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    Rating vai avaliar transparência de clubes e entidades esportivas no país

    DE SÃO PAULO

    24/07/2017 02h00 - Atualizado às 20h23

    Pedro Ladeira - 10.set.2013/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 10-09-2013, 19h30: Plenário da Câmara dos deputados durante votação da Medida Provisória 620/2013, que contém emenda que altera a Lei Pelé e tem o objetivo de definir regras e dar mais transparência às entidades esportivas. O deputado Romario (sem partido-RJ) conversa com os ex-jogadores de vôlei Ana Moser, de futebol Rai, e de Basquete Hortencia durante a sessão. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    Os ex-atletas Hortência, Raí e Ana Moser conversam com o deputado federal Romário no dia da votação, na Câmara, de emenda à Lei Pelé proposta pela Atletas pelo Brasil, entidade criada pelos ex-jogadores

    O Pacto pelo Esporte, grupo de 26 patrocinadores que condicionam recursos ao cumprimento da Lei Pelé, lança em outubro um rating de avaliação de gestão esportiva.

    Na plataforma on-line, gratuita, federações e clubes poderão fazer um autodiagnóstico com cerca de 400 indicadores. O objetivo é que o resultado ajude a atacar os pontos fracos.

    Para ter nota no rating, será preciso chamar um verificador externo. Os primeiros resultados saem em fevereiro, e vão basear decisões de investimento dos patrocinadores do pacto.

    "O rating vai dar visibilidade para o que está acontecendo nas entidades para todas as empresas e para a sociedade em geral. Você vai conseguir ver que empresa está apoiando que entidade e em que nível", diz Louise Bezerra, diretora-executiva da Atletas pelo Brasil, que trabalha na elaboração da ferramenta.

    A entidade é presidida pelo ex-jogador do São Paulo Raí, para quem a iniciativa pode colaborar com a melhoria do esporte no país.

    "As empresas se comprometerem a investir em quem é mais transparente e deixar de investir em quem for corrupto vai ser um grande passo", disse ele em entrevista à Folha.

    Também participam da criação do rating o COB (Comitê Olímpico Brasileiro), o CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro), Comitê Brasileiro de Clubes, Instituto Ethos e a consultoria EY (Ernst & Young).

    A ideia do pacto surgiu de empresas privadas, que procuraram a Atletas pelo Brasil depois que a associação conseguiu aprovar emenda à Lei Pelé que é hoje o artigo 18-A da legislação.

    A norma condiciona o repasse de verbas públicas a regras como limite de mandato de dirigentes, participação de atletas na eleição para cargos de direção, transparência de documentos e contas na gestão.

    As empresas queriam criar regras também para os patrocínios esportivos privados —a Lei Anticorrupção, em vigor desde janeiro de 2014, exige que as corporações se comprometam com a lisura de seus parceiros.

    Pelo pacto, o grupo, hoje com 24 empresas, se comprometeu a patrocinar apenas entidades esportivas e clubes que cumpram as normas do artigo 18-A. O prazo para essa adequação vence em outubro próximo.

    "Com o lançamento do rating, talvez haja uma repactuação e o prazo seja adiado para fevereiro", diz Bezerra.

    Ela argumenta que o rating vai ser uma ferramenta para que as entidades consigam saber como estão e possam corrigir suas falhas.

    "Os próprios patrocinadores estão colaborando com as entidades para que essas mudanças sejam feitas. Por exemplo, o Banco do Brasil, quando renovou com o vôlei no ano passado, levou o pacto e apresentou mudanças que deveriam ser feitas. É um processo que leva tempo, exige uma mudança inclusive de cultura."

    Ainda não há decisão sobre se o rating vai divulgar apenas notas ou detalhes sobre o resultado nos cerca de 400 indicadores.

    "Vamos discutir com as entidades o que poderia ser divulgado para fora, para que elas não sejam expostas desnecessariamente, já que elas vão aderir voluntariamente."

    Raí diz que o rating e o pacto dos patrocinadores devem ajudar no desenvolvimento do esporte. "A partir do momento que a gente conseguir ter mais transparência, você passa a tentar influenciar o esporte não mais pelo dinheiro, e, sim, pelos valores e competências de cada instituição."

    O pacto, no entanto, não deve barrar patrocínio em entidades cujos dirigentes sejam condenados por corrupção.

    Segundo Bezerra, o foco é "atacar as estruturas que permitem que esses desvios aconteçam".

    "Um dos grandes avanços do artigo 18-A é limitar os mandatos dos dirigentes a oito anos. Isso já quebra muitos dos gargalos que há para processos de desvio e corrupção. Há entidades com os mesmos dirigentes há mais de 30 anos, e são justamente as problemáticas."

    Ela diz também que o rating deve sofrer adaptações e expansões no futuro. "A intenção é sempre ser propositivo, positivo. Há um caráter de fiscalização,mas isso é pano de fundo. Para nós o mais importante é que as entidades usem e a gente veja mudanças no médio prazo."

    OS PATROCINADORES QUE FIRMARAM O PACTO

    Empresa Esportes que patrocina
    Accor -
    Aché tênis
    Banco do Brasil Voleibol brasileiro, vela (Robert Scheidt), Confederação Brasileira de Handebol, vôlei de praia ( Alison e Bruno)
    Bradesco Confederações de judô, rúgbi e vela; clube Pinheiros
    BRF
    Carrefour
    Cielo
    Centauro
    Coca-Cola
    Construtora Passarelli
    Correios tênis, handebol, rúgbi; natação, saltos ornamentais, maratonas aquáticas, nado sincronizado e pólo aquático.
    Decathlon patrocina projetos regionais
    Estácio Comitê Paralímpico Brasileiro, atletas olímpicos (Daniela Hipólito, Rafaela Silva, Marcelinho), basquete do Flamengo
    EY
    Gol Confederação Brasileira de Futebol e a Confederação Brasileira de Voleibol
    Itaú Futebol
    Johnson&Johnson
    Latam patrocina projetos regionais
    Mastercard Futebol
    McDonald´s futebol (Copa do Mundo)
    P&G
    Scielo
    Siemens
    Sky basquete (NBB), vôlei (Superliga Masculina e Feminina), vôlei de praia (etapa brasileira do circuito mundial), futebol (árbitros)
    Somos Educação rúgbi
    Vivo/Telefonica Futebol (seleção brasileira) e tênis (projetos incentivados)
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