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    Campeonato Brasileiro 2017 - Série A

    Na crise, equipes trocam treinadores novos por outros mais experientes

    EDUARDO GERAQUE
    LUIZ COSENZO
    DE SÃO PAULO

    26/07/2017 02h00

    Williams Aguiar/Sport Club do Recife
    Luxemburgo orienta a equipe do Sport durante jogo contra o Palmeiras
    Luxemburgo orienta a equipe do Sport durante jogo contra o Palmeiras

    A temporada do futebol brasileiro começou com vários clubes apostando em treinadores jovens. No entanto, más campanhas fizeram com que os dirigentes buscassem a segurança de nomes com mais tempo no mercado.

    Sete dos dez times da Série A do Campeonato Brasileiro que trocaram treinadores fizeram apostas em profissionais mais experientes.

    Saíram quase sempre os representantes da nova geração, a maioria com formação acadêmica, mas em início de carreira, e entraram técnicos com mais tempo na profissão.

    É o caso, por exemplo, do Coritiba. O time iniciou o Brasileiro com Pachequinho, 46, que fazia seu primeiro trabalho como técnico efetivo de uma equipe profissional, e hoje é comandado por Marcelo Oliveira, bicampeão brasileiro (2013 e 2014).

    "O técnico menos experiente encaixa no perfil de início de temporada. Se não der certo, você precisa buscar um nome mais experiente para colocar o time nos trilhos", diz Augusto Carreras, diretor do Sport, que apostou em Daniel Paulista, 35, no início do ano e depois no nome de Ney Franco, 51, para o Brasileiro.

    Mas acabou trocando-o por Vanderlei Luxemburgo, 65, o mais velho entre os treinadores em atividade na Série A.

    Um sinal de que a experiência etária está sendo mais valorizada agora é o crescimento da média de idade dos técnicos. Na primeira rodada era de 50 anos, agora está em 53 -sem considerar profissionais interinos.

    O Atlético-PR foi um dos poucos que inovou na troca de técnicos. Escolheu Fabiano Soares, 51, que nunca tinha treinado um time profissional do Brasil. Ele comandou equipes pequenas na Espanha e em Portugal, como Compostela e Estoril.

    PRESSÃO

    O treinador hoje mais longevo no cargo em times da primeira divisão é Zé Ricardo, 46, do Flamengo. Na função de desde maio de 2016, ele era novato em times profissionais quando foi chamado.

    Depois dele, Mano Menezes, 55, é quem está há mais tempo em seu clube. Assumiu o Cruzeiro em julho de 2016.

    "Não sou corporativista. O trabalho ruim tem que ser interrompido, mas o que é um trabalho ruim? Logo depois do 7 a 1, disse que o futebol brasileiro precisava melhorar em todos os aspectos. Se queremos que o futebol brasileiro proponha o jogo, como é a sua característica, isso precisa ser considerado", diz Mano. "É simplista dividir os treinadores entre velhos e novos".

    Editoria de Arte/Folhapress

    Para Mano, paciência e avaliação criteriosa da comissão técnica são essenciais. Ele cita o exemplo de Guardiola como referência de paciência. Na temporada passada, no Manchester City, o técnico espanhol sofreu seis derrotas.

    "Ele não mudou de mentalidade [ofensiva]. Mas terá mais uma temporada para trabalhar", afirma.

    Demitido do Sport, Ney Franco critica a avaliação técnica que os cartolas brasileiros fazem dos trabalhos.

    "Os dirigentes se preocupam com as críticas que recebem. Eles estão em grupos de WathsApp e são bombardeados por críticas de conselheiros e torcedores", afirma.

    Marcello Dias/Futura Press/Folhapress
    Rogério Ceni, demitido pelo São Paulo

    Afastado do campeonato pelo Atlético-MG, Roger Machado concorda com Franco.

    "A decisão é baseada na pressão. É um problema cultural brasileiro essa troca. Tanto a minha geração quanto a mais antiga estão contribuindo [para o desenvolvimento do futebol]", diz Roger, que treinou o Grêmio antes de trabalhar em Minas.

    Entre os dirigentes, a cultura de que mudar é preciso e a importância dos mais experientes estão em alta.

    "A vivência dos treinadores experientes não pode ser jogada fora", diz Domênico Bhering, diretor do Atlético-MG. "Era preciso mudar a filosofia", diz sobre a demissão de Roger.

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