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    Marcas de velocistas regridem entre Olimpíada e Mundial de atletismo

    PAULO ROBERTO CONDE
    DE SÃO PAULO

    15/08/2017 02h00

    David J. Phillip/Associated Press
    Justin Gatlin (dir.) vence a final dos 100 m no Mundial de atletismo de Londres
    Justin Gatlin (dir.) vence a final dos 100 m no Mundial de atletismo de Londres

    O Campeonato Mundial de Atletismo de Londres, encerrado no domingo (13), foi recordista em marcas fracas nas provas de velocidade, as mais cobiçadas da competição.

    Nos 100 m, distância mais nobre da modalidade, os vencedores tanto no masculino quanto no feminino registraram tempos piores do que nos Mundiais anteriores, em Pequim-2015 e Moscou-2013.

    Com os 9s92 que cravou para levar o ouro, o americano Justin Gatlin nem sequer subiria ao pódio dos Jogos Olímpicos do Rio-2016.

    Usain Bolt, que chegou duas posições atrás, fez seu pior tempo (9s95) em finais internacionais dos 100 m desde que passou a dominá-los, a partir de 2008. O registro foi 37 centésimos pior do que o seu recorde mundial.

    Entre as mulheres, o fenômeno foi semelhante. Se Tori Bowie tivesse feito os 10s85 que serviram para triunfar na capital inglesa na Rio-2016 ou no Mundial anterior não teria ido além do terceiro lugar.

    Em Londres, a toada de desempenhos pouco vistoso se repetiu nos 200 m, 400 m, 110 m com barreiras, 100 m com barreiras, 400 m com barreiras e o 4 x 100 m, que compõem a nata das provas de velocidade dos programas de Olimpíadas e Mundiais.

    Dos 12 campeões em tais eventos na Inglaterra, apenas dois teriam conquistado o ouro nos Jogos do Rio: o jamaicano Omar McLeod, nos 110 m com barreira (13s05), e a americana Kori Carter, nos 400 m com barreira (53s07).

    McLeod, no entanto, não ganharia a prova nos Mundiais de 2013 e 2015. E Kori venceria apenas em Pequim.

    Kai Pfaffenbach/Reuters
    McLeod conquista o ouro nos 110 m com barreira
    McLeod conquista o ouro nos 110 m com barreira

    O freio nas provas de velocidade foi apenas um reflexo de uma competição que viu apenas um recorde mundial, na prova feminina de 50 km da marcha atlética.

    Nem o argumento de que se trata de ano pós-olímpico é válido, já que em 2013 os tempos foram superiores.

    Medalhista olímpico de prata e bronze no 4 x 100 m, André Domingos, 44, atribui a queda nas performances ao maior rigor adotado pela IAAF (Associação Internacional das Federações de Atletismo) nos exames antidoping.

    "Não houve marcas aberrantes nos 100 m ou 200 m e quase nenhum recorde mundial. Por que será? Não é de se espantar. Eu dou parabéns à IAAF por bater de frente contra o doping, de quem faz uso de substância proibida", afirmou o ex-velocista.

    A relação entre tempos fracos e doping gerou irritação de Bolt na semana passada.

    Indagado a este respeito, ele afirmou que se sentiu desrespeitado com a insinuação.

    "Acho que essa questão é desrespeitosa. Acredito que, para todos nós [atletas], é desrespeitosa. Nós trabalhamos duro. Somos testados várias e várias vezes", disse ao site Globoesporte.com.

    Desde que a Wada (Agência Mundial Antidoping) recomendou a exclusão da Rússia do atletismo internacional devido à existência de um esquema estatal de dopagem, a IAAF recrudesceu o combate às substâncias ilícitas.

    Os russos não puderam disputar os Jogos do Rio e a sanção se mantém. Em Londres, alguns atletas do país receberam um indulto e competiram sob bandeira neutra.

    A entidade criou recentemente uma unidade de integridade para zelar pela lisura no esporte e implementou uma política "robusta" de controle antidoping.

    A expectativa era coletar mais de 600 amostras de sangue para compor um perfil biológico capaz de detectar a presença, por exemplo, de hormônios. Esperava-se colher 600 amostras de urina.

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