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    'Aquela final ainda dói', diz espanhol vencido por Guga em Roland Garros-97

    FÁBIO ALEIXO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE MADRI

    08/06/2017 02h00

    Otávio Dias de Oliveira - 8.jun.1997/Folhapress
    ORG XMIT: 375701_0.tif Torneio Aberto da França (Roland Garros), 1997: os tenistas Gustavo Kuerten (Guga) e o espanhol Sergi Bruguera, antes do jogo da final. (Paris, França, 08.06.1997. Foto de Otávio Dias de Oliveira/Folhapress)
    Bruguera foi conhecer Guga apenas na final de Roland Garros

    Falar sobre a final de Roland Garros em 1997 enche de orgulho Gustavo Kuerten e o tênis brasileiro. Mas é algo doloroso para Sergi Bruguera, o espanhol derrotado por Guga em uma final histórica.

    Passados 20 anos daquele 8 de junho, o espanhol ainda não superou o desgosto pela partida que lhe valeria o terceiro título em Paris -já havia sido campeão em 1993 e 1994. "Perder qualquer final dói muito, imagine então a de um Grand Slam", afirma o ex-número 3 do mundo à Folha.

    "Joguei de maneira passiva, esperando que ele cometesse erros e ficasse nervoso desde o começo, mas infelizmente não foi assim. Desde o começo Guga foi agressivo e encarou a partida com uma grande mentalidade", relembra o tenista espanhol.

    O novato brasileiro, de fato, não se enervou. Em sua primeira final de Grand Slam, despachou o bicampeão por 3 sets a 0 (6/3, 6/4 e 6/2) em menos de duas horas de partida.

    Não só a atitude de Guga pegou Bruguera de surpresa. Àquela altura tenista número 19 do ranking mundial, o espanhol admite que não tinha lá muitas informações sobre quem era Gustavo Kuerten. Na verdade, jamais havia visto o brasileiro jogar.

    O catarinense não tinha muita repercussão no circuito até decolar em Paris. Aos 20 anos, tinha um ranking modesto (66º) e ainda não havia ganhado nenhum título de primeiro nível.

    "Não o conhecia e não o havia visto jogar até a semifinal [contra o belga Filip Dewulf]. Evidentemente ninguém esperava que ele fosse campeão antes de o torneio começar. Nem eu. Era algo inimaginável", reconhece.

    Roland Garros 1997
    Relembre a campanha de Guga

    O espanhol, porém, é incisivo ao afirmar que não entrou na decisão de salto alto."Nunca me achei favorito para nada e nunca tive certeza de vitória. Respeitava todos os jogadores. Ainda mais quando está do outro lado um cara que chegou a uma final de Grand Slam ganhando de quem tinha ganhado", diz.

    Na campanha, Guga bateu nomes como Yevgeny Kafelnikov (terceiro do mundo) e Thomas Muster (quinto).

    Em 2000, o brasileiro conquistaria o bicampeonato. Ao final daquela temporada, assumiria a primeira colocação do ranking mundial. "Ser o número 1 do mundo é algo dificílimo e está claro que ele conseguiu isso por méritos próprios", analisa.

    Depois da final de Roland Garros, Guga e Bruguera jogaram mais duas vezes pelo circuito em quadra, com duas vitórias para o brasileiro. Também se reencontram em 2009 quando Bruguera viajou ao Brasil para fazer parte de uma partida festiva organizada em Florianópolis.

    "Lembro que ele estava organizando esta partida para recordar o título e me ligou. Foi uma honra e um prazer dividir aquele momento com ele. Além disso, fiquei maravilhado com a cidade", diz.

    Em que pese a dor pela perda do título, Bruguera diz ficar feliz por tudo que Guga alcançou ao longo de sua carreira e o que representou para o tênis brasileiro.

    "Vocês [brasileiros] puderam desfrutar de um grandíssimo campeão que além de tudo é uma pessoa muito boa e de grande coração e isso é muito mais difícil", elogia.

    Bruguera hoje é treinador. Aos 46 anos, administra, ao lado de seu pai, uma academia na cidade de Barcelona. Também orienta o francês Richard Gasquet, ex-top 10 e atualmente na 25ª posição.

    Ele viaja com o pupilo para quase todos os torneios pelo mundo e afirma que gostaria de se reencontrar com Guga nas competições, agora fora de quadra. Para ele, o brasileiro teria muito a acrescentar à carreira de qualquer jogador que decidisse treinar.

    Neste ano, o argentino Juan Martín del Potro afirmou que gostaria de ter o brasileiro como instrutor. Guga, porém, alegou que conduz outros projetos no momento e quer sua prioridade é se dedicar a seu instituto.

    "Creio que Guga ajudaria demais e agregaria muito ao jogo de quem treinasse. Além do mais, seria um prazer compartilhar momentos com ele", diz o espanhol.

    HOMENAGENS

    A marca de 20 anos do primeiro título de Gustavo Kuerten em Roland Garros vai lhe render diversas homenagens no Brasil e na França nesta quinta (8).

    No Rio de Janeiro, o Cristo Redentor será iluminado com as cores azul e amarelo. É uma alusão ao uniforme que o catarinense usou durante sua histórica campanha rumo ao título do Grand Slam parisiense em 1997.

    O monumento ganhará novos tons às 20h30 (de Brasília). A iniciativa tem parceria da Arquidiocese do Rio e da FFT (Federação Francesa de Tênis).

    Guga, porém, só vai poder acompanhar o evento a distância. O ex-tenista, que venceu o torneio outras duas vezes (2000 e 2001) está em Paris, onde, no próximo domingo (11) participará de solenidade organizada pelo Hall da Fama Internacional do Tênis,minutos antes do início da final masculina.

    "Acho que vou receber um anel. Não quis saber muito como vai ser porque adoro surpresas", afirma.

    Ex-número 1 do ranking mundial, Guga desfruta de grande popularidade na capital francesa.

    No ano passado, já havia sido homenageado em Roland Garros, mas por iniciativa do sérvio Novak Djokovic. Ao conquistar o torneio pela primeira vez, Djokovic desenhou um coração com a raquete sobre o saibro. Emulou, desta forma, o célebre gesto que o brasileiro fez em 2001. Presente na ocasião, Guga se emocionou.

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