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    Em meio a amadores, atletas dos EUA ensinam futebol americano no Brasil

    EDUARDO GERAQUE
    DE SÃO PAULO

    22/08/2017 02h00

    Jayson Braga/Brazil Photo Press/Folhapress
    Abertura do campeonato brasileiro de futebol americano entre Flamengo e Botafogo Reptiles
    Abertura do campeonato brasileiro de futebol americano entre Flamengo e Botafogo Reptiles

    Assim como brasileiros encaram a aventura de jogar futebol em países exóticos, pouco acostumados à bola redonda, americanos percorrem o mundo popularizando o futebol deles, com a bola oval.

    Só no Brasil são mais de 30 atletas americanos disputando a Liga BFA (Brasil Futebol Americano), mais importante torneio da modalidade no país. Quase um por equipe.

    Em geral, eles são garimpados em sites internacionais, que reúnem currículos de jogadores que não tiveram espaço em times de elite nos Estados Unidos. São jovens, quase sempre oriundos de campeonatos universitários ou de ligas de outros países.

    Eles chegam ao Brasil com um status diferenciado dos atletas nacionais, quase todos amadores. Além de receberem salários, muitas vezes exercem papeis tanto dentro de campo, como jogadores, como fora dele, como coordenadores técnicos.

    É o caso de Alvin Reels Junior, 23, americano da cidade de Detroit, em Michigan, contratado pelo Timbó T-Rex, de Santa Catarina,atual bicampeão brasileiro.

    Reels Junior atua na equipe como inside linebacker, uma espécie de capitão defensivo. Além disso, acumula também a função de coordenador técnico defensivo da equipe.

    Divulgação
    Jogo de futebol americano do T-Rex, da cidade de Timbó (SC)
    Jogo de futebol americano do T-Rex, da cidade de Timbó (SC)

    Já o experiente Jeron Jones, 34, tem ainda mais responsabilidades. Versátil, ele atua tanto no time defensivo como no ofensivo do Cuiabá Arsenal. Além disso, é o principal técnico da equipe.

    Na temporada passada, ele foi um dos três maiores anotadores de pontos da primeira divisão nacional –vários americanos chegaram ao futebol americano nacional há mais de um ano.

    Neste ano, o time de Mato Grosso, com três vitórias, foi o primeiro a garantir a classificação para o mata-mata final do campeonato.

    Já Christian Adorno, 25, vindo de North Bergen, Nova Jersey, atua só como defensor do São Paulo Storm.

    "Em alguns anos, o futebol americano poderá ser um esporte de alto nível no Brasil. É preciso uma chance para as pessoas aprenderem e amarem o esporte", diz Adorno.

    De acordo com o jogador, que diz ter vindo para o país movido pela curiosidade, o nível técnico do jogo no Brasil está crescendo. "O futebol [americano] envolve movimentos muitos similares com outros esportes praticados aqui, como o futebol e o handebol. Tudo o que você precisa é incrementar sua agilidade e velocidade", diz o atleta.

    Para Helton Generoso, presidente do São Paulo Storm, o crescimento do futebol americano é uma realidade, mas os recursos para o esporte ainda são escassos. "Muitos pagam para jogar", diz.

    Divulgação
    No Canindé, São Paulo Storm enfrenta o Santos em jogo de futebol americano
    No Canindé, São Paulo Storm enfrenta o Santos em jogo de futebol americano

    NÍVEL TÉCNICO

    O principal objetivo das equipes com a contratação de atletas americanos é melhorar o nível técnico dos times.

    Segundo Bruno Takahashi, um dos diretores do Timbó T-Rex, o nível técnico do futebol americano do Brasil já pode ser comparado ao de alguns países europeus ou de ligas universitárias americanas mais fracas.

    "Já temos 15 anos. Nos últimos cinco crescemos bastante. Podemos nos comparar com campeonatos do Canadá e do México também", afirma o dirigente.

    O time manda os seus jogos em estádio da prefeitura de Timbó e ajuda com a manutenção do espaço. Em outros Estados, caso de Pernambuco, do Rio Grande do Norte e do Distrito Federal, o futebol americano está ajudando a movimentar as arenas da Copa do Mundo, de futebol.

    Ocorreram jogos também no Amazonas (Arena Amazonia), Mato Grosso (Arena Pantanal) e Rio Grande do Sul (Beira Rio).

    O campeonato, que começou em julho e irá até dezembro, terá um total 95 jogos, com 2.264 atletas inscritos.

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