

    É o maior vencedor da história do torneio. Pode conquistá-lo pela segunda vez consecutiva, algo que não acontece desde 1990, quando o Milan derrotou o Benfica (POR) e foi bi. A Juventus tem dois títulos e seis derrotas em finais. Uma delas, em 1998, para o próprio Real Madrid.

    "Um gol que dizem que estava impedido", lembrou o brasileiro Daniel Alves.

    "Ele nem se lembra disso", rebateu o técnico do Real, Zinedine Zidane, que atuou na partida em Amsterdam há 19 anos, mas como meia da Juventus.

    O único gol daquela final, marcado pelo sérvio Mijatovic, estava, de fato, impedido.

    Maior vencedora nacional na Itália, com 33 títulos, a Juventus já foi acusada de receber ajuda de árbitros no campeonato local. Em 2006, foi rebaixada por causa de acerto de resultados. Mas na Liga dos Campeões, o time tem histórico de reclamações em jogos decisivos. Como na última final em que esteve. Em 2015, Pogba caiu na área quando a partida estava empatada em 1 a 1 e o árbitro mandou seguir. Ignorou os pedidos de pênalti.

    "Vamos jogar sem medo da história do Real Madrid. Sem medo dos títulos que ganhou. Temos de ser ousados", pediu Daniel Alves que, sozinho, tem mais conquistas na Liga dos Campeões do que a Juventus: três.

    O Real Madrid tem retrospecto de momentos milagrosos em decisões. Lances que resultaram em títulos. Como a cabeçada de Sergio Ramos, no último lance da confronto com o Atlético de Madri, em 2014, que levou a partida para a prorrogação.

    Sergio Perez/Reuters
    Football Soccer - Atletico Madrid v Real Madrid - UEFA Champions League Semi Final Second Leg - Vicente Calderon Stadium, Madrid, Spain - 10/5/17 Real Madrid's Isco celebrates scoring their first goal with Cristiano Ronaldo Reuters / Sergio Perez Livepic ORG XMIT: UK03UG
    Cristiano Ronaldo e Isco celebram gol na segunda partida da semifinal contra o Atlético de Madri

    Ou o voleio de Zidane diante do Bayer Leverkusen em 2002. Vitória construída também quando o então goleiro titular César teve de ser substituído por contusão. A sequência de defesas do substituto, Iker Casillas, garantiu o troféu.

    "A gente sabe o nível de exigência que existe no clube e a expectativa das pessoas quando se trata dessa competição", resumiu o capitão Sergio Ramos.

    A mística do Real Madrid foi construída, em parte, a partir da sequência de cinco títulos no torneio, então chamado de Copa da Europa, entre 1956 e 1960. A Juventus chegou pela primeira vez à decisão em 1973, quando acabou derrotada pelo Ajax.

    O time italiano perdeu duas finais para equipes que jamais haviam chegado tão longe (Hamburgo em 1983 e Borussia Dortmund, em 1997).

    Quando conseguiu a primeira vitória, em 1985, diante do Liverpool, o resultado foi ofuscado pelo que ficou conhecido como "Tragédia de Heysel".

    Trinta e nove pessoas, a maioria torcedores da Juventus, morreram fugindo dos ingleses. Por ter comemorado o único gol do jogo, o meia francês Michel Platini foi criticado pela própria imprensa italiana, que o acusou de ter sapateado sobre as vítimas.

    Nas ruas de Cardiff, a maioria vista é de torcedores do Real Madrid. Eles falam alto uns com os outros, soam mais confiantes. Os italianos exibem orgulhosos a camisa branca e preta da Juventus, mas de maneira bem mais contida.

    "O retrospecto é algo que temos de mudar. Não tenho muito o que dizer", se limitou a dizer Allegri, que era o técnico no vice de 2015.

    A Juventus tem armas para vencer. A partir do início das oitavas de final, a defesa levou apenas um gol. Jogou 180 minutos contra Messi, Neymar e Suárez e não foi vazada nenhuma vez pelo Barcelona.

    No ataque, a equipe tem a dupla italiana Gonzalo Higuaín, sempre questionado pelos gols perdidos, e Paolo Dybala, peça-chave na campanha até agora. Título neste sábado colocará o goleiro Buffon como candidato a melhor do mundo.

    "Higuaín não tem de provar nada a ninguém. Nós chegamos até aqui por causa de suas atuações", completou o treinador.

    Preocupada com a possibilidade de chuva, a Uefa decidiu que o estádio terá o teto retrátil fechado para a final. Nem todos os jogadores gostaram da novidade, mas Buffon, diante daquela que pode ser sua última chance de ganhar a Liga dos Campeões, deu de ombros.

    "Já joguei assim contra o Ajax, em Amsterdam, e na Copa de 2002. Não faz diferença", disse.

    O que faz diferença é ganhar. Algo que o Real Madrid se especializou no torneio continental. E se conquistar mais um título, Zidane poderá festejar em família. Ele relacionou seu filho, Enzo Zidane, 22, para a decisão. Integrante do elenco B, ele tem uma partida pelo time principal.

    Editoria de Arte/Folhapress
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