Desde que o Grêmio começou a apresentar futebol vistoso e despontar como um dos grandes times da temporada brasileira, surgiu a piada com Renato Gaúcho, ele mesmo um notório tirador de sarro: quem é o assistente técnico que está pensando taticamente a equipe?

Devido à personalidade extrovertida do treinador e suas declarações de que não precisa de certificados nem de estudos na Europa para ser um grande profissional, Renato Gaúcho seria apenas a fachada de projeto de um prodígio das pranchetas.

Ainda que não passe de uma tirada e que Renato seja, claramente, o comandante de sua equipe, ele tem um braço direito que em muitos sentidos é seu oposto. Se dedica intensamente ao estudo das táticas do futebol e que, pela personalidade retraída, sofre nas mãos do treinador: Alexandre Mendes, 52, mais conhecido como "Gabeira".

Há diferentes versões para o surgimento do apelido, mas todas partem de Renato.

"O Alexandre é um cara família. Ele é fechado, travado, reservado. Já o Renato é um tirador de sarro, brincalhão. O Renato gosta muito de tirar onda do Alexandre", diz Jerônimo Barreto, Gegê, 60, massagista do Fluminense.

Como Mendes gosta de surfar, Renato –que não sabe nem nadar– estaria fazendo por meio do apelido uma associação jocosa entre o estereótipo dos surfistas como consumidores de drogas recreativas e o político Fernando Gabeira, que foi um ativista histórico a favor da legalização do uso de maconha.

A brincadeira também tem, claro, o objetivo de provocar Mendes, reservado e sério, esquivando-se, inclusive, de todos os pedidos de entrevistas que chegam até ele. Em brincadeiras, o amigo também o chama de "maconheiro".

Outra versão diz que seria uma associação com a famosa surfista Maya Gabeira, filha do ex-deputado.

"Aprendi a surfar com o Alexandre e com um amigo dele, Sérgio Filho, que era profissional. Acho que o Renato gostava de tirar onda, chamar de 'Gabeira', porque existe essa imagem do surfista que fica na praia, fuma, ouve reggae. Os dois são alguns dos melhores com os quais trabalhei. Têm fidelidade, respeito, e combinam muito. São um par perfeito", diz o ex-atacante Leandro Amaral, que trabalhou com os dois no Vasco e no Fluminense.

A dupla se conheceu em 1995, quando Renato era atacante do Fluminense e Mendes, recém-formado em Educação Física, trabalhava no clube como assistente de preparação física.

"É um casamento que deu certo. A descrição perfeita deles é que os opostos se atraem. O Renato é um gestor de elenco. Tem um olho muito bom, faz o jogador correr por ele. Já o Alexandre é muito atento nos detalhes. No olhar, já sabem o que um e o outro querem", diz Marcão, ex-volante do Fluminense que também foi assistente de Renato no clube em 2014.

"O Alexandre é mais reservado, sério. Ele não gosta muito de aparecer. Como é formado em educação física, o Alexandre sabe muito da parte fisiológica. Ele entende de campo, entende de esquema tático. Um complementa o outro", acrescenta.

Mendes e Renato costumam morar juntos ou em locais próximos quando assumem alguma equipe.

Foi em 2010 que Renato oficialmente passou Mendes de preparador físico para assistente técnico, na chegada de ambos ao Grêmio. O assistente comandou a equipe em duas ocasiões: vitória sobre o Cruzeiro por 2 a 0, em outubro de 2016, e derrota para o Flamengo por 2 a 0, em fevereiro de 2017.

Neste sábado (1º), contra o Palmeiras, no Pacaembu, a equipe poupará titulares para o jogo contra o Godoy Cruz na terça-feira (4), na Argentina, pela Libertadores. Luan, Barrios, Geromel e Kannemann, destaques, são alguns dos que não entrarão em campo.

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